É a mais recente e não renega a herança, do sítio onde está e das memórias do passado, que quer projectar no presente. "O Porto de outrora, o Porto de agora" é o slogan que nos recebe logo à entrada, em pedaço de parede ostensivamente revivalista, vinil de losangos castanhos e brancos sob letras retro. "Tentámos recriar [o slogan] no espaço", explica Marta Souto, "fazer um contraste harmonioso entre o antigo e o recente".
Mas sem programa prévio. A ideia surgiu perante a pedra exposta do espaço - que é o mesmo que dizer o granito que é o sangue do Porto -, onde funcionou uma carpintaria e depois se desejou uma galeria de arte. Mas essa, a galeria era a ideia da proprietária do local. O trio que hoje nos recebe - os irmãos Miguel e Ivo Miranda e Marta Souto - tinha outros planos. Aqui quis ancorar o seu bar, "actividade paralela às suas habilitações de base".
Quem entra encontra-se numa espécie de tasca revisitada, madeira nas mesas e bancos altos e no pequeno balcão no canto, grossas traves no tecto e paredes de granito. O espaço, invulgarmente comprido, é quase um túnel quando a sala estreita, garrafeira embutida na parede (o vinho é uma aposta declarada, com clara devoção pelo copo), e quando novamente alarga já é outra sala - o coração do bar, com o balcão principal. Arcadas, primeiro, escadas depois e portas de vidro no final demarcam as restantes áreas em que o bar se desdobra: mesas e bancos baixos na órbita da cabina de DJ e, subidos os degraus, uma zona de design explicitamente moderno. A parede do fundo é toda ela vidro a dar acesso ao último espaço, um pátio-terraço.
Quiseram criar várias zonas, explicam os sócios, para satisfazer um público que, dada a (incipiente) dinâmica da rua, contam que tenha mais de 25 anos - este foi um dos factores que influenciou a escolha do local, dentro da geografia da Baixa portuense ("era na Baixa ou nada", diz Ivo). "Nunca quisemos um espaço para vender bebidas, apenas", assumem. Por isso a aposta na versatilidade: à entrada um pequeno balcão mais virado para o exterior, com cervejas e caipirinhas como oferta dominante; uma área mais ampla para as multidões de fim-de-semana e várias zonas para conversas mais (ou menos) tranquilas.
Ao princípio da noite, as velas vão-se acendendo na escada e nas mesas. É o Picarias a mudar de traje, a assumir o seu lado noctívago. É incansável, claro: abre logo de manhã com os snacks do costume (do cachorro ao bife no pão, passando por baguetes e tostas) e uns petiscos muitos seus - veja-se a Tabuada, pão recheado com queijo, tachinho de bifanas, presunto, salpicão e azeitonas, que, asseguram-nos dá para duas e até três pessoas; segue noite fora com os mesmos petiscos mas com mais protagonismo para as bebidas. A lista está em permanente mutação, atenta aos pedidos, como pode confirmar o cliente-sósia-do-Bono, que tanto pediu cerveja preta sem álcool que agora ela faz parte da oferta. Claro que o melhor é juntar os petiscos à bebida e uma das originalidades da casa é oferecer "aperitivo à italiana", mas com produtos regionais portugueses, como sublinham - pagando a bebida, oferece-se algo para picar.
- Nome
- Picarias Porto Bar
- Local
- Porto, Vitória, Rua da Picaria, 55/57
- Telefone
- 222085239
- Horarios
- Segunda a Sexta das 11:00 às 02:00
Sábado das 17:00 às 02:00
- Website
- http://picarias.com