Cecilia Giménez considera que lhe são devidos direitos autorais a partir do momento em que a Fundação Hospital Sancti Spiritus, que gere o santuário de Borja (Saragoça) onde está exposta a pintura, começou a cobrar pelo acesso ao templo na sequência do enorme interesse demonstrado pela nova versão, noticiou o jornal espanhol El Correo.
De facto, logo após a imagem correr mundo, a pintura refeita, que pode ser vista na igreja do Santuário de Nossa Senhora da Misericórdia de Borja, tornou-se uma verdadeira atracção turística. A bilheteira foi instalada no sábado e as receitas terão atingido os 2.000 euros nos primeiros quatro dias.
Até então, o acesso era gratuito mas a chegada de milhares para ver o Ecce Homo tornado ícone pop levou a fundação a cobrar "uma quantia mínima", referiu à Europa Press o vereador da Cultura de Borja, Juan María Ojeda. O dinheiro permite melhorar o orçamento da fundação (que também gere um lar de idosos) e ajuda a pagar a segurança: é que a afluência obrigou a contratar um serviço de segurança para a igreja "mas a fundação não tem dinheiro para pagá-la. "É por isso que se cobra um euro" por pessoa, o que permite manter a igreja aberta "todos os dias".
A situação terá perturbado a restauradora e a sua família e o caso está agora nas mãos dos seus advogados com o objectivo de conseguir uma compensação da fundação. Durante este mês, a instituição também registou a propriedade sobre o fresco e convocou um concurso internacional de pintura de temática religiosa.
Entretanto, segundo defenderam os representantes legais de Cecilia Giménez ao jornal El Mundo, a situação não foi espoletada pela cobrança de entradas. O que se pretende, resumem, é que os tribunais analisem o caso. A haver alguma compensação económica, garantem, esta seria destinada a fins de beneficência.
"Lemos que Cecilia reclama os seus direitos autorais mas não é exactamente assim", disse Enrique Trebolle, um dos advogados da senhora Giménez ao jornal. "Ela quer que a situação seja regulamentada conforme o que o tribunal estabeleça. Se isso implicar uma compensação económica, o seu fim último seria sempre de beneficência", esclareceu. O dinheiro, adianta, seria destinado a pessoas que sofram de atrofia muscular, incluindo o filho da restauradora, que sofre desta doença.
Na quarta-feira, a autarquia divulgou um estudo sobre a pintura e o seu «restauro»: os especialistas concluem que a "nova" pintura nada tem de "novo" e é apenas um "medíocre pintar por cima". É "facilmente reversível, sem riscos para a pintura original" e "as zonas conservadas da pintura original mantém boa coesão e adesão suficiente ao suporte". Para já, a dúvida: quererão os decisores ordenar o regresso possível ao Ecce Homem pré-restauro?