[actualização 4/5/2013: Ritz "temporariamente encerrado"]
Quando fechou as portas, há 12 anos atrás, ainda os downloads e a partilha de ficheiros na Internet eram coisas quase de ficção científica em Portugal. Quem queria ouvir música comprava CDs e via videoclips, seguia devotamente programas de rádio ou palmilhava as rotas das salas que se abriam aos novos músicos. Agora, uma dessas casas, o mítico Ritz Clube, reabre as portas ao público com a promessa de voltar a ser uma das mais agitadas salas de concertos - das bandas portuguesas e não só -, mas muito mais do que isso.
O centenário cabaret lisboeta da Rua da Glória vai passar a ter teatro, sessões de cinema e performances, explica Ana Batel, uma das sócias do trio de amigos que resolveu dar nova vida ao espaço. E como nem só de copos e música se faz a vida, à imagem do que já sucedia no passado vai ser possível aconchegar o estômago: "Temos uma sala onde se pode comer até tarde e em Junho abriremos um restaurante na cave, no local onde havia uma garagem", prossegue Ana Batel. "Vai ter cozinha de autor, do chefe António Camacho".
A cargo do decorador Marco Sousa Santos, que manteve tanto quanto pôde a traça original da casa e alguns dos seus aspectos mais emblemáticos - a escadaria da entrada e a mezzanine do terceiro andar - a renovação passou pelo reforço estrutural do edifício. Paredes carmim marcam os ritmos do salão de dança e concertos, a escadaria da entrada e o bar de vinhos do segundo andar.
E se as noites deste Verão se anunciam escaldantes, o mesmo não sucede com o preçário: o vinho a copo vai dos dois euros e meio (o mesmo preço da cerveja) aos 5,25€. Os espectáculos são todos pagos, mas cada entrada dá direito a duas cervejas ou uma bebida branca.
Quando subirem a velha escadaria os antigos frequentadores podem sentir a falta da mistura fatal que os fez perder e ao mesmo tempo ganhar tantas noites, da patine decadente e do ambiente acolhedor e ao mesmo tempo sombrio, como descreve um bancário de 33 anos. "Boémia e luxúria", resume outro cliente habitual.
Um músico que tocou muitas vezes no Ritz com Sérgio Godinho, artista convidado para actuar na festa de inauguração - que decorreu quarta- feira, é dos que também ainda estranham o espaço: "Isto era mais tasqueiro, agora está muito Alcântara-Mar".
É verdade que o bar corrido do salão de baile onde velhas strippers se despiam no passado desapareceu, mais as pratadas de cachupa devoradas a desoras. Mas a vasta programação já anunciada mostra que a boémia veio para ficar por estas bandas. A festa de abertura ao público, quinta à noite, contou com Zé Pedro, dos Xutos e Pontapés, em versão DJ, e Luís Varatojo (Naifa, Peste & Sida).
O Ritz vai abrir às 19h de terça a domingo, prolongando as noites até às 4h e, de quinta a sábado, até às 6h. Os noctívagos agradecem. Já alguns dos moradores mais próximos temem que o desassossego tenha outra vez assentado arraiais na Rua da Glória.
Ementa Ritz
Entre as estrelas dos próximos tempos, contam-se o cantor folk Matt Elliot, com actuação marcada para 1 de Junho (12€), seguindo-se, logo no dia 2, a norte-americana Lydia Lunch (15€). No dia 29 de Junho, brilhará Matthew Herbert (25€).
Ainda em Maio, dia 18 com Jorge Palma (20€), os DJ da agência Match Attack a 19, o colectivo de hip-hop do Porto Dealema dia 20 (10€), Diabo na Cruz a 23 (12€), Linda Martini (10€) a 25, a cantora de jazz Marta Hugon a 30 (12€) ou Ena Pá 2000 a 31.
Para dia 27 está marcada a Tell Ritz, que "é mais" do que apenas uma performance (entrada a 12€). "Trata-se de uma experiência sensorial", que terá como convidados da primeira sessão os músicos Simone de Oliveira, The Legendary Tigerman, Chullage, JP Simões e Ana Deus e o humorista Pedro Tochas.
- Nome
- Ritz Clube
- Local
- Lisboa, Lisboa, Rua da Glória, 57
- Telefone
- 937900346
- Horarios
- Domingo, Segunda-feira, Terça-feira e Quarta-feira das 19:00 às 04:00
Quinta a Sábado das 19:00 às 06:00
- Website
- http://www.ritzclube.com
