"Este quiosque vai funcionar como uma plataforma das coisas boas da cidade", disse à Fugas João Cepeda, director da edição portuguesa da "Time Out", um portento mundial no campo das edições de cultura e ócio urbanos que em Portugal tem uma revista semanal dedicada a Lisboa e outra mensal dedicada ao Porto. É a primeira vez no mundo que a conceituada marca vai surgir num espaço assim. "Há umas experiências muito pequenas, de associação, mas de raiz, assim com a marca, é inédito a nível mundial", confirma-nos Cepeda.
O Quiosque Time Out, inaugurado na sexta-feira à noite, vem subsitituir o antigo restaurante-esplanada Trimar, desmantelado em Novembro, localizando-se numa das faixas da Avenida da Liberdade - por casualidade, mesmo em frente da sede lisboeta da revista, à praça dos Restauradores e a dois passos do Elevador da Glória. Com esta abertura, completa-se a renovação dos quiosques, sendo este o sexto da série que percorre a avenida. Tal como os outros cinco, está concessionado à empresa Banana Café que, desta feita, optou por uma parceria com a "Time Out" para dar nova personalidade ao espaço.
"Nasceu de uma inspiração", conta Cepeda. "A ideia veio do atraso do projecto do Mercado da Ribeira [parte do qual a "Time Out" vai gerir]". "Havia uma série de projectos, de ideias que estavam a nascer e a que quisemos dar vazão", resume. Propuseram à Banana Café uma parceria para este espaço, um microcosmo que pode "servir de tubo de ensaio" para o mega projecto da Ribeira. "É uma parceria 50/50. A Banana tem a parte logística e operacional e nós temos a parte do conceito e programação".
O Quiosque Time Out é "um espaço pequeno, despretensioso e informal", com esplanada e vistas para a praça dos Restauradores, onde se pode contar com "os melhores DJs e bandas lisboetas", cocktails ou petiscos "para provar o melhor de Portugal durante o dia inteiro".
O conceito, adianta o director da revista, passa - a exemplo do que é pretendido para a Ribeira - por "convidar outros negócios já estabelecidos, os verdadeiros agentes da cidade, a colaborar". Seja pastelaria, padaria ou produtos de mercearias antigas. Só "os melhores" na óptica dos jornalistas da "Time Out", porque este é, na prática, "um projecto editorial". Como se a revista tivesse ganho corpo de quiosque e cada secção fosse agora "ao vivo e a cores". Um "laboratório de experiências" que quer "chamar os lisboetas e as marcas de Lisboa", sublinha Cepeda. E os leitores. "Só se criam boas marcas editoriais se houver um contacto próximo com os leitores. E queremos reforçar essa relação", para que estes "sintam que estão a entrar num espaço da revista".
Algumas das propostas do quiosque estão ainda no segredo dos deuses. Guardadas para dar em primeira mão na revista?, perguntamos. "Também", ri-se Cepeda. Mas, para já, adianta-se que, periodicamente, haverá chefes convidados para dar outros sabores às sandes: o primeiro é Miguel Castro e Silva, dos restaurantes Largo e De Castro Elias. Fique-se a saber que são umas "sandes especiais" e quadradas ("lindas", "a ideia mais quadrada que alguma vez tivemos na "Time Out", garantiam na revista). Promete-se ainda vinho a copo "servido à temperatura certa", internet sem fios gratuita ou "acesso total à agenda cultural da Time Out".
Os fins de tarde e as noites têm animação garantida. Haverá noites dedicadas a nomes fortes de empresas ligadas à música (colectivos, editoras, lojas de discos), conta-nos Cepeda (os primeiros serão os Madame) ou "noites networking", desenvolvidas por determinadas classes profissionais (a estreia é com advogados, que até podem pôr música para animar as hostes). Para os primeiros tempos, futebol e festas oblige, pode contar-se com os jogos do Euro 2012 em transmissão directa ou uma semana de Santo António. No cartaz, estarão também em destaque artistas em início de carreira "com potencial para dar cartas". E, claro, além de tudo, será possível comprar a revista. O quiosque deverá funcionar diariamente, das 9h às 2h.
A inauguração
A festa de inaguração decorreu na sexta-feira à noite e encheu a Avenida. Convidados-surpresa: os Buraka Som Sistema em DJ set, além de DJ Time Out (Rodrigo Nogueira) e DJ Isaac.
Quiosques Liberdade
A abertura do quiosque Time Out vem complementar a oferta dos Quiosques Liberdade, geridos pela Banana Café, cinco bares-esplanada inaugurados há cerca de um ano.
Time Out da Ribeira
A revista ganhou o concurso lançado pela autarquia para a exploração de um renovado Mercado da Ribeira, um investimento de quatro milhões para transformá-lo em espaço dedicado ao lazer e não só, com restaurantes, discoteca, uma academia, lojas e etc. A abertura chegou a estar anunciada para 2012 mas, entretanto, já foi adiada para 2013. Tem sido um "processo muito complicado, mais do que nós julgávamos no início", resume João Cepeda. "Mas não o abandonamos de modo algum", garante, apontando 2013 como o ano em que, de facto, Lisboa verá um novo Mercado da Ribeira, a partir de projecto da dupla de arquitectos Aires Mateus. Os atrasos, resume Cepeda, estão relacionados com trâmites burocráticos, a resolução de questões de segurança ou mesmo as descobertas arqueológicas recentes junto ao mercado (uma rampa do séc. XVI destinada a lançar barcos ao Tejo). E a crise também não ajuda.
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