Fugas - hotéis

Pisca-me o olho em Miami

Por Luís J. Santos

Há nova estrela em Miami Beach e tem matriz lusa. Fomos dormir ao Pestana South Beach, estreia do grupo nos EUA. Um sonho art déco no coração urbano da vida de praia.

Passado o abraço quente com que Miami Beach nos envolve à chegada, a linha de praias que nos cerca, o corrupio de um centro caleidoscópico que parece não parar dia e noite e o desfile cinematográfico tanto de gentes como dos bem preservados edifícios art déco, aterramos num oásis de alma portuguesa.

Não que neste novíssimo hotel chancela Pestana se avistem sinais de Portugal - este é um hotel miami-miami (há uma excepção ou outra e algumas coincidências lusas mas já lá vamos). O outrora hotel Miljean (do qual se conservam memórias dos anos 1940/50 em que foi construído) deu lugar ao Pestana South Beach Art Deco Hotel, inaugurado há pouco mais de uma semana e, isso sim, marca uma lança portuguesa nos States: além de ser a estreia do grupo naquele país, é também o primeiro hotel a ostentar a insígnia de um grupo hoteleiro português no território americano.

A primeira surpresa neste sonho é, precisamente, apesar do recém-nascimento, a total adaptação do hotel ao ambiente Miami. Há uma imediata razão de ser: reúne edifícios históricos e protegidos, tal como todo o Art Déco District, um sedutor conjunto de uns 800 edifícios construídos nos anos de 1920 a 1950, que celebriza e torna o coração desta capital mundial da vida de praia um caso à parte. A fachada surge-nos alvíssima, com sublinhados a azul escuro e, claro, aberta à sombra das palmeiras e prolongando-se num lounge ao ar livre.

Estamos a dois passos de quase tudo o que interessa nesta Miami Beach de filme, as praias estão ali ao virar da esquina, tal como a Lincoln Road ou a Collins Avenue - verdadeiros centros de comércio, restauração e divertimento ao ar livre - e, claro, a Ocean Drive, esse imenso braço urbano que acompanha as praias e é um monumento de animação balnear. Ainda assim, é num recanto protegido desta Miami que vamos dormir, porque os dois passos que nos separam desse mundo animado asseguram, de facto, um sossego de recanto urbano, para mais erguendo-se em quatro edifícios de média dimensão que se fecham entre si criando um pátio que protege um dos maiores focos de atracção: a piscina, claro está.


American dreams

Noite bem dormida (o voo também a isso obriga...), desperta-se num quarto, que, como o resto deste "boutique hotel", prima por uma simplicidade eficiente - "um ambiente moderno e bastante clean, resumir-nos-á o director, João Paulo Araújo. É com os olhos na piscina, longe de dimensões olímpicas mas ideal para o essencial arrefecimento que esta sensação tropical obriga, que navegamos. Afasta-se um pouco a cortina e lá está ela, já rodeada de corpos em relax veraneante.

Pelo nosso quarto, o contraponto a esta janela é uma grande fotografia de senhoras de outros tempos na praia - aliás, são estas imagens, "que ilustram a vida balnear dos anos 1940 e 50 e fazem parte deste património art déco em que o hotel se insere", que marcam todos os espaços do novo Pestana. "Retro beach", como lhe chama João Paulo Araújo. Retro, retro, mas tudo novo, sublinhe-se. Apesar de o edifício "estar classificado no Historical Preservartion Board", explica o director, "foi totalmente recuperado e com todas as modernas facilidades" (do mobiliário aos equipamentos e a serviços como Internet wi-fi grátis a TV Led, café nos quartos, cofres digitais, ipod dockstations ou minibares, além de conjuntos de higiene nas casas de banho).

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