Salsa, toranja, lima, framboesa, laranja, alecrim, gengibre, pepino, pétalas de rosa, mirtilos, amoras. Para já não falar das até agora desconhecidas azeitonas arbequina (uma variedade muito popular em Espanha) e haba tonka (nome exótico para uma especiaria com aroma a baunilha vinda da América tropical). Mesmo os esperados zimbro e limão não chegam para compensar a ignorância (quase) total nesta matéria: quem esperaria que tudo isto coubesse num copo de gin? Nós, mais do que ignorantes, ímpios nos assumimos - gin tónico era a única variação que conhecíamos. Até descobrirmos o The Gin Club (Porto) e percebermos que vivíamos em obscurantismo total. Afinal, o gin vai com muito mais do que a (banal) água tónica: vai com especiarias e frutos, com flores e ervas. E aqui temos 168 gins, quase todos premium, para descobrir as melhores aromatizações.
Podem não vir bons ventos, nem bons casamentos, mas de Espanha vem um hábito que os portugueses parecem estar a receber de braços abertos - e copo estendido. O gin é quase uma instituição no país vizinho e aqui está na moda. E se falamos de Espanha entre tantos países onde o gin é protagonista, é porque este The Gin Club que abriu em Outubro é resultado de uma parceria ibérica, que teve (tem) uma primeira paragem na Póvoa de Varzim. É Miguel Camões, o gerente, que fala dos seus sócios espanhóis como "vindos de uma cultura diferente" - foi ela que suscitou a ideia que teve o seu preâmbulo no Plastic Deluxe Club, na Póvoa de Varzim. Aí ensaiou-se uma carta de 30 gins premium para medir a receptividade: "Em seis meses passou a ser a bebida mais vendida." E foi daí que veio a ideia de "apostar mais no gin", tanto "em espaço como em abrangência da oferta". Daí a transferência para o Porto, onde há "um público mais vasto".
E assim estamos na Rua de Cândido dos Reis, "zona de excelência". Num ambiente que se pretendeu "sofisticado", feito de "espelhos e cromados" abriu o The Gin Club, a 12 de Outubro, com uma oferta de 162 gins; vai nos 168. Este é um bar temático e eles estão alinhados dentro do balcão espelhado, em cinco filas, como num pódio, e exibem-se numa estante à laia de mostruário, transparente e espelhada. "A nossa ideia não é coleccionar", assegura Miguel Camões, "vamos comprando sempre que se adeque a nós". Algumas dessas compras são feitas "às cegas", sem prova. "Muitos gins são importados directamente por nós e às vezes fazêmo-lo baseados nas descrições." Os gins, explica, distinguem-se pelos botânicos - um é obrigatório, o zimbro; depois há uma série de outros que entram e distinguem os vários gins. A aromatização serve o gin realçando os botânicos nele existentes: "Deve ser sempre complementar, não a estrela."
Se algumas aromatizações são "universais", o The Gin Club surpreende os seus clientes todas as semanas com aromatizações próprias - é o chamado "gin do fim-de-semana". No resto do tempo, a lista sugere escolher gins "que melhor se ajustem ao perfil" de cada um - é uma lista reduzida, atendendo ao contexto, dividida entre "secos", "frescos e cítricos", "aromáticos", e "doces e frutados". Alguns exemplos: o Martin Miller"s com limão e haba tonka, o Hendricks com pepino e pétalas de rosa, o G"Vine com uva e gengibre. A par destes, há os gins de serviço - os únicos não premium da casa, embora, sublinha Miguel, essa seja uma linha ténue.
E como um bom gin também deve ir sempre alinhado com a água tónica certa, também a elas é dada alguma atenção, com uma escolha entre algumas premium, como a Q Tonic e a Schwepps pimenta rosa. O cliente conhecedor chega e "pede exactamente as marcas que quer", de gin e água tónica; a maior parte, porém, "vem à descoberta".
Para desfrutar a bebida, o The Gin Club oferece-se em dois espaços. O que nos recebe por detrás de montras onde se alinham garrafas de gin, o principal, é mais propício a degustações calmas, entre conversas - um sofá negro acompanha a parede diante do balcão, com mesas redondas defronte e cadeiras de formas excêntricas; no tecto, um enorme lustre; nas paredes, ecrãs de televisão acendem-se em molduras feitas de caixas espelhadas. O espaço traseiro, não sendo uma pista de dança, finge bem: uma bola de espelhos preside a tudo - e tudo é um pequeno balcão, a mesa do DJ e outras altas.
E qual é o melhor gin da casa?, queremos saber. Ficamos sem resposta, "mesmo entre cem seria difícil dizer". O mais caro, então? O Citadelle Reserve (20€). O mais barato ou o mais caro, contudo, será servido em copos que passam previamente por uma máquina que os gela, assegurando que o gelo demora mais tempo a derreter e, portanto, não compromete o sabor do gin. Que, já vimos, é rei e senhor aqui: o nome não engana.
- Nome
- The Gin Club
- Local
- Porto, Cedofeita, Rua de Cândido dos Reis, 70
- Telefone
- 962448739
- Horarios
- Terça a Sábado das 18:00 às 02:00
- Website
- http://www.facebook.com/theginclubbaixa
