A marginal entre as praias de Francelos e de Valadares está uma animação, ou não estivessem os dias a convidar a banhos de sol e de mar. E foi entre estas pequenas vilas, plantadas mesmo à beira-Atlântico, que um Brasil moderno, com cheiro a café e fruta fresca, nasceu. Pelas mãos e paixões de Vinícius Sousa, português, filho de mãe brasileira, uma antiga loja na marginal de Valadares deu origem ao Vik’s Bar & Coffee Shop. Um espaço aberto à experiência e à novidade, feito para que “os portuenses percam o medo de experimentar novas coisas”, que podem ir do simples “tomar outro café para além do habitual” ou experimentar novos sabores.
A oferta está à vista: na carta, renovada há cerca de duas semanas, está disponível quase uma dezena de cafés, vários doces brasileiros caseiros e a lista de sumos naturais vai além do conhecimento de um comum europeu. Acerola, cajá, cupuaçu e graviola são algumas das opções para os sumos naturais de fruta, a que se juntam os sabores a morango, manga e abacaxi, entre outros frutos que chegam mais facilmente a Portugal. A novidade vem, por isso, das raízes e experiências de Vinícius no Brasil, de onde trouxe também a especialidade da casa, açaí na tigela. A particularidade do Norte brasileiro, feita a partir das bagas de açaí comuns na Amazónia, parece conquistar mesmos os mais tímidos nesta coisa das experiências de sabores.
Este medo do desconhecido é o principal inimigo de Vinícius, reconhece o próprio. Aquilo que podia ser uma lição de um conto infantil, é, para este jovem, um facto consumado: “As pessoas têm medo do desconhecido. Chegam cá assustadas, com receio de experimentar e saem satisfeitas”, mas custa-lhes dar o passo para cá chegar e “sair do café habitual, onde já conhecem tudo”.
É com uma energia contagiante que o jovem gere, num ambiente familiar com a companhia da mãe, a coffee shop durante a tarde — esta não ao estilo de Amesterdão — e o bar durante a noite. Aberto das 14h às 2h às sextas-feiras e sábados, este espaço teria muito para ser one man show: Vinícius é o jovem por detrás do balcão, o dono da ideia e do bar, o decorador, o designer (a meias com a namorada) e quem dá o próprio nome ao espaço. Vik é a alcunha que amigos e família lhe deram e o próprio escolheu como cartão de convite para o café e bar.
Licenciado em Redes Informáticas, deixou Lisboa há cinco meses — depois de ter passado pela restauração na capital, no Algarve e de um período de regresso ao Brasil — já com a intenção de abrir o seu próprio café, “aquilo que é mesmo uma paixão”, na zona do Porto. Foi atrás de um Porto que considera “mais autêntico” do que a capital, onde “o mercado saturado roubou a genuinidade da cidade”.
Tanto como o menu se renovou ao fim de quatro meses, é provável que pelo Vik’s as coisas não fiquem iguais por muito tempo. O jovem quis introduzir algo novo na panóplia de bares e cafés que por estes anos se têm implantado nos arredores da Invicta e a sua aposta passa por dar mais e melhor do que o cliente quiser. A oferta de tostas e sandes servem de exemplo: à experiência, tinha apenas tostas mistas e torradas de manteiga; hoje, o menu tem quatro tipos de cada, arriscando a conjugação de sabores, entre as frutas e os salgados.
Ao fim de quatro meses, já se vão sentando nas cadeiras e nos sofás deste espaço, decorado como um “espelho da personalidade” de Vik, os clientes habituais. Pedem sobretudo o café Oreo e o café Kitkat, ambos uma espécie de “caixinha-surpresa” do menu e ao mesmo tempo os “modelos” preferidos das fotografias que Vinícius partilha de forma assídua nas redes sociais do bar. À noite, a tendência são as misturas de fruta com vodka e whisky (Panties Unleashed e Sex Queen), ao som de uma playlist que vai do indie rock ao reggaeton.
A entrada está ainda escondida, mas a mudança pode estar à espreita. À frente, junto à varanda em que os puffs convidaram um grupo de amigos a sentar-se à conversa, o jovem espera construir uma esplanada fazendo uso do relvado que se estende até à Avenida Infante Sagres. Talvez ao estilo do Hot Jazz, em Lisboa, talvez venha ele próprio a inventar uma nova forma de estar num café ao ar livre. Certa é a mesa de bilhar que já convida a entrar no espaço e a mesa de matraquilhos que anima a sala interior.
É neste interior, mais recôndito, onde a luz natural insiste em entrar, que todos os sábados músicos convidados ocupam o palco e a guitarra. Até ao final de Julho, o cartaz está fechado e Fernando Barros é o músico que se segue, já este sábado.
Texto editado por Sandra Silva Costa
- Nome
- Vik’s
- Local
- Vila Nova de Gaia, Vila Nova de Gaia, Avenida Infante Sagres, 783
- Telefone
- 918 877 380
- Horarios
- Segunda-feira, Terça-feira e Quinta-feira das 14:00 às 00:00
Sexta-feira e Sábado das 14:00 às 02:00
e Domingo das 14:00 às 23:00
