Fugas - restaurantes e bares

  • “Quero fazer as coisas que comia em Itália
    “Quero fazer as coisas que comia em Itália", diz Marcello Di Salvatore Bruno Almeida
  • Bella Ciao Cantina Italiana
    Bella Ciao Cantina Italiana Bruno Almeida
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    Bella Ciao Cantina Italiana Bruno Almeida
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    Bella Ciao Cantina Italiana Bruno Almeida

Marcello cozinha como em casa “della mamma”

Por Alexandra Prado Coelho ,

Uma tasca da Baixa lisboeta deu lugar a uma tradicional cantina italiana, a Bella Ciao, pela mão de Marcello Di Salvatore, um italiano com saudades da comida da sua infância.

A televisão está sintonizada num canal italiano e nas mesas corridas à nossa volta sentam-se italianos, falando animadamente enquanto enfiam os garfos em pratos de massa. Numa mesa individual, um rapaz faz um desenho num caderno de bolso. Na cozinha, que parece pequena demais para ele, Marcello Di Salvatore, de lenço vermelho enrolado à cabeça, faz sair pratos de massa, de almôndegas, e doses industriais do delicioso tiramisú da casa. De vez em quando estende a mão com o polegar para cima, como quem interroga: está bom?

Tem sido assim, casa praticamente sempre cheia, desde que inaugurou a Bella Ciao Cantina Italiana, na Rua do Cruxifico, na Baixa de Lisboa, ocupando o mesmo espaço onde anteriormente tinha funcionado uma tasca portuguesa. As portas abriram no Verão e, com pequenos retoques, a tasca transformou-se numa cantina igual às casas familiares que existem em Itália. “Qui si mangia come a casa della mama!”, anuncia-se. E pronto, é isso, não há outro segredo aqui.

Marcello, natural da região de Abruzo, já tinha trabalhado em restaurantes na Alemanha onde fez “um pouco de tudo”, desde lavar os pratos até ser barman. E fartou-se de ver restaurantes italianos que servem uma comida que não existe no país onde nasceu. “Almôndegas com esparguete? Não existe um prato desses em Itália”. Aqui, no Bella Ciao, há almôndegas, sim, mas são feitas com um molho de pimentos, e não trazem esparguete.

Ficou 13 anos na Alemanha, numa zona próxima do Reno, “uma janela para o mundo”, onde os autocarros despejavam turistas a todo o momento. Gostava da vida aí, e comia comida italiana em casa - mas constantemente indignado com o que via nos restaurantes supostamente italianos, onde “usavam dez ou quinze coisas juntas num prato e depois este não sabia a nada”.

Até que decidiu aceitar o convite de um amigo para vir a Portugal e começou a trabalhar com ele numa empresa que recupera prédios antigos. Foi assim que um dia entrou na antiga tasca portuguesa da Rua do Crucifixo. E a velha ideia de fazer um restaurante regressou em força.

Mas o espaço era “muito pegajoso”, as paredes “tinham azulejos de casa-de-banho”, o chão estava sujo, e, claramente, era preciso mudar alguma coisa. Só que o orçamento era curto. Marcello recorreu a alguns amigos - as paredes do Bella Ciao cobriram-se então de jornais italianos envelhecidos por um verniz, e de réplicas de cartazes publicitários da Itália dos anos 50. Toalhas aos quadrados vermelhos e brancos nas mesas, caixas de vinho (português) a forrar o balcão, massas italianas na montra... e a tasca transformou-se em cantina.

A abertura foi atribulada porque Marcello partiu um braço e teve que recorrer a outro amigo para o ajudar, mas a coisa fez-se. Na ementa, garante que não inventa nada. “A minha cozinha é simples e fiel ao que se come em Itália, tudo genuíno, tudo fresco. Não compro nada em quantidades industriais para não sobrar para o dia seguinte. Nem sequer tenho congelador. Faz-se tudo na hora”.

A lista, em italiano e português, apresenta pratos como orecchiette com brócolos; paccheri (massa em forma de tubos) com borrego; escalopes com molho de tomate, alcaparras, salsa e alho; pasta com molho BellaCiao, feito de alcachofra, carne picada e cebola; risotto com cogumelos; ou linguine con baccalà (“queria que as pessoas experimentassem uma receita de massa italiana com bacalhau”, explica). “Tudo é feito por mim”, diz, orgulhoso, declarando-se um apaixonado pelos programas de gastronomia que passam na televisão (a italiana, claro). No final do almoço, depois de termos pedido uma pana cotta, insiste que temos que experimentar o tiramisu, levíssimo, que rapidamente se tornou um dos grandes sucessos da casa.

Apesar de estar aberto há apenas quatro meses, o Bella Ciao já conquistou clientela fiel. Entre os que entram para almoçar há alguns que - percebe-se pela conversa - já são habituais. Outros vêm por curiosidade, trazidos por amigos que já conhecem o novo espaço. A Time Out apareceu logo no início e o artigo na revista foi um chamariz. E depois a notícia correu. “Todos os italianos de Lisboa vêm aqui”, declara Marcello. “É porque aqui se come como em Itália. É uma satisfação para mim”. Com pratos a sete euros, a relação qualidade preço também parece agradar. “São preços de cantina”, sublinha.

A lista vai mudando, seguindo a inspiração de Marcello, mas alguns pratos já se tornaram clássicos da casa, e os clientes não deixam que desapareçam da lista. “Não vou inventar muito”, repete o italiano, bem disposto. “Quero fazer as coisas que comia em Itália. Quero fazer uns cannelloni buonissimos como fazia a minha mamma”.

Nome
Bella Ciao Cantina Italiana
Local
Lisboa, São Nicolau, Rua do Crucifixo, 21/23
Telefone
210935708
Horarios
Segunda-feira, Terça-feira, Quarta-feira, Quinta-feira e Sexta-feira das 11:00 às 15:30 e das 18:30 às 00:00
Domingo e Sábado das 18:00 às 00:00
Website
http://cantinabellaciao.wix.com/bellaciao
Preço
10€
Cozinha
Italiana
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