Foi na cozinha do Belcanto que José Avillez teve a notícia da estrela Michelin. Pelo PÚBLICO e por telefone. Feliz, como não podia deixar de ser, o chef quis logo "dedicar o prémio à equipa de colaboradores".
"Um grupo que é a alma de tudo isto. São eles que puxam, que animam e alimentam esta estrutura", atirou, de chofre, o mediático chef, para frisar logo a seguir que é a clientela que está no centro do trabalho no Belcanto. "Mais que os prémios ou distinções, o nosso objectivo no dia-a-dia é dar prazer com a nossa comida, servir cada vez melhor", completou.
Não sendo já um estreante na conquista da estrela – é a segunda, depois do Tavares, em 2010 -, Avillez tem a exacta noção da responsabilidade acrescida decorrente do novo estatuto. Por isso, "amanhã a palavra de ordem terá que ser chegar mais cedo e trabalhar ainda com mais força para sermos cada vez melhores". E nem se poderá dizer que a notícia constituiu uma surpresa, já que o Belcanto era claramente apontado como potencial novo estrelado. "Acho que merecemos. Não sabia o que ia acontecer, mas é claro que havia alguma expectativa", comentou.
Já quanto ao Tavares, que vê fugir a estrela que no ano passado Aimé Barroyer tinha conseguido manter, José Avillez diz que "é uma pena para a cidade", acrescentando que "nem sempre as coisas boas ou más são apenas da responsabilidade dos cozinheiros".
Num dia que era de grande expectativa, o chef do Belcanto procurou logo pela manhã quebrar a ansiedade numa conversa com a equipa. "Disse que havia duas possibilidades: Ou ganhávamos, ficávamos contentes, e amanhã estaríamos aqui a trabalhar; ou não ganhávamos, não ficávamos contentes, e amanhã estaríamos igualmente aqui a trabalhar”. A grande diferença, disse, "são as duas horas que teremos para todos bebermos um copo e festejar". Mas, avisou, "só mais logo", já que é hora de jantar e "a prioridade é dar satisfação aos clientes e só depois festejar".