Fugas - viagens

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Pelos quatro cantos das neves de Huesca

O silêncio da montanha gelada é tal que se faz ouvir. A temperatura desce a cada metro que se sobe.

E dói. Cada pedacinho de carne à vista é sinónimo de uma dor trucidante (o passa-montanhas é um apetrecho que não pode ser esquecido). Mas em nada comparável ao imensurável prazer de se estar no meio do nada. O branco só é maculado por um ou outro esqui perdido, uma luva, um bastão. Sempre desirmanados.

O que torna bastante evidente o conselho seguinte: é preciso segurar bem todos os pertences durante estes passeios.

A maioria só usa as telecadeiras para subir, servindo-se das pistas para a descida. Já nós, depois de pisarmos o pico, com um miradouro que oferece uma panorâmica de 360º e acompanha a vista exibindo no seu beirado uma pintura descritiva da paisagem, não dispensamos o passeio no sentido descendente. Até porque o tempo disponível não abona a nosso favor a tarde já está reservada a conhecer outra estância, Panticosa e lá em baixo aguardanos uma lição de esqui, que inclui estreantes na neve e que permite uma experiência única, tanto de aprendizagem como de diversão. (ver caixa).

Panticosa, a familiar

A viagem de Formigal a Panticosa é curta, cerca de 16km, mas são dois universos completamente diferentes. Pertencente ao mesmo grupo (Aramón), a estância é pequena, com apenas 35km de área esquiável repartida por 41 pistas, e encontra-se mesmo ao alto da vila homónima, uma urbe pitoresca de casas de pedra e ruelas repletas de recantos e detalhes a descobrir.

Entre rios, oferece belas vistas protegidas por bosques e picos que sobem a mais de 3000m. Já nós, subimos aos 1184m da estância a partir da vila num vertiginoso teleférico e podemos garantir que a paisagem é avassaladora tanto de cima como de baixo. Destinada primordialmente às famílias, a estância está bem apetrechada para as crianças, com jardim de neve, área de diversão para multiactividades baptizada de Adventure Slope e muitas propostas destinadas aos mais pequenos, além de uma passadeira rolante coberta para auxiliar aos primeiros passos na neve e escola.

Por aqui, temos direito a visitar cada recanto dos bastidores da estância, um roteiro que não estará disponível a todos (se for época baixa, experimente pedir) e que permite uma espécie de workshop, facilitado pela dimensão da estância, de como se controla o dia-a-dia por aqui, incluindo uma central de videovigilância que permite uma maior segurança ou um posto médico apetrechado para qualquer eventualidade (com cuidados e aparelhos que nem a vila lá em baixo fornece). Só numa visita destas poder-se-á ter contacto com a vida dura dos profissionais que, quando a noite cai e a estância fecha (logo às 17h00), agarram as máquinas e, a duras penas e maior frio, passam a madrugada a cuidar da neve: da natural e da artificial. Mas para o cliente, só há diversão: a dimensão mínima não invalida oferecer centro com diversos tipos de restauração e um razoável portfólio de desportos invernosos.

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