Para isso contribui o facto de estar encaixada em plenos Alpes ditos Julianos e a consequente procura dos desportos de Inverno. Mas, para além desta vertente que, especialmente, não me seduz, a Eslovénia tem outros encantos.
Fizemos a viagem em finais de Outubro e tivemos a felicidade, nos quase 15 dias de estadia, de só ter chovido um dia. Nos outros, o sol brilhou e evidenciou de forma inebriante todo o matiz de cores de Outono dos bosques e florestas.
A Eslovénia é um dos retalhos em que se dividiu a antiga Jugoslávia, mas também a mais pacífica e por isso a primeira que aderiu à União Europeia e a única que adoptou o euro como moeda. Fez parte do império romano, havendo algumas ruínas pouco significantes em algumas cidades, incluindo a capital, Ljubljana. Mas nos últimos seis séculos pertenceu à monarquia austríaca dos Habsburgos e depois ao império austríaco. Isso é evidente na arquitectura das grandes cidades como Maribor, Ljubljana, Ptuj ou Celje. Na capital existe mesmo um lindíssimo exemplar do estilo de arquitectura vienense Secessão, o Palácio dos Congressos. A cidade com mais monumentos antigos é Celje, que foi um condado e principado autónomo, mesmo durante o domínio austríaco.
Nascido no meio de serranias, fico sempre extasiado com paisagens de montanha. E nisso a Eslovénia é pródiga. Mas aqui a paisagem alpina diverge bastante das suas congéneres suíça, francesa ou italiana. Aproxima-se mais do tipo de paisagem austríaca, mas com a sua especificidade, nomeadamente os vales largos e as construções e organização das aldeias de características próprias.
O vale mais famoso é o vale de Logarska. De Inverno têm muita procura as diversas estâncias de esqui. No resto do ano é a paisagem que encanta — um vale largo, de um verde intenso, ondeado por pequenos cabeços, e no horizonte o perfil altaneiro das montanhas salpicadas de neve. Neste vale nasce um dos principais rios do país — o Savinja. Fomos admirar uma das suas nascentes: uma enorme cascata de mais de 90m de altura. Cruzámos diversas vezes em diferentes sítios este rio, sempre de águas transparentes e rápidas, aqui e ali com grupos de pescadores. Também nos encantou o lago Bohinj, rodeado de bosques matizados com as gloriosas cores outonais espelhados naquelas águas onde nasce o rio Sava.
Mas o lugar mais emblemático é o lago Bled. É um lago glaciar, rodeado de montanhas de cumes nevados. Numa das margens, no alto de uma falésia, fica um castelo medieval. No meio do lago, uma pequena ilha arborizada e nessa ilha uma igreja com um alto e pontiagudo campanário branco. Um autêntico postal ilustrado. Por isso, fora do Inverno, é dos pontos mais procurados e mais visitados.
A capital é uma cidade pequena mas vibrante de vida. Do alto da colina do castelo consegue ver-se todo o centro histórico. Não tem monumentos muito marcantes, mas muito do seu encanto advém da sua animação. É atravessada pelo rio Ljubljanica, afluente do Sava, que por sua vez vai juntar as suas águas ao Danúbio em Belgrado. E parece que toda a vida de Ljubljana se resume ao rio. Junto das suas margens são muitas as esplanadas, a maior parte delas entre a tríplice ponte e a ponte dos dragões, e onde, de copo na mão, se pode assistir ao despontar das luzes da noite ou admirar os amantes de desportos radicais, vogando rio abaixo.