Fugas - viagens

Carlos Manuel Martins

À vela, para os que são mesmo amantes do mar

Por Maria José Santana

Diferem, em quase tudo, dos "hotéis flutuantes". Começando, desde logo, pelo papel activo que cada viajante tem a possibilidade de assumir na vida a bordo. Maria José Santana conta-lhe por que é que os grandes veleiros estão a conquistar cada vez mais adeptos

Não têm casinos, salões de baile, nem spa - e também não seriam a mesma coisa se os tivessem. Distinguem-se dos "gigantes dos oceanos" pelo simples facto de poderem proporcionar ao viajante um verdadeiro contacto com o mar e a vida a bordo. Motivo mais do que suficiente para levar cada vez mais turistas a optar por um cruzeiro a bordo de um grande veleiro - já ouviu falar em tall ships?

São a opção de eleição para quem não dispensa uma dose de aventura q.b e contacto mais próximo com o mar - haverá imagem mais idílica do que a de estar à borda de um veleiro a ver os golfinhos a desafiar a velocidade da embarcação? O passageiro tem a possibilidade de assumir um papel activo, participando nas manobras com as velas ou tomando contacto com as operações na ponte de comando. E nem sequer precisa de ser um entendido na matéria. Ainda que não saiba distinguir bombordo de estibordo, a viagem poderá funcionar como um autêntico curso de navegação e da arte de velejar.

A bordo de grande parte dos grandes veleiros que se dedicam a viagens de cruzeiro também encontrará comodidade e até algum luxo, mas apenas na dose necessária. A sua verdadeira diferença assenta nas experiências de vida que proporcionam aos passageiros, e que vão muito para além dos retratos fotográficos que ficam da viagem. E importa não esquecer esse último, mas deveras importante pormenor: estes barcos gozam de uma beleza extrema quando estão com as velas içadas ao vento.

Pronto para subir a bordo? Então prepare-se para uma jornada que não é imune a enjoos - na certeza de que esse é um mal de pouca dura - e que começa num veleiro que ainda cheira a novo e a tinta fresca. Chama-se Santa Maria Manuela, é português, tem mais de 70 anos de história para contar -cheira a novo porque acaba de ser recuperado - e está prestes a voltar a cruzar os oceanos.

Foi um dos mais belos lugres bacalhoeiros que Portugal enviou, nos tempos áureos da pesca do "fiel amigo", para os mares frios da Terranova e Gronelândia. A partir deste Verão, será o primeiro grande veleiro português a operar nesta área de cruzeiros turísticos.

Tendo em conta aquilo que já foi dado a conhecer pela empresa proprietária, a Pascoal, o Santa Maria Manuela será, certamente, um dos grandes veleiros mais modernos e confortáveis apesar de ter mais de 70 anos de história, o navio teve de ser construído na sua quase totalidade (apenas restava o casco).

O desenho dos interiores tentou tornar a estadia dos passageiros o mais aprazível possível. O alojamento dos viajantes (capacidade para 50, no total) divide-se por 12 camarotes duplos, cinco camarotes para quatro pessoas, e um camarote para seis pessoas. Referência ainda para o salão multiusos, com equipamento multimédia e 67 metros quadrados de área, e para o extenso convés em madeira, que convida a aproveitar ao máximo os dias mais soalheiros ou as noites mais amenas.

É já certo e sabido que este veleiro, irmão-gémeo do Creoula, irá cumprir um calendário de navegação no Verão que se aproxima. A empresa ainda não divulgou datas precisas, mas revela que Açores, Madeira, além de vários portos do continente, estarão na rota do primeiro ano de vida do renovado Santa Maria Manuela. Os preços também estão ainda "sob consulta", restando aos potenciais interessados manter a ligação ao blogue do navio (http:// santamariamanuela.blogspot.com), no qual serão divulgadas todas as novidades respeitantes ao veleiro de quatro mastros e com cerca de 62 metros de comprimento.

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