Fugas - hotéis

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Esta é a fachada do novo hostel de Lisboa

Com tal competição, num mercado com quase meia centena de hostels, como distinguir-se? "Location, location, location", sublinha Teixeira, acrescentando, lá está, a "singularidade" do edifício e "a qualidade e diversidade dos serviços prestados". Objectivo: "elevar o patamar do hostel low cost".


Pátio social

A nós, noblesse oblige, cabe-nos um quarto duplo, com uma cama eficiente, um armário jeitoso e pouco mais. Pouco, como quem diz, já que o luxo é dado pelas vistas largas e luminosas, para a praça dos Restauradores, nesga do Rossio e sorriso do Teatro Nacional D. Maria II. E os sonhos serão embalados por duas contínuas surpresas: por um lado, não, não se ouve nem um comboio (antes nos vai chegando o ruído da vida da cidade - contingências de estar em prédio histórico no coração da cidade); por outro, uma ideia que nos martela o adormecer, a de estarmos a dormir na fachada da estação. Definitivamente, há nisto uma certa elevação.

E, aqui chegados, convenhamos, há até outras elevações que saltam logo à vista, e logo ao acordar: a cozinha comunitária, parte do espaço aberto do pátio, faz-se com grandes mesas e estruturas de qualidade, para além de oferecer pequeno-almoço a todos, incluindo sumos ou cafés, cereais e mesmo crepes acabados de fazer pela mão experiente da cozinheira Maria.

A casa de banho comunitária surpreende e garante privacidade mesmo a quem não gosta mesmo nada de partilhar tal espaço. Há "caixas" de duche individuais, com espaço q.b. para um duche confortável e espaço para arrumar os pertences; a linha de lavatórios apresenta-se imaculadamente clara e, uma vez mais, as janelas voltam a oferecer vistas deluxe, com Lisboa a subir ao Castelo.

Os quartos (que podem ir sendo alterados conforme o andar da carruagem) dividem-se entre dormitórios para quatro ou seis pessoas, alguns com beliches, além de individuais ou duplos, com ou sem casa de banho - até porque a clientela dos hostels já não escolhe idades ou ocupações, entre mochileiros, casais ou famílias. Os quartos do primeiro piso têm direito à mais-valia das janelas, enquanto os do segundo têm varandins para o pátio. Cada quarto inclui uma garantia de segurança moderna: a chave é um cartão electrónico, que regista todas as entradas. Além do mais, há cacifos à disposição.

Todo o hostel converge para o grande pátio e para a socialização, "ponto forte dos hostels", como diz Teixeira. Até porque o cliente tradicional só usa mesmo os quartos para as horas do sono, o resto do tempo é passado nas áreas sociais.

"O quarto não é para se fechar sobre si próprio", sublinha, porque "a riqueza está fora". O pátio funciona como uma grande sala de estar e o programa de festas prolonga-se: há bar aberto com uma espécie de mealheiro (tira-se a bebida e pagase), os dias completam-se com tours guiados pela cidade ou arredores, as noites podem incluir cinema, fados ou DJ, barbecue ou jantar com especialidades lusas, além de tours pelos bares ou casas de fado da cidade. Não faltam proposta, até porque a juventude da maioria dos clientes garante-lhes "muita energia" e não têm tempo para descanso: "Eles querem fazer tudo".

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