Mas seria em Paris que seria colocada a cereja no topo do bolo: a Torre Eiffel que serviria para simbolizar os cem anos da Revolução Francesa na Exposição Mundial de Paris de 1889. E que daí para cá se converteu no mais conhecido postal ilustrado de Paris.
Olho para os seus 325m de altura, medidos desde a sua base em cimento até ao pico das suas antenas em aço, e ninguém acredita que só foi concebida para durar uns meros vinte anos após a sua inauguração. Não fosse a sua utilidade para servir de antena de rádio e não teria chegada inteira aos nossos dias. Diz aqui no papelinho que, à data da sua inauguração, 31 de Março 1889, o aço da sua estrutura pesava 7300 toneladas! Incrível.
Subimos no primeiro elevador, apinhado de gente. Subimos até à primeira plataforma, que fica já a uns consideráveis 57 metros acima do solo. Primeiros deslumbramentos. Primeiras luzes. Primeiras tudo… Mais uma voltinha. Segundo ascensor e chegamos ao segundo andar. Encostamo-nos à parede da plataforma e olhamos para o chão lá em baixo. Ninguém diz que já estamos a uns impressionantes 115 metros. A adrenalina da subida ao topo começa a tomar conta de nós. Por fim, e sem elevador, subimos as escadas finais até ao topo. A emoção aumenta à medida que o número de degraus diminui. Sempre mais alto, mais além, para o infinito onde, aos 276m acima, fica a terceira plataforma. O cansaço deixa-nos leves. Olhamos a multidão que se aproxima, num incontido frenesim, da barreira de protecção da última plataforma da Torre Eiffel. Parece que o futuro está ali. À esquina. À nossa espera.
Acotovelam-se na busca incessante de serem sempre os primeiros a ver, tocar, sentir, e porque não experimentar, lá bem do alto, todo o esplendor da sensação de serem tocados pela luz da Cidade das Luzes.
A nossa ampla visão periférica nocturna de Paris, avista, lá bem em baixo, o magnífico espelho de edifícios da ilha de França, deixando no ar um silêncio mais pesado que uma pedra. Fazendo fé nas palavras do guia, daqui de cima, em dias de céu limpo, tem-se uma vista do horizonte num raio de quase 70 quilómetros.
Por cima de nós, a uns escassos metros, um holofote de luz branca roda como uma espada, cortando os céus parisienses em todas as direcções. Esbanja nos céus uma luz intensa e deslumbrante que ora sobe, ora desce, até lá bem em baixo, namorando esse não menos deslumbrante rio que serpenteia por Paris e que dá pelo nome de Sena.
A nossa alma flutua e também ela serpenteia ao ritmo do holofote. Inconscientemente forma-se um sorriso estampado no meu rosto. É nestes momentos que suponho que o mundo é um milagre. Damos meia volta. Amanhã há mais postais.