Fugas - restaurantes e bares

  • Nelson Garrido
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A Afurada está mais próxima e muito mais apetecível

Por José Augusto Moreira ,

Instalado na marina de recreio, o restaurante Carvão é um espaço moderno e acolhedor, voltado ao rio, e com uma gastronomia ancorada no calor das brasas e do forno.

Agora que já entrámos em Junho e se vai à Afurada sem ser pelo São Pedro, apetece quase dizer que as festas populares são quando um homem quer. Não que haja sardinha assada durante todo o ano — pelo menos da boa, a pingar no pão —, mas antes porque a vila piscatória do outro lado da foz do Douro está cada vez mais próxima. Há melhores acessos, renovadas travessias fluviais e vão aparecendo também restaurantes e casas de petiscos que convocam à visita com maior frequência. 

Por tudo isso, e mesmo sem mudar de sítio, a Afurada está agora bem mais próxima e povoada. Não por qualquer efeito directo do fenómeno de globalização, mas também porque as trupes de turistas a vão também descobrindo e explorando. Ajuda ainda a moderna marina de recreio, em cujos edifícios de apoio se instalou o restaurante Carvão, um espaço moderno e acolhedor, voltado ao rio, à foz e a uma gastronomia ancorada no calor das brasas. Com uma carta onde aos peixes da oferta de mercado se juntam algumas “especialidades no carvão”, massas e “pizzas no carvão”, também as propostas para entrada, mariscos e snacks se apresentam como um bom complemento. Ou mesmo alternativa, se a ideia é apenas petiscar ou acompanhar uma bebida, enquanto se contempla o movimento dos barcos, o pôr de sol sobre o mar ou o vai-e-vem da marginal no lado oposto.

As instalações são amplas, de linhas modernas e depuradas, paredes de vidro no piso superior, onde funciona o restaurante, e espaço aberto ao nível inferior, que funciona como bar ao longo de todo o dia. Está-se bem, com vistas e contexto de absoluto privilégio.

Na hora de almoço, quando também é proposto um “menu executivo” (12,50€), optámos pela partilha de algumas entradas. Há também a sopa do dia e uma outra de peixe (2/4€), mas avançou-se directamente para as gambas crocantes (7€), em cinco unidades de belo efeito visual e idêntica satisfação. Depois do polme, são enroladas num fio de batata (tipo esparguete) que depois da fritura confere o efeito crocante que se envolve com o molho agridoce que acompanha.

Boa escolha também com a tábua de charcutaria e queijos (9€), com presunto, salame e salpicão do lombo de grande qualidade, queijo de cabra de pasta mole, de vaca e ainda finas fatias de manchego. Bem apresentado e em quantidade generosa. Igualmente de origem  genuína transmontana a alheira no forno (5€), que antecedeu o carpaccio tradicional (9€) com carne de bovino tenra e suculenta, rúcula e raspas de queijo.

Para finalizar a partilha entradeira, a focaccia portuguesa (6€), uma especialidade da casa, de aspecto rústico e sabor profundo. Base de pão ainda com aromas de forno, coberta com queijo, grelos, linguiça e ovos estrelados, mais uma vez em tamanho generoso.

Entre entradas e snacks, as propostas alargam-se a perto de 30, onde se encontra desde os tradicionais bolinhos de bacalhau e tripas enfarinhadas às vieiras coradas ou brioche de salmão fumado com molho de funcho (1,25 a 10€).

A par dos peixes do dia e das cinco propostas de massas (10/13€), as 15 propostas de “pizzas no carvão” (7/12€) reforçam a vocação de uma cozinha de forno que é a alma da oferta culinária, entre as tradições portuguesa e italiana.

As especialidades de bacalhau à Braga (26€) e cataplana de mariscos e peixe fresco do dia (30€), que parecem mais vocacionadas para encontros de família e afins, complementam os pratos “no carvão”, que oferecem polvo, bacalhau, costelinhas, costeletão e posta marmoriada. Partilhou-se o bacalhau no carvão (25€), com posta completa e de lombo alto, batata a murro, grelos salteados, ovo cozido e cebola. Sempre convincente e tipicamente português, quanto mais não seja pelo tamanho avantajado. Mesmo para cinco, não foi tarefa fácil.

Nota alta também com o polvo, macio, suculento e saboroso, mesmo que o ambiente de forno lhe retire os aromas marinhos, Mas dá, em alternativa, os do calor e carvão, que também cativam e satisfazem.

A posta marmoriada (24€) é um naco de excelência de carne bovina maturada, onde a brasa no forno faz avivar os aromas e realçar o sabor das gorduras. Fica mesmo marmoriada, suculenta e de sabor guloso. Podia acompanhar com outra coisa que não repetisse a batata a murro e grelos, mas há que convir que dificilmente um cliente prova mais que um prato na mesma refeição.

Sobremesas gulosas e de boa confecção, a crer no exemplo do competente crumble de maçã (3,75€), que acompanhou com gelado de baunilha e concitou agrado generalizado.

A juntar às vistas de privilégio e contexto acolhedor, o restaurante Carvão também convence pela oferta gastronómica diversificada, onde a competência da cozinha se associa à criteriosa escolha de produtos.

Na onda moderna, embora nem sempre agrade a todos, as mesas estão nuas, com os guardanapos de algodão e os talheres colocados numa conveniente caixinha. Serviço de copos correcto, para uma oferta de vinhos alargada e criteriosa, se bem que dificilmente se encontre um produtor de fora das dominadoras regiões do Douro e Alentejo. Mesmo assim, boas propostas e algumas até de produções alternativas.

Mesmo sem olhar ao São Pedro e aos festejos populares, o restaurante Carvão promete compensar a passagem pela Afurada. Tanto melhor se for com tempo e puder desfrutar ainda da travessia do Douro nos populares barquinhos de passageiros. Depois do cais, o percurso marginal mostra o cais das embarcações de pesca, o parque dos aprestos e da preparação das redes, até à moderna marina de recreio, em cuja extremidade sul está o restaurante. Vai ver que o passeio vale a pena e vai apetecer voltar. Afinal, a Afurada está mesmo mais chegada ao Porto.

Nome
Restaurante Carvão
Local
Vila Nova de Gaia, Vila Nova de Gaia, Rua da Praia, 602 - Douro Marina
Telefone
967 937 297
Horarios
e
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