Fugas - viagens

  • Pedro Cunha
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  • Anta megalítica
    Anta megalítica Pedro Cunha
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  • Bolo tradicional: tecolameco
    Bolo tradicional: tecolameco Pedro Cunha
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O Crato para além do prior e do festival de Verão

E traz ainda "estatísticas que mais ninguém sabe fazer": quantos trabalhadores do campo, quantos oleiros, carpinteiros, barbeiros, ferreiros, cantoneiros, professores, alfaiates, sapateiros existiam nos anos 1940 e 50 em Flor da Rosa. Hoje a aldeia, que nasceu e cresceu ao lado do mosteiro e cujos habitantes se dedicavam sobretudo à olaria (há também um projecto e uma pequena escola para fazer renascer a olaria local com os Barros Flor da Rosa), está bastante diferente.

Também aqui a população envelheceu e é por isso que a Câmara do Crato está apostada numa revitalização - o atelier de arquitectura Arkhétypos andou a estudar a aldeia histórica e o arquitecto João Jácome explica-nos agora, num almoço no restaurante das piscinas municipais do Crato, que modificações sofreu a Flor da Rosa, e que serão visíveis já a partir de Setembro (para já, o ambiente ainda é de obras e alguma poeira).

Todos os fios e cabos eléctricos vão desaparecer, passando a estar enterrados, os canos de abastecimento de água serão todos substituídos e, em lugar do caos de diferentes tipos de mobiliário urbano que existe actualmente, vai passar a haver uma linha, desenhada pelo atelier, de bancos de jardim, bebedouros, papeleiras, estacionamento de bicicletas, floreiras e pilaretes. Haverá também novos candeeiros, com um desenho inspirado na Cruz da Ordem de Malta.

A confusão entre as muitas variedades de árvores e plantas vai igualmente ser substituída por uma escolha de espécies autóctones que permitirá, entre outras coisas, distribuir as zonas de sombra pela aldeia. Espera-se assim que, em breve, os turistas que passam pela pousada, ou que se instalam nos turismos rurais do Crato e da Flor da Rosa, possam passear por uma aldeia histórica renovada.

O turismo é, de várias formas, a grande aposta da região. História não falta - afinal, foi aqui a sede da Ordem de Malta, originalmente chamada Ordem dos Hospitalários. Acontece que em 1662, durante as guerras da Restauração, as tropas de D. João de Áustria deixaram o Crato devastado. O castelo (actualmente na posse de privados) foi destruído, assim como o Palácio no centro da vila, do qual só resta a janela do Grão-Prior (durante muito tempo emparedada e agora renascida, com toda a dignidade de único testemunho de uma época histórica). Com as invasões, foram destruídos também os arquivos da Ordem de Malta em Portugal e com eles a possibilidade de conhecer mais profundamente a sua história.

Mas há muitas outras histórias no Crato. Umas vêm de muito longe, por exemplo as das antas megalíticas (há 72 inventariadas na zona), como a Anta do Tapadão, situada numa propriedade privada mas que pode ser visitada desde que mantenhamos as vacas que por ali pastam debaixo de um olho atento. Outras são mais próximas, como as dos trens e coches antigos que Luísa Bello Morais tem guardados no espaço de um antigo lagar em frente à sua Casa do Largo, entre as quais uma sege do bispo de Portalegre, do século XVIII.

Descobrir o Crato é também passar por estes sítios, ir almoçar ao Lagarteiro, em Gáfete, onde Dinis Palma e Jacinta nos recebem com gaspacho fresquinho, cação de coentrada ou migas de batata com entrecosto, ou experimentar a cozinha do senhor Edmundo, que depois de muitos anos na Marinha se pôs a fazer uns petiscos e agora serve cozinha tradicional (não perder a sopa de tomate e as migas de espargos bravos) no restaurante Prior do Crato, à beira da piscina municipal -  e é ir provar o tecolameco, o bolo tradicional feito pelas pasteleiras da região.

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