Fugas - restaurantes e bares

  • Adriano Miranda
  • Adriano Miranda
  • Adriano Miranda
  • Adriano Miranda

Há mariscos e peixes e também reina a animação

Por José Augusto Moreira ,

Não sendo daquelas marisqueiras vistosas e de ar fidalgo, no Restaurante Primavera há frescura e sabores marinhos para todas as estações. E também uma certa algazarra, que parece agradar à clientela diversificada e faz parte do estilo da casa.

Há de tudo e sempre fresquinho! Não é um pregão, mas é o que em regra ouvirá o cliente quando interpelar o serviço sobre os produtos mais aconselháveis. De tal forma, confidenciaram-nos, que muitos se habituaram já a designar o Restaurante Marisqueira Primavera pelo diminutivo de “Fresquinho”.

Claro que nem sempre há de tudo, mas as opções de peixes e mariscos são alargadas e até nada comuns para um restaurante que está bem longe do cheiro a maresia e dos ambientes de pesca. Fresquinho, fresquinho, também é. Mas sem que isso obrigatoriamente implique que tenha vindo directamente da lota. Em muitos casos, algum descanso no frio é até aconselhável, e tanto o produto como o cliente só têm a ganhar com isso.

Há oferta variada de mariscos e peixes, que são a especialização da casa, mas há que dizer também que não se trata de uma daquelas marisqueiras vistosas e de ar fidalgo. Longe disso. O aspecto é até mais o de um vulgar snack-bar de subúrbios, que não prima pelo desafogo de espaço e ambiente depurado, e onde reina por vezes uma certa algazarra que parece também fazer parte de um estilo e dinâmica muito próprios.

“Seja bem aparecido e será bem servido”, assim reza o cartão da casa assinado pelo “gerente Joaquim”, e lá fomos, em duas visitas intervaladas por mais de uma semana. Há “mariscos” e “peixes”, mas também algumas “carnes” e propostas para “lanches e ceias”.

A oferta de mariscos vai das ostras à lagosta e lagostim, passando pelas percebes, amêijoas, navalheiras, sapateiras, camarões e os inevitáveis tigres grelhados, com os preços por quilograma a variar entre os 20€, das ostras, e os 90€, do lagostim. É também proposta uma omeleta de camarão (12,50€) e arroz ou açorda de mariscos (20€).

Arrancámos com o camarão da costa (90€/kg), de aspecto brilhante e apelativo, cozedura correcta e sabor a maresia, que deixou logo uma boa impressão de partida. Mesmo que à mistura com as manifestações entusiastas da clientela (e staff) que iam seguindo o futebol pelos ecrãs colocados a um e outro canto da sala.

Alheias ao jogo, as gambas cozidas (50€/kg) tiveram também boa prestação. Leve resistência ao dente, picante a puxar pelos sabores e complemento em tostinhas de pão e uma maionese contida. Do mesmo modo, bem amanhadas as amêijoas (18€/500g), gordas, babosas, cozinhadas à Bulhão Pato e com o mesmo acrescento sápido e de picante contido.

Foi na segunda ronda que se provaram as sapateiras recheadas (30€kg) e um espécime de 1,2kg serviu para confirmar a mão certa da cozinha para lidar com estes crustáceos. Cozedura rigorosa, produto em evidência e equilíbrio de sabores.

Os peixes grelhados tanto podem acompanhar com batata a murro, cozida, ou os tão apreciados arrozes malandros. A carta propõe garoupa, pescada, cherne, linguado, rodovalho e dourada, com preços que oscilam entre 12 e 20€ por dose. Provou-se a garoupa (16€), tendo sido facturadas duas doses por duas postas. Trabalho de grelha bem executado, carnes húmidas e suculentas, que se juntaram a saboroso arroz de grelos. Mas duas doses para duas postas, nem altas nem grandes, o mínimo que se pode dizer é que não deve reforçar muito a confiança do cliente.

Correcto, isso sim, o trato culinário nos filetes de pescada (14€) que, sem desmerecer, deixaram também a impressão de poder contradizer o diminutivo que caracteriza a casa. 

A lista propõe ainda o cozido de pescada, o polvo na brasa, a cataplana de peixes e, claro, o bacalhau assado na brasa. Por estes dias há também um papelinho acrescentado à carta a informar que “há lampreia à bordalesa”, pagando-se 80€ pelo bicharoco e 30€ por cada dose.

Com clientela diversificada e multifacetada, esta marisqueira oferece também carnes, que passam pelo bife do lombo, picanha e costeleta de vitela, até aos lombinhos com champignons, escalopes e ossinhos na brasa. As doses podem custar de 12,50€ a 16€.

A vocação abrangente e o ambiente de snack-bar justificam-se também com as propostas para “Lanches e ceias”, com prego no pão, fêveras e panadinhos, punheta de bacalhau, pratinho de polvo ou bolinhos de bacalhau. Preços de 5€ a 12,50€.

Nas sobremesas, destaque para o “bolinhol”, uma variante local de pão-de-ló com cobertura de açúcar, que tem como alternativa frutas e ainda outras doçarias de produção industrial.

Mesmo em contexto que não prima pela exigência, seria de esperar algum critério e variedade na oferta de vinhos. Nos verdes, pelo menos, que são da região e particularmente adequados para as especialidades da casa. Vinhos do catálogo básico de Alentejo e Douro, numa ausência de critério que fica bem patente no caso dos espumantes, com um tinto como única proposta da Bairrada.

Esta Primavera conquista-nos pelos peixes e mariscos, a que junta uma cozinha atinada e que parece fazer milagres face às condições em que trabalha. Encolhida atrás do balcão, em convivência com a sala e embalada pelo ruído da exaustão que em horas de aperto parece pronta a levantar voo.

Quanto ao serviço, naquele estilo intrusivo e em que o ruído reforça a convicção de eficácia, parece funcionar como uma mais-valia. E se a clientela aprecia, assim é que está bem!

Nome
Restaurante Marisqueira Primavera
Local
Guimarães, Creixomil, Av. de Londres, 242 (entre o Hospital e o Estádio D. Afonso Henriques)
Telefone
253 095 099
Horarios
Domingo, Segunda-feira, Terça-feira, Quarta-feira, Quinta-feira, Sexta-feira, Sábado e Feriados
--%>