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Cenas da vida quotidiana numa Madrid sem guia

Por Tiago Bartolomeu Costa

Saímos do metro na estação Ópera, na Plaza Isabel II, e voltamos a sentir a mesma turba que sentimos da primeira vez que estivemos em Madrid. Uma força que empurra e que alimenta a ideia de que a capital espanhola é ainda o epicentro da vida nocturna, do lazer urbano, de uma resistência à crise.

Os rapazes a fazer acrobacias com o skate e as mulheres a parar antes de uma tarde de compras parecem o cartão postal idílico de um filme americano rodado na Europa. Mas Madrid ainda é assim, cheia de imagens feitas, de tradições que se perpetuam, de quadros vivos que alimentam o retrato que se quer, de quem procura escapar para o centro de uma cidade e, mesmo assim, parece estar de férias.

Mas é preciso sair do Paseo del Prado e dos Recoletos, da Calle de Preciados e das lojas da Gran Vía, das filas dos museus Reina Sofia e Thyssen-Bornemisza, para mergulhar no dia-a-dia de uma cidade que, dizem todos aqueles com quem a Fugas falou, mudou muito, por dentro e de forma quase invisível para quem é de fora, nos últimos anos.

Não há conversa que não vá desembocar na crise, como não há quilómetro que não comece nas Puertas del Sol. Por isso, ver as figuras dos videojogos e da BD a distribuir cupões de ofertas na praça onde, há um ano, se reuniram os Indignados é ver, também, o modo como as lojas respondem à crise, com ofertas permanentes, e os novos empregos, temporários, dos imigrantes vigiados por dois pares de polícia montada, aos quais um grupo de asiáticos tira fotografias, hesitando entre o Super Mário e o cavalo.

Madrid, percebemos ao longo de três dias, vive desta disfuncional realidade, que é a realidade de todos os dias. Por isso, saímos dos lugares indicados pelos guias e seguimos as pessoas, as que nos parecem, por supuesto, mais autênticas.

Atrás das Puertas del Sol esconde-se a Madrid que nunca mudou. Na Calle de la Paz sucedem-se lojas que fizeram a história da cidade e de certas classes. Na Los Tejidos de la Maja encontramos Carmen, que não nos diz a idade mas diz isto: "Já passaram muitos governos por mim y este está muy bien, muy bien". Há mais de 40 anos que desce, todas as semanas, até esta loja para comprar tecidos de qualidade "para copiar o que vem nas revistas de moda". Esta loja, de três andares, está cheia de senhoras pelas quais o tempo não passou. "Os fins de tarde de sexta são tradição. Escolho os tecidos e levo-os à minha modista. Daqui a uma semana já os tenho". É Carmen quem nos conta que as lojas da Calle de la Paz, naquele que foi o primeiro bairro madrileno construído além da fronteira que delimitava a cidade antes da dinastia dos Habsburgo, têm resistido a tudo. "Há uns anos, quando fecharam o Teatro Albeniz para abrirem um centro comercial, houve protestos e conseguiu-se... bom, é verdade, está emparedado, mas pelo menos não nos levaram daqui estas lojas".

Por estas lojas refere-se também à Pontejos, mais abaixo, andares e andares de botões, fechos e acessórios, a Justo Agabe, onde se vendem os mais caros, "pero los más hermosos" fatos e adornos para toureiros e, "es una tradición", La Casa de las Torrijas. "Paro sempre para comer uma e beber um copo de vinho doce", diz Carmen. As torrijas são um doce típico da Páscoa, mas que se encontra já em todo o lado e todo o ano, em que o pão frito é embebido em leite e mel.

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