Fugas - restaurantes e bares

O Topo desceu aos Terraços do Carmo

Por Mara Gonçalves ,

Um ano depois de nascer no alto do centro comercial do Martim Moniz, o Topo desceu aos Terraços do Carmo para fazer-se larga esplanada, com bar e restaurante. Lisboa continua à varanda, mais portuguesa que nunca.

“Sabia que faz hoje 28 anos que ardia o Chiado?” A pergunta surge fortuita numa conversa alheia, mas nem por isso menos oportuna. Estamos a meia subida em direcção aos Terraços do Carmo, localizados nas costas do antigo convento lisboeta, e foi precisamente com este miradouro que, no ano passado, se concluiu o projecto de recuperação da área afectada pelo incêndio de 1988. Um ano depois da inauguração, o miradouro desenhado por Siza Vieira é agora a nova esplanada da cidade. E, coincidência das coincidências, também ela celebrava um mês de abertura nesse dia.

Na verdade, a inauguração oficial do Topo Chiado — o segundo espaço da marca que nasceu em 2015 no alto do Centro Comercial do Martim Moniz — só acontece na próxima quinta-feira, mas há cocktails e petiscos a serem servidos desde 25 de Julho. Um soft opening que de suave “não teve muito”, confessa o sócio-gerente Pedro Neto Rebelo. As notícias em revistas e blogues deram uma ajuda, a localização e “a visibilidade que isto tem” fizeram o resto. “Ultrapassámos os três mil cocktails vendidos no primeiro mês”, contabiliza o responsável.

A faixa de relva com espreguiçadeiras coloridas salta à vista do alto do elevador de Santa Justa. Ocupa o nível mais baixo dos três terraços, acessível por uma longa rampa, e é íman de turistas. “Chama imenso a atenção lá de cima e tem sido das coisas que os clientes mais gostam”, conta Pedro Neto Rebelo. Para já, é a única zona onde ainda não existe serviço de esplanada, mas a ideia é fazer ali “um bar de gins”. Enquanto isso não acontece, surge como espaço de descontração por excelência. “Já apanhámos pessoas a dormir, a apanhar sol, a namorar.”

No piso intermédio, situa-se um “bar mais lounge” e a mesa de som. Da calçada portuguesa brotam aqui cadeirões em flor, mesas baixas e cadeiras, com um agradável espaço entre elas. Já no terraço superior, fica o restaurante e um bar de apoio, com capacidade para cerca de 100 pessoas. Na carta, reinam as entradas. Destacam-se a burrata com tomate cherry, os croquetes de porco lento, os rolos de chouriço com trufa ou os carpaccios. Para prato principal, há bifes variados, bolo do caco com atum ou chapata de rabo de toiro bravo.

O Topo Chiado fica escondido nas costas das ruínas do Convento do Carmo mas é quase impossível não dar por ele na rota do elevador de Santa Justa. São, por isso, muitos os turistas que aqui chegam, “especialmente durante o dia”. “À noite, temos mais portugueses, mas a percentagem de estrangeiros acaba por ser maior”, conta Pedro Neto Rebelo. “No Topo do Martim Moniz devem rondar os 30%, aqui varia entre 50 a 60%.”

Ainda assim, este “tem mais Lisboa”, defende. É a cidade que se faz parede, chão, horizonte. O rosto do histórico elevador nunca sai de cena, com o seu braço a servir uma das entradas aos terraços. Lá em baixo, a fila para subi-lo chega ao corrupio da Rua do Carmo; a afamada luz de Lisboa ilumina, ao longe, o formigueiro de turistas no castelo de São Jorge. Brilham os telhados das colinas, as fachadas de azulejo dos prédios à nossa frente. Ouve-se fado sussurrar ao longe. E, por agora, a sombra ainda é tímida, mas em breve as ruínas do Carmo deitar-se-ão sobre o calor impiedoso, guardando o sol sobre a nova esplanada da cidade. Toca o relógio do convento, ainda que os ponteiros já não se mexam.

