Fugas - dicas dos leitores

Circular é viver: Zastavas, cirílico e tartarugas

Por António Beirão (texto e fotos)

Um passeio pela Sérvia e Macedónia.

Como diz o ditado, circular é viver. Tentando fazer jus à expressão, sempre que pode, esta família escapa-se nas férias para longe da “tugalândia”, até para manutenção da respectiva sanidade mental, pois nada como fugir alguns dias do país para readquirir o sentido das coisas...

Para tal, os Balcãs são um local adequado: preços em conta (ainda), língua, hábitos e culturas muito diversas, e um turismo ainda não massificado, a dar os primeiros passos após os conflitos recentes, tornam aquela região muito apelativa.

Desta feita, o itinerário apontou para a Sérvia e a Macedónia, conhecidas que estão, de outras andanças, a Croácia, a Eslovénia e a Bósnia Herzegovina. Ficam em falta a Albânia e o Kosovo, talvez para o ano…

Planeada com o prazer da viagem anunciada, ficou definido o essencial a ver, durante as curtas duas semanas disponíveis: as grandes cidades e a região dos lagos da Macedónia. Cultura, gastronomia e alguns banhos, eis o que queríamos…

De Lisboa a Belgrado a escolha só podia ser a via aérea, sendo mil euros o orçamentado para três passeantes, ida e volta. Foi o que se fez, com escala em Munique.

Aterrados em Belgrado, toca a arranjar “quatro rodas” para passear à vontade (orçamentados cerca de trezentos euros para o aluguer). Infelizmente, o preço mais baixo implicou um minúsculo automóvel, onde as nossas malas mal cabiam... antes o

Zastava da foto, saudosa imitação de um Fiat 1500, na década de 70 do século passado, e que fazia as delícias da família e... da oficina.

O trajecto decorreu sem sobressaltos, num total de cerca de 2500

quilómetros, entre muitos Zastavas, Yugos, tartarugas, cortejos nupciais e emigrantes (os meses de Julho e Agosto são o período do ano em que os emigrantes – e são muitos - voltam aos Balcãs, os jovens para casar, em festanças de três dias), muito calor e poucas ou nenhumas indicações em alfabeto latino…

As estradas são em geral bastante boas e com pouco movimento o que, para quem conhece as congestionadas estradas alemãs, italianas ou francesas, é uma boa surpresa. Na altura da viagem já era visível algum movimento de refugiados pela rota dos Balcãs, mas nada ainda do que viria a suceder desde Agosto de 2015.

 

Não há desculpa para não saborear o que os Balcãs têm para oferecer ao nível gastronómico, e sem preços astronómicos! Como tudo o mais naquela parte da Europa, as influências e os sabores são vários! Turcos, gregos, austríacos, húngaros, italianos, albaneses, sérvios, parece que todos os povos da região nos querem conquistar pelo estômago, e de preferência na rua ou à beira-rio...e a qualquer hora.

A capital da Sérvia, Blegrado, é uma cidade que impressiona pelos prédios colossais e que não contribuem muito para a embelezar … ainda que os rios Danúbio e Sava amenizem bastante o ambiente. Herança do período comunista da Jugoslávia, ali se edificaram construções únicas, agora a maioria em estado de degradação.

Novisad, a segunda cidade Sérvia, dista pouco mais de 50 quilómetros de Belgrado, sendo local de visita relativamente fácil para quem visite a capital. Igualmente junto ao Danúbio, é das margens deste imenso rio que partem as principais ruas, nomeadamente a principal rua pedonal. A merecer visita é a cidade de Karlovci, pelo bonito conjunto arquitectónico, na praça central da cidade.

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