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Madrid continua a ter que ser (re)visitada

Por Augusto Küttner de Magalhães

Eu e a minha mulher voltámos os dois a Madrid para estar, ver, visitar Madrid. "Low-cost", como teríamos feito mesmo sem crises.

Madrid continua a ter muito que ver - se bem que prefiro, vá-se lá entender porquê Londres - pelo que começámos pelo Palácio Real, que nos fez pensar que alguém, no caso o actual rei, não sabe ou não consegue deixar o "poder" e está na fase de fazer figuras que não se coadunam com quem soube tao bem ajudar Espanha a passar da ditadura para a democracia, sem guerras.

Continuámos a pé pelo meio de muitos turistas, espanhóis, italianos, orientais. E fomos passando pela Ópera, Plaza Mayor, Porta do Sol. Pelo caminho comprámos agua e acabámos por fazer sanduiches que comemos em frente ao Congresso dos Deputados, que estão de férias.

Tínhamos dois bilhetes de metro para turistas que nos permitiam viajar indefinidamente por dia, que havíamos utilizado do aeroporto ao centro da cidade, onde ficámos num hostal, muito simpático, muito pequeno, muito cómodo e limpo.

Depois um dia para museus: o Prado fez-nos andar para trás de 1899, vendo reis e o cruzamento destes com tantos outros de outras monarquias europeias, para hipoteticamente não se perder o sangue dito azul. Vimos imagens belas de pintores célebres de todo esse período.

A seguir, Museu Rainha Sofia, que a partir de Janeiro próximo vai contar com o ainda director do nosso Museu de Serralves como seu sub-director. Enorme, arte contemporânea, e o que mais pessoas atrai é sem duvida: Guernica de Picasso. Havia um grupo de orientais ávidos por absorver cultura e conhecimento. Guernica era a centralidade.

Saindo, a estação de Atocha, que foi alvo de um dramático atentado de prepotência da Al- Qaeda, que matou e feriu pessoas que naquele dia viajavam de metro e de comboio.

De louvar os centros de informação para turistas, bem preparados para nos ajudar. Vá-se lá saber porquê não falo espanhol e não arrisco o espanholês, falo em português; se não me entendem, uso o inglês, a minha mulher faz o espanholês e lá nos compreendemos. Curiosidade: sou Amigo de Serralves, mostrei o cartão, não faziam a mínima ideia no Rainha Sofia onde era Serralves, mas mesmo assim fizeram-me 50% de desconto.

Um dia para o Escorial e Vale dos Caídos. O primeiro bem maior do que o nosso Convento de Mafra, sem quartel - ainda bem - e, lá dentro, mais bem conservado. Também lá se deve ter gasto dinheiro que nunca por nunca deve poder faltar à cultura.

De seguida Vale dos Caídos, o único local que me "tocou imenso" nesta estada em Madrid. Um espaço feito no interior de uma montanha no meio do nada, pelo ditador Franco, supostamente em memória dos mortos da Guerra Civil 1936-39. Claro que a ideia foi o ditador deixar obra a lembrá-lo, e é deslumbrante, de tão grande e com um forte silêncio - sente-se o silencio, a doer -, uma excessiva mistura entre a Igreja de Roma - à época - e o poder de um ditador, e tantas pessoas devem ter morrido a construir aquele monumento. Mas impressiona o silêncio e faz-nos pensar no que de muito bom por vezes o ser humano faz, mas em tantas mais vezes faz o mal.

Andar a pé em Madrid ou noutro local faz-nos estar no meio, ver tudo, sentir tudo. O metro ajuda-nos em certas ocasiões, quando sentimos que já não temos 20, 30, 40, 50 anos e algumas distâncias a pé são-nos impróprias para a idade.

Na ida para o Escorial e Vale dos Caídos, de camioneta, nota-se a crise em Espanha. Um mar de segundas casas, fechadas, abandonadas, à venda sem comprador, sem dinheiro! E espante-se ou não, o tique das rotundas com tralha dentro não é um privilégio de Portugal, de Viseu ou de S. João da Madeira, lá é igual.

E um avião "plantado" em frente ao Ministério do Exército do Ar, em Moncloa, fez-me lembrar quando em trabalho estive no Senegal - tem mais de 25 anos, uma forma estranha, de mostrar força! Bélica!

Madrid continua a ter que ser visitada, vale muito, aprende-se muito, mas já se sente nas ruas, nas caras das pessoas a crise, o desconforto. Ruas menos limpas, mas jardins muito bem tratados.

A Europa não pode ficar-se por ser um museu do mundo. Seria muito pouco.

Aproveitámos ainda, claro, para visitar o Museu Thyssen-Bornemisza, com peças, essencialmente quadros, do século XVIII ao XX, gostei de rever Freud, o neto do homem da psicanálise, que representa a mulher tão da mesma forma como a nossa Paula Rego.

Por fim regresso a casa, sempre low cost. Ficando sempre a esperança de para o ano, haver mais, para além das crises.

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