No Topo do Martim Moniz, estamos de olhos na multiculturalidade da praça mas entre o cosmopolitismo das grandes cidades. Aqui, o cenário não podia ser mais português. E essa é a principal diferença entre os dois espaços, defende Pedro. “No outro, muitos clientes dizem que parece que estão em Nova Iorque ou em Londres porque tem uma arquitectura diferente e pouco usual [na cidade]. Aqui o espaço é mais aberto e está mais identificado com Lisboa”, compara. 

Em harmonia, a programação cultural incluirá muito fado contemporâneo, mas também cinema ao ar livre ou vários DJ. Uma aposta que trazem do primeiro Topo, assim como “o ambiente tranquilo e informal” e a extensa carta de cocktails e mocktails (sem álcool). Pela carta repetem-se as receitas do primeiro bar, com nomes sugestivos como melodream (gin, meloa, manjericão, pepino e sumo de limão), fly me to Cuba (rum, frutos vermelhos, lima e hortelã) ou naughty girl (vodka, morango, coco e baunilha).

Mais Topo a caminho

O projecto dos Terraços do Carmo já previa que ali se instalasse um restaurante com serviço de bar e esplanada. A pastelaria Versailles ainda lhe tomou o pulso, com uma cedência temporária concedida pela autarquia de Lisboa, mas agora é o Topo que ali está para ficar. “A pessoa que ganhou o concurso público [para a concessão do espaço] fez uma parceria connosco, com a gestão e o nome do Topo”, conta Pedro Neto Rebelo. 

Quando a proposta surgiu, não houve como recusar. O primeiro projecto “estava a correr bem”, havia vontade de diversificar e este é “um sítio que só por si vende, com esta vista fantástica”, enumera o responsável. Mas a ideia é não ficar por aqui. “Queremos alargar, ter possivelmente mais dois ou três espaços.” Em Lisboa, já está “identificado um sítio”, embora o negócio ainda não esteja confirmado. Se tudo correr bem, nascerá em 2017. 

O objectivo é continuar a abrir espaços localizados em “topos de prédios” — é essa “a ideia” — mas a panorâmica agora poderá voltar-se para o rio. E, quem sabe, não será um dia o Douro à janela. “Um dos sócios está sempre a dizer para abrirmos no Porto. Se encontrarmos um sítio exclusivo, temos essa vontade.” Para já, certo é que o primeiro Topo vai crescer para o apartamento vizinho e alargar-se a todo o piso. “Vamos ser mais restaurante”, avança, apontando a conclusão da obra para “o início de Dezembro”.

Até lá, o Topo Chiado é a nova coqueluche do grupo e, apesar de ser maioritariamente ao ar livre, promete estar aberto o ano todo. “Vamos arranjar o espaço interior, que deve dar para umas 40 pessoas sentadas, e na esplanada vamos ter aquecedores e cobertores.” A agenda cultural arranca em Setembro e a carta também deverá sofrer alterações para se adaptar à nova estação. É que, defende Pedro, “o Inverno também é um bom desafio”.

Preços: comidas: entradas entre 4,50€ e 20€; pratos principais de 17€ a 25€; sobremesas a 4,50€; bebidas: mocktails (sem álcool) a 4,50€; cocktails a 8€; água a 2€; refrigerantes a 3€; cerveja e cidra a partir de 2,50€; vinho a copo 4€ e garrafa desde 17€; brancas e whisky entre 5,50€ e 20€; licores e aguardentes de 4€ a 17€.

 

Nome
Topo Chiado
Local
Lisboa, Lisboa, Terraços do Carmo (entrada pelo Largo do Carmo ou subindo o elevador de Santa Justa)
Telefone
213420626
Horarios
Domingo, Segunda-feira, Terça-feira e Quarta-feira das 12:00 às 01:00
Quinta-feira, Sexta-feira e Sábado das 12:00 às 02:00
Website
http://www.topo-lisboa.pt
--%>