Fugas - restaurantes e bares

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Mesa requintada com vista para o mar da Foz

Por David Lopes Ramos ,

O restaurante Shis, que faz parte da nova constelação restaurativa portuense, tem tudo para agradar à clientela: localização invejável, conforto, decoração inspirada, serviço simpático e uma cozinha saborosa, com notas de requinte e criatividade.

A localização deste restaurante Shis é privilegiada, com o mar agitado e cheio de vida da Foz dentro da sala devido a um achado de decoração do inspiradíssimo Paulo Lobo, que é um espelho de grandes dimensões no lugar da parede do fundo, o qual reflecte a imagem que entra pelas janelas rasgadas sobre o Atlântico.

A ilusão é perfeita, contribuindo para tanto a escolha de cores neutras para as paredes e cortinas, o ambiente é informal, o conforto é notório, há uma esplanada para os dias calmos, onde funciona um bar e para onde o restaurante se alarga, se for caso disso. Não surpreenderá que o lado mais cosmopolita do Porto goste do lugar e esgote a lotação, sendo, por isso, prudente fazer marcação prévia de mesa.

As mesas têm dimensões adequadas, as alfaias estão bem, os vinhos e respectivo serviço ocupam um lugar relevante na oferta do Shis,com destaque para a amplitude dos vinhos a copo, portugueses e estrangeiros, cujas características são bem descritas. O serviço de mesa, simpático, poderá e deverá melhorar no respeitante ao conhecimento dos pratos por quem os serve. Os chefes de cozinha deverão empenhar-se mais na preparação dos empregados sobre este particular. A insuficiência está longe de se restringir ao Shis, sendo raros os restaurantes portugueses deste nível de qualidade e preço que dêem a esta questão a importância que ela merece. Tanto mais que há pratos que precisam de explicação bem fundamentada, em razão da variedade e, em certos casos, do exotismo dos produtos que entram na confecção e devido à sofisticação desta.

E o principal, a cozinha, de que é responsável o chefe António Veira? Tem qualidade elevada, o quanto baste de sofisticação e de surpresa, tem cores, aromas e sabores. É uma comida saborosa, que não se limita aos efeitos. A propaganda do Shis chama-lhe de "fusão", por possibilitar a partilha de "uma saborosa refeição japonesa com uma cozinha internacional confeccionada de uma forma requintada". É verdade que há um balcão onde, à vista dos clientes, operam dois especialistas em "sushi" e "sashimi", as especialidades vedetas japonesas da cozinha do cru, cada vez mais na moda num mundo em que crescem os adeptos do que é natural e próximo da Natureza. Mas para quem vive nesta parte do mundo, comida implica transformação dos alimentos pelo fogo. E no Shis pratica-se esta modalidade com competência. Cozinha de "fusão" e "internacional"? Pode ser, na falta de melhor caracterização, embora o primeiro conceito ande por aí usado a trouxe-mouxe e o segundo seja encarado com desconfiança, pois dá para tudo.

A cozinha do chefe António Vieira pareceu-me antes tecnicamente muito segura (pontos de cozedura impecáveis dos espargos (7 euros),das vieiras grelhadas (12 euros), das variações de "foie gras" (12 euros), com terrina, mousse e escalope grelhado, trio excelente, do risoto do dia (10 euros), ou do filete de robalo, das lulinhas (produto difícil, pois rapidamente fica com uma textura semelhante a pastilha elástica e que se apresentaram tenríssimas e saborosas) e do lombinho do porco (a 18 euros cada), valorizadora das características dos produtos, o que, além dos casos citados, também pôde ser apreciado num carpaccio de robalo (12 euros), a lembrar-nos que os italianos e, já agora, os peruanos com o ceviche e, até, os espanhóis com os seus biqueirões em vinagrete, também sabem navegar nas águas do cru.

Os acompanhamentos valorizam os legumes frescos, em geral bem trabalhados. No capítulo das sobremesas experimentaram-se, com agrado, um queijo da Serra (5 euros) decente, a "panna cota", o semifrio e a tarte Tatin (todos a 5 euros cada). Neste sector, cada doce é acompanhado pela sugestão de um vinho (generoso ou doce natural).

Pela amostra pode dizer-se que o chefe de cozinha António Vieira usa as citações culinárias com parcimónia, o que só lhe fica bem. Daí a pergunta: risoto porquê? Não terá na sua memória gustativa nenhum arroz português que, devidamente trabalhado e adaptado ao espírito do lugar, mereça integrar a carta do Shis? Tem, com certeza.

Independentemente de o risoto servido se ter apresentado no ponto perfeito de cozedura e sem excesso de gorduras (manteiga, queijo, natas), o que é muito raro suceder entre nós. Bebeu-se, com grande prazer, e foi um bom acompanhante de todos os pratos, o Soalheiro 2007 (18 euros). O da colheita de 2008 já por aí anda e é de tal modo vibrante e mineral que parece que estala na boca!

Nome
Shis
Local
Porto, Foz do Douro, Praia do Ourigo - Foz do Douro
Telefone
226189593
Horarios
Todos os dias das 12:00 às 02:00
Website
http://www.shisrestaurante.com
Preço
18€
Cozinha
Internacional
Espaço para fumadores
Sim
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