Fugas - restaurantes e bares

DR

O Japão traduzido por Anna Lins a pensar em Miss Jappa e nos avós dela

Por Alexandra Prado Coelho

O restaurante Miss Jappa, em Lisboa, faz um ano em Março de 2017, mas Anna antecipou o aniversário com a apresentação de uma série de novidades na carta.

O símbolo do restaurante Miss Jappa é uma daquelas bonecas japonesas, de olhos grandes e sonhadores, que acham o mundo kawaii, que é como quem diz “giro”. É precisamente esta cultura urbana japonesa que Anna Lins, a chef responsável pela cozinha, quer servir às mesas. 

Miss Jappa faz um ano em Março de 2017, mas Anna antecipou o aniversário com a apresentação de uma série de novidades na carta. Sempre com o mesmo espírito de respeito pelos sabores japoneses (não há aqui sushi de fusão, com queijo e fruta) mas com a irreverência que uma adolescente japonesa pode (e deve) ter. 

Projecto dos irmãos Joana e Diogo Martorell, proprietários da cadeia Go Natural, o Miss Jappa, na Praça do Príncipe Real, posicionou-se desde o início como um japonês descontraído, com pequenas brincadeiras como os “quantos queres” com os quatro espaços preenchidos com ervilhas wasabi, biscoito de sishimi, chips de camarão e amendoim com caramelo de miso. Ou a roleta russa, de seis gukan, em que apenas um tem uma malagueta — quem ficar com ela tem que beber um shot de saké. 

Agora, cumprindo o slogan do espaço — Translating Flavours —, Anna Lins traz nove pratos novos. Na secção de “junk food japonesa” há um bao (os pequenos pães cozidos ao vapor) de salmão teriyaki (duas unidades, 6,75 euros). Nos “old timers” pode-se provar uma beringela grelhada com molho dengaku, bacon crocante e rebentos de mizuna (3,95 euros). 

Pegando na brincadeira com a personalidade de Miss Jappa, Anna explica que se os avós da jovem “têm um gosto mais clássico” e por isso gostam da beringela grelhada e do ramen de chasuni (com cachaço de porco, espinafres, kimchi, cebolo e ovo, 11,50 euros), Miss Jappa “que é um pouco mais otaku (traduza-se geek) tem gostos diferentes.

“Adora”, por exemplo, o kaisõ, um prato de corvina zukê, marinada com soja e vinagre, com puré de maçã verde, “ovas” (de tapioca) de yuzu e telha de arroz, feita a partir de arroz de sushi (8, 25 euros). O nome kaisõ significa algo como “dar a volta” ao sushi, ou seja, usar alguns dos seus elementos mas de uma forma diferente. 

Há ainda, entre as novidades, um atsui, rolo quente de salmão e peixe branco, com abacate, espargo e masago/ovas de peixe (cinco peças por 6,50) e o fuyumaki, um rolo de papel de arroz com camarão tempura, amêndoa, shisô e molho de figo (7 euros). 

E, sempre na secção de sushi, o chirashi, que é uma forma de apresentação do sushi diferente, com o arroz solto servido numa tigela como base para três peixes colocados sobre ele (o salmão aqui é curado em chá de jasmim), acompanhados por omolete japonesa, manga e gema de ovo curada em teriyaki

Para terminar, as duas novas sobremesas. Taruto foi criada a partir das memórias de Anna Lins. “É a torta de laranja da minha mãe, com um pouco de gengibre e shisô, à qual juntei espuma de amêndoa, que a complementa muito bem”, explica. O yokan é uma marmelada de feijão azuki, que é a base de muitos dos doces no Japão, com requeijão de cabra e nougat de noz.

Miss Jappa
Praça do Príncipe Real, 5, Lisboa
Horário: jantar de 3ª a domingo e almoços ao sábado e domingo (devido a obras no prédio ao lado, o restaurante suspendeu temporariamente os almoços aos dias de semana). Encerra à 2ª feira. 
Preço médio: 25 euros

--%>