Fugas - restaurantes e bares

  • Fernando Veludo/nFactos
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Tasca revisitada

Por Andreia Marques Pereira ,

Pelo Porto, "uma tasca na rua de Trás", que é bar e casa de pasto. Entre copos e cerveja artesanal, há muitos petiscos e um ambiente informal. Na ementa, tanto podem aparecer uma alheira em folhado, foie gras com flor de sal e e açúvar mascavado ou um salmão enroladinho.

"Um dia havemos de ter um bar". Esta foi a aspiração que acompanhou durante anos dois amigos. Se calhar foi quando já nenhum pensava que se iria tornar realidade que finalmente surgiu o "bar" no Porto. 

"Aos 50 anos", sublinha Paulo Vilas-Boas, um dos sócios-amigos (o outro é Luís Violas). "E, afinal, não é bar, é sítio onde as pessoas vêm comer." Uma ironia, esta Trásca - o nome é um compósito e resume tudo,"uma tasca na rua de Trás" -, que é bar na origem e casa de pasto na prática. "Aconteceu ao contrário", nota Paulo; que é como quem diz: "saiu-nos o tiro pela culatra". E isso é afirmado entre risos porque sabem que esse tiro foi mais ou menos um jackpot. Na realidade, têm a "reputação dos petiscos".

E os petiscos nem estavam no projecto original desta Trásca que abriu mesmo a tempo do S. João de 2011, num canto discreto da discreta rua de Trás mesmo junto ao Largo dos Lóios. Estamos, sem estar, na Baixa portuense noctívaga - a órbita é a dos Clérigos mas o lado é o oposto da movida: "adoram" estar nesta espécie de margem, tão próximo (uma curta caminhada) e tão longe (sem multidões e músicas cruzadas). "Cerca de 80% dos nossos clientes seguem para a Baixa. E nós muitas vezes também."

O projecto original, dizíamos, era um bar, afinal "é mais fácil servir copos e dá mais lucro", refere Paulo Vilas-Boas. Um bar de cerveja artesanal (mesmo a de pressão; a posteriori chegaram as "mini", a única intromissão) e de vinho, "do Douro". A cerveja (a saber: Bitburger, Erdinger, Chimey, Duvel, Guiness, DeuS) para "marcar a diferença"; o vinho para defender "o que é daqui".

Mas quando os amigos pediam uns petiscos para acompanhar os copos, Paulo arranjava sempre uma alheira e coisas que tal. Daí à primeira carta, foi um saltinho; daí até esta "espécie de restaurante" foi o tempo do passa-palavra. "Espécie" porque aqui reina a cultura do tapeo mais do que da refeição ortodoxa - pratos e talheres são de sobremesa. E Paulo avisa para não se esperarem grandes doses.

O horário na porta marca as 18h para abertura; na prática acontece mais perto das 19h. "Não temos horário fixo", assume Paulo, o sócio que está na Trásca a tempo inteiro - e o cozinheiro de serviço. Sabe-se que quando o tempo está bom, frente à fachada nasce uma pequeníssima esplanada de cubos variados, tipo dados ou colagens de caricas, por exemplo.

Essa espécie de irreverência quase infantil reflecte-se no visual deste Trásca, onde os pratos, os guardanapos e os individuais são desirmanados e isso é um estilo, onde os pedidos são escritos a giz nos individuais na parede do bar; onde há um bengaleiro recolhido do lixo. E há o ramo que pende sobre o balcão, onde se penduram, à laia de árvore de Natal profana, os objectos esquecidos, que incluem gorros e pulseiras.

É exígua, a Trásca, que vive de um certo improviso que acompanha o seu "desenvolvimento natural" - se há almofadas nos degraus é porque os clientes se começaram a sentar ali. A primeira parte da Trásca inclui mesinhas baixas, onde nos sentamos quase no chão ou nos degraus - que são poucos e dão acesso à sala onde um punhado de mesas compõe a oferta. As paredes têm ora azulejos-e-tinta ora pedra, incluindo arcadas para nenhures, chapas de zinco onduladas (na outra encarnação, o espaço era uma "tasca") e tectos de madeira pintada de branco.

É aqui que se dirige quem busca petiscos, sobretudo, servidos até às 2h. À hora do jantar, a atmosfera é mais disciplinada. A música acompanha o ritmo da noite - começa com lounge, "nunca barulhenta ou alta" e depois vai-se soltando no rock e tocando a electrónica. Mas o ritmo é mesmo marcado pelos petiscos que Paulo cria ou recria e aos quais dá nomes tão originais que todos solicitavam explicações sobre pratos.

Tanto que Paulo optou por fazer nova carta - no mesmo suporte, os antigos cadernos onde os merceeiros assentavam os "deve" e "haver"- onde descreve cada uma das iguarias. Só assim percebemos a mais recente novidade da ementa: fatias de presunto de pato, com redução de maracujá e piri-piri, acompanhado de biscoitos de sésamo e guacamole. O "Patinho feio", portanto. Trásca


Alheira, foie gras e fondant

De petisco em petisco, a Trásca é tradicional e contemporânea. A alheira pode ser servida com grelos e ovo ou em folhado recheado, por exemplo; mas atente-se em pratos como o foie gras com flor de sal e açúcar mascavado ou o pato confitado com cebola frita e um pouco de molho de ostra em cama de alface iceberg - há ainda hambúrgueres e pregos ("pequeninos"), salsicha alemã e Camembert dourado, salmão enroladinho, pimentos Padrón e tortilha, por exemplo (entre 1,70€ e 5,70€).

Na ementa não falta a sopa do dia (1,20€), as tostadas (entre 3,50€ e 3,90€), como a "Trásca", fatia de pão de trigo, azeite, pasta de alho, bacon, tomate, rúcula e mozzarella no forno, e as sobremesas (3,45€ a 3,60€), o fondant de chocolate, a tarte de leite condensado e chocolate e a de limão.

Nome
Trásca
Local
Porto, Vitória, Rua de Trás, 16
Telefone
222081648
Horarios
Segunda a Sábado das 19:00 às 02:00
Website
https://www.facebook.com/trasca.porto
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