Fugas - restaurantes e bares

  • Fernando Veludo/Nfactos
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O Porto de outrora, agora

Por Andreia Marques Pereira ,

É uma rua com alma de madeira e vaga nostalgia equestre bem no centro do Porto. É uma rua de passagem no roteiro noctívago da Baixa da cidade. A ligar dois pólos estruturantes da movida, a Praça Filipa de Lencastre e o Largo de Mompilher, a Rua da Picaria continua a ser o que tem sido nas últimas décadas - rua de marceneiros, carpinteiros, de lojas de móveis, com a toponímia a lembrar os cavalos de tempos idos. Mas já há brechas e o novíssimo Picarias Porto Bar nem sequer é a primeira.

É a mais recente e não renega a herança, do sítio onde está e das memórias do passado, que quer projectar no presente. "O Porto de outrora, o Porto de agora" é o slogan que nos recebe logo à entrada, em pedaço de parede ostensivamente revivalista, vinil de losangos castanhos e brancos sob letras retro. "Tentámos recriar [o slogan] no espaço", explica Marta Souto, "fazer um contraste harmonioso entre o antigo e o recente".

Mas sem programa prévio. A ideia surgiu perante a pedra exposta do espaço - que é o mesmo que dizer o granito que é o sangue do Porto -, onde funcionou uma carpintaria e depois se desejou uma galeria de arte. Mas essa, a galeria era a ideia da proprietária do local. O trio que hoje nos recebe - os irmãos Miguel e Ivo Miranda e Marta Souto - tinha outros planos. Aqui quis ancorar o seu bar, "actividade paralela às suas habilitações de base".

Quem entra encontra-se numa espécie de tasca revisitada, madeira nas mesas e bancos altos e no pequeno balcão no canto, grossas traves no tecto e paredes de granito. O espaço, invulgarmente comprido, é quase um túnel quando a sala estreita, garrafeira embutida na parede (o vinho é uma aposta declarada, com clara devoção pelo copo), e quando novamente alarga já é outra sala - o coração do bar, com o balcão principal. Arcadas, primeiro, escadas depois e portas de vidro no final demarcam as restantes áreas em que o bar se desdobra: mesas e bancos baixos na órbita da cabina de DJ e, subidos os degraus, uma zona de design explicitamente moderno. A parede do fundo é toda ela vidro a dar acesso ao último espaço, um pátio-terraço.

Quiseram criar várias zonas, explicam os sócios, para satisfazer um público que, dada a (incipiente) dinâmica da rua, contam que tenha mais de 25 anos - este foi um dos factores que influenciou a escolha do local, dentro da geografia da Baixa portuense ("era na Baixa ou nada", diz Ivo). "Nunca quisemos um espaço para vender bebidas, apenas", assumem. Por isso a aposta na versatilidade: à entrada um pequeno balcão mais virado para o exterior, com cervejas e caipirinhas como oferta dominante; uma área mais ampla para as multidões de fim-de-semana e várias zonas para conversas mais (ou menos) tranquilas.

Ao princípio da noite, as velas vão-se acendendo na escada e nas mesas. É o Picarias a mudar de traje, a assumir o seu lado noctívago. É incansável, claro: abre logo de manhã com os snacks do costume (do cachorro ao bife no pão, passando por baguetes e tostas) e uns petiscos muitos seus - veja-se a Tabuada, pão recheado com queijo, tachinho de bifanas, presunto, salpicão e azeitonas, que, asseguram-nos dá para duas e até três pessoas; segue noite fora com os mesmos petiscos mas com mais protagonismo para as bebidas. A lista está em permanente mutação, atenta aos pedidos, como pode confirmar o cliente-sósia-do-Bono, que tanto pediu cerveja preta sem álcool que agora ela faz parte da oferta. Claro que o melhor é juntar os petiscos à bebida e uma das originalidades da casa é oferecer "aperitivo à italiana", mas com produtos regionais portugueses, como sublinham - pagando a bebida, oferece-se algo para picar.

Nome
Picarias Porto Bar
Local
Porto, Vitória, Rua da Picaria, 55/57
Telefone
222085239
Horarios
Segunda a Sexta das 11:00 às 02:00
Sábado das 17:00 às 02:00
Website
http://picarias.com
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