Como o almoço estava sossegado, perguntei ao Paulo Morais, que me conhece, se, em vez de um dos menus, me poderia propor uma degustação. Vou tentar explicar como foi, mantendo a sequência de serviço: cornucópias estaladiças de sésamo recheadas com caranguejo real; cestinhos de wonton com salada de manga temperada com cebolinho; tataki de atum, com molho ponzu, rábano fresco e wasabi fresco, lima e cebolinho, conjunto excelente; nigiri de lírio, quer dizer fatias de peixe servidas sobre arroz branco; tempura de caranguejo de casca mole, com um molho adocicado e outro de malaguetas, assunto sério, makimono moriwasi variado: rolos de arroz, cintados com alga ou sementes de sésamo, recheados com caranguejo de casca mole, atum, salmão, manga, pepino, um festival; gyoza vegetarianos, recheados com pasta de manjericão e acompanhados por cogumelos japoneses e sementes de mostarda; bacalhau fresco grelhado com miso e companhia de pickles de pimentos vermelhos, cebola e cenouras.
Seguiram-se dois caris excelentes: vieiras com espuma de caril indiano, sendo que este, além de suave, era muito aromático e de textura amanteigada, servido com rebentos e castanha de caju; e um caril verde tailandês, pungente e fresco, com camarão salteado, miniaturas de maçaroca de milho, curgete, tomate cereja, coentros frescos, hastes de aipo e arroz, que bom que estava; quase a terminar, com o picante a subir, o bolgoki, um prato coreano de carne de bife, pickles de couve chinesa, feijão verde, espargo verde, cebolinha nova, maçaroca de milho miniatura e cogumelo japonês, muito saborido; o final, apaziguador, foi um rolo de papel de arroz com camarão, molho de maçã e hortelã fresca.
A sobremesa foi um bem imaginado bolo de especiarias, espuma de lassi de manga e gelado de pistácio e cardamomo. Às vezes, lêem-se queixas de falta de sobremesas em restaurantes de cozinhas orientais. A explicação é simples. Excepção feita à Índia e, de alguma maneira, à Tailândia, não há grande tradição de doçaria em tais paragens. Bebeu-se, de uma carta de vinhos que privilegia os brancos, os mais recomendáveis para sabores maioritariamente agridoces e picantes, o belíssimo Covela de 2008 (16 euros). Os preços dos petiscos situaram-se entre os 4 e os 8 euros cada. Custo total da refeição: 72,60 euros. Há vinho a copo e cerveja japonesa à pressão. O serviço informa sobre a composição de cada prato e é simpático na dose certa. O Umaï é um restaurante muito recomendável.
Alguns dos nossos
Entre Maio e Agosto, meses sem erre, estamos em plena época dos caracóis. Pouco prezados a Norte do Mondego, os caracóis são petisco muito procurado em cervejarias, esplanadas, tascas e tabernas lisboetas, alentejanas e algarvias. A cerveja é a bebida de eleição para acompanhar os caracóis. Os pequeninos são os mais consumidos, mas as caracoletas, sobretudo grelhadas, servidas com um molho de manteiga, mostarda e malagueta, também têm os seus adeptos.
Em Lisboa, a casa com mais fama é O Filho do Menino Júlio dos Caracóis (o petisco é servido apenas entre as 16h00 e as 22h00; Rua do Vale Formoso de Cima, 140-B, Marvila, Lisboa; telefones: 218 596 160; 936 470 077). Mas há outros lugares que, apesar de não terem tanta fama, servem caracóis muito apaladados. O tempero base, além de sal, são orégãos, alho, folha de louro e azeite. Mas há quem abuse e use chouriço, cubos de caldos sintéticos e mais, prejudicando o sabor delicado dos gastrópodes.
Recentemente, comi caracóis muito bons na Cervejaria Boa Esperança (Av.ª Gomes Pereira, nº 3-A, Lisboa; telefone: 217 142 341), que tem a particularidade de só abrir às 15h00 e ter uma oferta alargada de petiscos, entre eles amêijoas, percebes, gambas, sapateiras, perninhas de rã, moelas grelhadas, pica-pau; no Benfica Grill (Rua dos Soeiros, 319 C, Lisboa; telefone: 210 388 805); no Tonga Restaurante Tasca (Av.ª do Uruguai, 26-A, Benfi ca, Lisboa; telefones: 215 051 351; 918 203 365), onde os petiscos são servidos a partir das 17h00: caracóis, patatas bravas, moelas estufadas, uns excelentes pastéis de feijão da Fábrica Coroa, de Torres Vedras, entre outros, e bebidas a preços amigos; e o Pomar de Alvalade (Rua Marquesa de Alorna, 21 C, Lisboa; telefone 218 497 460), cujas paredes estão cheias de fotografais de Paulo Bento, antes de ser treinador. O molho dos caracóis desta casa é dos que têm mais do que os temperos clássicos, daí que muitos não resistam a ensopar nele uns papo-secos.
- Nome
- Umaï
- Local
- Lisboa, Lisboa, Rua da Cruz dos Poiais
- Telefone
- 213958057
- Horarios
- Segunda a Sexta das 12:30 às 15:00
Terça a Sábado das 19:30 às 23:00
- Website
- http://restauranteumai.blogspot.com
- Preço
- 30€
- Cozinha
- Fusão
- Espaço para fumadores
- Não