Embora o hotel só tenha aberto oficialmente a 21 de Dezembro de 2015, a inauguração teve lugar no dia 1 desse mês, em plena semana Art Basel Miami Beach. Os 150 convidados de Faena e Caminos ouviram, à beira da piscina, a Sinfonía Faena de Michael Nyman. Na praia foi montada a instalação Angeles veloces Arcanos fugaces, uma pista roller-disco do colectivo brasileiro Assume Vivid Astro Focus e, entre os chapéus de praia brancos e vermelhos de formatos diferentes (uma herança do velho Saxony), a cortina vermelha teatral A Sight to Behold de Almudena Lobera partilhou o areal com a obra efémera Solar Light Geometry de Jim Denevan.
A lista, bem mais longa, de obras permanentes é encabeçada por duas esculturas: Coloring Book de Jeff Koons, colocada à entrada da Faena House e, junto à piscina do Faena Hotel, Gone but not Forgotten de Damien Hirst, o esqueleto de um mamute coberto em ouro de 24 quilates dentro de uma monumental vitrine, pertencente a Len Blavatnik e avaliada em 18 milhões de dólares.
Chamado de Catedral, o átrio de entrada que atravessa todo o edifício do hotel é dominado por seis colunas douradas e oito monumentais painéis de Juan Gatti, o artista e designer argentino conhecido pelos cartazes e genéricos de quase todos os filmes de Pedro Almodóvar. Aqui, como nas paredes de azulejos do exterior, Gatti combina a estética das ilustrações científicas do século XIX com o kitsch dos anos 1950. Ele assina ainda os figurinos e cenários do espectáculo criado pelo encenador argentino Alfredo Arias que em breve estreará no Faena Theatre, o teatro-cabaré em tons de vermelho e dourado do hotel.
No restaurante Los Fuegos, o candelabro duplo Storms de Alberto Garutti evoca uma peça anterior deste artista italiano: ligadas a uma estação meteorológica na pampa argentina, dezenas de lâmpadas incandescentes dispostas em circunferência brilham mais sempre que um relâmpago atinge o solo do outro lado do continente. Uma ligação à terra de Faena tão etérea quanto telúrica, bem mais subtil que o churrasco ou a impressionante carta de vinhos argentinos oferecidos no restaurante comandando pelo chefFrancis Mallmann.
Do outro lado do terraço e com vista para o mar, debaixo de uma cúpula branca por fora e dourada por dentro, o restaurante Pao do chef Paul Qui oferece uma fusão de cozinha asiático-iberoamericana. Ao centro está o unicórnio Mith de Damien Hirst; a toda a volta, os murais são de Gonzalo Fuenmayor. O tipo de letra Faena, extraordinariamente bem impresso no menus que incluem citações de Fernando Pessoa, é do atelier londrino Dalton Maag. Os designers holandeses Studio Job desenharam mosaicos, padrões e duas esculturas – Faena Fountain e Tree of Life.
No spa Tierra Santa, que deve o seu nome à propriedade de Faena em Punta del Este e cujos tratamentos incluem rituais indígenas sul-americanos, um candelabro de aprestos de pesca das designers holandesas Tweelink e reedições da cadeira Lady de 1951 do designer italiano Marco Zanuso.
Como no cinema
Alan Faena discutiu as primeiras ideias de design para o Faena Hotel Miami Beach com o realizador australiano Baz Luhrmann e a sua mulher, a designer Catherine Martin, conhecidos por blockbusters extravagantes como Moulin Rouge ou O Grande Gatsby. Mas aqui é Faena que está atrás da câmara. É ele que coordena uma estonteante equipa de artistas, arquitectos, designers, chefs e muitos outros especialistas empregues na materialização da sua visão cinematográfica para este hotel.