Dois andares, uma decoração moderna e sóbria, com uma colecção de potes de louça branca e azul e candeeiros cilíndricos de cor vermelha (dá sorte ficar sentado debaixo de um deles), que identifica claramente o restaurante como chinês ao mesmo tempo que o distingue dos outros. O The Old House, com quase mil metros quadrados e quatro salas privadas no andar de cima (com painéis pintados evocando as quatro estações) pertence a três sócios, Jin Jianqing, He Sha e Yang Cao, que vivem em Portugal há já vários anos e são amigos dos donos da cadeia The Old House que na China tem já 33 restaurantes.
O do Parque das Nações é o primeiro que abrem noutro país, mas é muito semelhante aos que existem na China e segue as mesmas regras de fidelidade à cozinha genuína de Sichuan. Aliás, os dez cozinheiros que trabalham na cozinha – que pode ser vista parcialmente a partir da sala do piso térreo – vieram todos de Sichuan.
Os empregados de mesa, portugueses, sabendo que muitos clientes entram aqui à espera dos tradicionais arroz chao chao, crepes chineses ou daquele clássico dos clássicos, a “família feliz” (uma mistura de verduras, carne e peixe que, diz-se, de tão variado, deixa sempre felizes todos os membros da família), começam por explicar que esta é uma cozinha diferente, avisando que o picante é dominante na maioria dos pratos. Aliás, o primeiro a chegar à mesa é um pratinho pequeno com cubos de carne de porco picante que servirá de medida para avaliar o que cada um é capaz de aguentar.
As malaguetas são essenciais nesta cozinha, aparecendo quer misturadas no óleo usado para cozinhar quer frescas ou secas. A elas juntam-se o alho e o gengibre, também pilares da gastronomia de Sichuan, tal como os amendoins, e a famosa pimenta-de-Sichuan, que provoca uma leve dormência na boca, numa sensação que é ao mesmo tempo picante e fresca (semelhante ao jambu do Pará brasileiro, embora menos intenso). A conjugação da sensação provocada pela pimenta-de-Sichuan (ma) e a malagueta (la) resulta no chamado sabor mala.
Esta é uma comida de camponeses pobres, mas feita numa região a que chamam “a terra da abundância”. Um dos clássicos incontornáveis desta cozinha é a carne de porco em dupla confecção (primeiro cozida, depois salteada), acompanhada por alho francês e temperada, entre várias outras coisas, com pasta de feijão fermentado.
A não perder também neste The Old House a salada de algas temperadas com alho, o frango à Old House e a sopa Kung Fu, uma espécie de canja retemperadora (e que sabe muito bem no meio da intensidade dos outros pratos) servida num bule de chá e numa pequena taça. Há ainda o tofu seco desfiado, com aparência detagliatelli mas uma textura muito diferente. E os extraordinários peixes assados, um mais picante, o outro menos, mas ambos com uma apresentação de fazer virar as cabeças quando chegam a uma das mesas.
O menu – para já apresentado num iPad, mas que em breve existirá também em versão impressa – está organizado como acontece na China: pratos frios, pratos quentes e acompanhamentos. E, atenção, porque os acompanhamentos podem chegar já perto do fim da refeição – não por algum engano na cozinha mas porque é assim que acontece na China.
Querendo manter tudo o mais genuíno possível, o restaurante começou por não ter doces como sobremesa, porque os chineses comem apenas fruta no final da refeição. No entanto, por causa de alguma pressão dos clientes portugueses, há agora duas sobremesas na carta e é possível que surjam mais uma ou outra. Mas, garantem, estas serão as únicas cedências. Tudo o resto é 100% chinês.
- Nome
- The Old House
- Local
- Lisboa, Santa Maria dos Olivais, Rua da Pimenta, 9 (Parque das Nações)
- Telefone
- 218969075
- Horarios
- Todos os dias das 12:00 às 15:00 e das 19:00 às 23:00
- Website
- https://www.facebook.com/theoldhouseportugal
- Preço
- 20€
- Cozinha
- Chinesa