Fugas - restaurantes e bares

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Farto de sandes? Ponha à prova o cone português

Por Vânia Marinho ,

“A minha avó é do tempo em que se comia no prato e eu estou farto de sandes”. É com esta provocação que se apresenta o conceito do Cone à Portuguesa, que promete encher cones de sabores lusos, de alheira a porco preto ou bacalhau. Fomos até ao Príncipe Real, em Lisboa, para provar e falar com os criadores, que se preparam para expandir o negócio.

“É só tirar um guardanapo e come-se como um gelado”, apressa-se a explicar Emília Ferreira que é funcionária no Cone à Portuguesa e mãe de Luís Filipe Ferreira - designer de moda e um dos autores desta ideia, desenvolvida em parceria com Inga Neves, cozinheira de hotelaria. E este cone já pegou: não só o pequeno espaço que abriram em 2013 na rua do Século, no Príncipe Real, se enche como, em breve, contam abrir um segundo local, desta vez num centro comercial (o Alegro, em Alfragide).    

Luís e Inga têm por hábito assistir à programação de culinária do canal de televisão norte-americano Food Network. Num desses serões de televisão ocorreu-lhes que gostariam de abrir um negócio do tipo rulote de comida. Meteram-se na cozinha a experimentar receitas e Luís saiu-se muito bem com um cone de massa de pão - “a massa ficou bem à primeira”, explicam à Fugas. Ficou pronto a servir o conceito; iriam servir sabores bem portugueses em cones de massa de pão.  

São esses cones que agora atraem muitos a esta casa. Logo à entrada, um aviso. “É uma casa portuguesa com certeza!”O espaço não tem mais de 11 metros quadrados e Luís explica que, apesar de até ter lugares sentados para oito pessoas, a ideia é que funcione na óptica grab & go, ou seja, que possam comer o cone na rua, a andar ou mesmo no jardim que está ali a dois passos - hábito que “ainda não está muito na moda em Portugal”, lamentam.

Os sócios da casa explicam que queriam fugir “à moda das sandes e dos hambúrgueres”. Também não tentam representar pratos portugueses nos seus cones, explica Inga, mas sim os sabores lusos, “trabalhados à sua maneira” num espaço de “inspiração 100% português”, acrescenta Luís.

Toda a decoração e materiais do local foram inspirados na tradição portuguesa. Azulejos verdes, madeiras, ardósia, representação em vinil de azulejos, com inspiração palaciana captada em Sintra, que representam dois cones. Uma das paredes está coberta com círculos de troncos de árvore - troncos apanhados na mata ao pé de casa destes amigos e cortados por Luís, que tratou de toda a bricolagem e design. Inga é a responsável pela combinação dos sabores dispostos em camadas nos cones.

Não faltam fiéis e quem entre à descoberta. Quando por lá passámos, encontrámos dois clientes em estreia, por mero acaso o criador de moda Nuno Gama e o cabeleireiro Yohann Peres. Confessam-nos que gostaram do espaço, dos cones e do conceito prático. É uma “óptima iniciativa para a cidade que revitaliza também o bairro”, resume Gama, que além de mais é vizinho, com loja próxima.  

É uma “viagem pelos sabores portugueses num formato novo”, descreve Luís Filipe. Tanto podemos ir pelo Ilha da Sardinha (com sardinha, queijo da ilha, pimento, tomate e cebola) com dar um salto ao Mirandês (com alheira, frango, espinafres e queijo da serra) ou ir por um passeio mais Selvagem (com uma mistura de cogumelos, queijo de cabra e um pesto artesanal). A viagem pode também passar pelo Alentejo: o Alentejano inclui mesmo porco preto desfiado - depois de assar durante 5h, garantem - além de queijo da região e legumes. Mais fresco e estival é o Quintal, com frango, queijo fresco, tomate, alface, rúcula e molho de citrinos.  O menu prossegue com variações de presunto e queijo da Serra (o Serrano, que também mete rúcula e tomate cereja) ou ainda bacalhau desfiado (o Pescador, a que se junta queijo da Ilha, cebolada e espinafres). A lista é vasta e pronta para agradar vários gostos, até dos mais pequenos (é pedir o Traquina, com fiambre, queijo flamengo, linguiça e tomate picado).

“Tu queres é cones!”

O aviso surge numa fotografia do eléctrico 28 a passar junto à Sé de Lisboa bem por cima da pequena cozinha onde se preparam os cones. Os ingredientes já estão dispostos e prontos a colocar no cone. São produzidos todos os dias, sublinham. Os cones são feitos uma vez por semana.

O menu vai mudando com o tempo: para a colecção de Inverno há algumas novidades. Numa casa com “sabores acolhedores que nos fazem sentir em casa”, como descreve Inga esperam-se cones de camarão, vitela à Lafões e um de leitão. Para completar o reportório têm os “acompanhantes de luxo”: gomos de batata assada com ervas aromáticas ou os legumes frescos com molho de citrinos que entretanto serão substituídos por legumes assados no forno (batata doce roxa e cenoura). Chamam-lhes acompanhantes de luxo porque, explicam, quiseram usar a batata portuguesa, em vez das comuns batatas fritas, que consideram “um produto superior”.

Para os gulosos também não faltam os doces. Aqui, para já, há duas escolhas, a serem reforçadas em poucos meses. O Príncipe feito de massa folhada e preenchido com creme pasteleiro artesanal e vagem de baunilha; e o Frade, com maçã de Alcobaça caramelizada, canela e creme de baunilha. As novidades passam por um cone de mousse de chocolate e um de requeijão com doce de abóbora.

Na nova loja a abrir já em Fevereiro no Alegro vão contar com mais ofertas a nível de pastelaria e salgados. Também uma sopa do dia - a juntar ao menu Cone do Dia (cone, acompanhamento e bebida: 5,15 euros). Estão a estudar também a possibilidade de abrir um franchising no Porto e de concretizar o desejo de abrir na Baixa-Chiado e no Cais do Sodré. E, talvez, até muito mais além: “primeiro um cone em cada esquina, depois o estrangeiro”, espera Luís.

Se faz parte dos que estranham o cone, saiba que até a própria mãe do dono ficou inicialmente de pé atrás com a ideia. Mas assim que provou, diz-nos Emília Ferreira, agora também responsável pelo ambiente familiar e de bairro que a casa mantém, a sua dúvida passou a ser outra: “como é possível entrar um sabor assim num cone?”. 


Preços
Os cones podem custar entre 3,95€ e 4,95€, em tamanho mini entre os 2,95€ e 3,85€. Os gulosos podem custar 1,75€ (Príncipe) e 1,95€ (Frade). Acompanhantes de luxo por 0,45€, menu de degustação (2 cones mini, acompanhante e bebida) por 7,50€. Limonada especial (com abacaxi, laranja, limonada e hortelã) por 1,40€, cerveja 1,25€, refrigerantes 1,40€, vinho a copo por 1€ ou café 0,60€.

Nome
Cone à Portuguesa
Local
Lisboa, Mercês, Rua do Século, 224
Telefone
915660484
Horarios
Segunda-feira, Terça-feira, Quarta-feira, Quinta-feira, Sexta-feira e Sábado das 12:00 às 00:00
Website
https://www.facebook.com/ConePortuguesa
Cozinha
Contemporânea
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