Chegamos numa tarde quente e o sol ilumina a pequena esplanada de cadeiras e mesas brancas — mais um indício da simplicidade que impera pelo Espiga, que não usa artifícios e aposta numa individualidade muito própria e não imitada. Inês Viseu e Hugo Moura, “os sócios a tempo inteiro”, dão-nos as boas-vindas. Logo à entrada somos convidados a desfrutar de uma pequena sala, que em breve será um salão de chá, com a toalha vermelha e a flor branca numa das mesas, bem à moda tradicional e a fazer lembrar a casa das nossas avós. “O espaço nunca está pronto, porque achamos que o conseguimos tornar sempre mais agradável, confortável e atraente”, afirma Hugo. E a verdade é que o Espiga está instalado na Rua Clemente Menéres desde Janeiro mas o projecto está em constante mutação. Fecharam-no em Maio para remodelar o jardim interior, em Junho reabriram as portas com mais primor e preparados para não deixar a decoração em paz. Aqui e acolá, um novo elemento, num processo infinito de imaginação.
O imóvel onde hoje cresce este Espiga estava abandonado e quando veio parar às mãos do casal o entulho era o rei e senhor. Inês e Hugo aproveitaram cada pedaço do que lhes chegou às mãos e agora já pensam em utilizar alguns dos azulejos encontrados durante as obras de requalificação para criarem um painel. No jardim, têm a Amélia, a Magna e a Palitos como donas da área — as árvores que lá plantaram recentemente.
Até se aventurarem no Espiga, nem Inês nem Hugo tinham tido qualquer ligação à área da restauração. Ela é formada em Farmácia, ele em Arquitectura. No percurso de cada um cruzaram-se a fotografia e a cultura, pontos de ligação que nunca deixaram de integrar o projecto a dois. É por isso, também, que o Espiga é um Espaço de Imaginação, Gosto e Arte.
Cultura à parte, este é também um espaço de comidas e bebidas. O “Respigado”, nome com que foi baptizada a ementa, dá-nos a garantia de que aqui ninguém passa fome. Na sala de estar/jantar, por entre os móveis antigos com livros em cima e a clarabóia, onde o sol espreita a cada passo e movimento, Inês e Hugo explicam que os cogumelos recheados, as tostas, o bacalhau e a alheira vegetariana são alguns dos pratos com mais saída. “As pessoas vêm duas vezes perguntar ‘Mas é mesmo vegetariana?’”. Sim, é mesmo vegetariana, garantem os dois em sincronia.
No capítulo dos doces, o bolo de cenoura com cobertura de chocolate, o cheesecake de frutos vermelhos e uma “sanduíche” de gelado (“É bolo com gelado no meio, mas a receita ainda está a ser afinada”, conta Inês) prometem alegrar o palato até aos que não apreciam sobremesas. No campeonato das bebidas, os sumos naturais, os chás e o café artesanal reinam durante o dia, já a vodka de sumo de laranja natural promete agitar a noite. Até porque quando as horas vão longas o ambiente no Espiga modifica-se — as luzes baixam e as bebidas espirituosas conjugam-se no paladar de muitos. Até ao fecho da casa, o bar e a cozinha funcionam em conjunto e sem restrições, o que quer dizer que quem pretende beber um copo ou levar um grupo de amigos a jantar, pode fazê-lo a qualquer momento.
Entrar e sair do Espiga sem parar é quase impossível. As fotografias no corredor convidam a momentos de contemplação: de momento, são imagens das minas de São Pedro da Cova no pós-25 de Abril que roubam as atenções.
Texto editado por Sandra Silva Costa
- Nome
- Espiga
- Local
- Porto, Cedofeita, Rua Clemente Menéres, 65A
- Telefone
- 934214308
- Horarios
- Domingo, Terça-feira e Quarta-feira das 12:00 às 00:00
Quinta-feira, Sexta-feira e Sábado das 12:00 às 02:00
- Website
- https://www.facebook.com/espigagaleriabar