O chef daquele que é actualmente considerado o melhor restaurante do mundo, o espanhol Joan Roca, do El Celler de Can Roca, mais de 40 chefs vindos de vários países e ostentando quase todos estrelas Michelin, uma noite dedicada à cozinha tailandesa, outra à holandesa, e outra ainda aos novos chefs do Brasil, uma nova parceria com o hotel Conrad Algarve, uma extensão à Herdade da Malhadinha, no Alentejo, dez dias de jantares (e alguns almoços) – o Festival Internacional Gourmet do algarvio Vila Joya, que decorre entre 7 e 17 de Novembro, está a crescer e a expandir-se, e é já, garantem os organizadores, “o melhor da Europa”.
“O festival era uma óptima ideia quando começou há sete anos [em 2007], e quando o tentámos fazer melhor, automaticamente cresceu, e como não podemos aumentar o espaço do Vila Joya, queremos partilhar as nossas experiências gourmet com outras marcas”, explica-nos Gebhard Schachermayer, director de projectos especiais do Vila Joya, durante uma apresentação do festival em Lisboa. “Começámos com a Malhadinha e o Conrad, mas no futuro talvez com outros. Para já mantemos as coisas num círculo próximo do Vila Joya. Veremos se no futuro é possível termos noites em Lisboa também”.
Há, no entanto, lembra Gebhard, “enormes questões logísticas” envolvidas. É preciso por exemplo deslocar a imprensa estrangeira do Algarve até Lisboa, ou outros locais, e isso tem custos. Nesta edição, diz por seu lado, o director do festival, o holandês Justin Ultee, estão envolvidos chefs de 14 países, sendo que cada um trouxe um jornalista do respectivo país.
Gebhard conta que uma hora antes da apresentação em Lisboa recebeu um telefonema de um chef italiano que lhe disse que “toda a gente fala do festival como sendo o melhor da Europa”. E, no entanto, confessa ter “a impressão, embora possa estar errado, que as autoridades portuguesas não compreendem o potencial do festival, a importância e o impacto que tem noutros países”, e lamenta que a iniciativa “não tenha o feedback que poderia ter” junto dos responsáveis nacionais.
O director dos projectos especiais diz compreender que o Estado não poderia apoiar um festival centrado no Vila Joya, mas defende que quando este começa a alargar-se a outras zonas do Algarve e Alentejo, e quando há um grupo de jornalistas estrangeiros no país interessado em temas de gastronomia, seria importante tirar mais partido desse potencial.
Um festival maior é também um desafio maior, mas para Gebhard isso é bom porque “não se fica preso num formato”. No caso da Malhadinha, a estreia aconteceu já no ano passado, com um almoço feito pela chef April Bloomfield, vinda dos Estados Unidos. Este ano, a herdade alentejana recebe no dia 15 o brasileiro Rodrigo Oliveira, do restaurante Mocotó.
O Conrad – que tem como chef Heinz Beck, um alemão que se rendeu à cozinha italiana – estreia-se este ano com um jantar inaugural no dia 5, e tem ainda, a 16, a noite Italian Delight, com Heinz Beck e o italiano Enrico Cerea, e a 17 o Thai Delight, com Beck, e, vindos da Tailândia, Gaggan Anand, Kuhn Kla e Marco Westmaas.
Os restantes eventos acontecem no Vila Joya, onde estará Joan Roca, cujo El Celler de Can Roca, em Girona, lidera a lista dos 50 Melhores Restaurantes do Mundo da revista Restaurant. Como foi possível trazer Roca a Portugal? Justin Ultee conta que há três anos que o convidavam, e este ano ele aceitou finalmente o convite, mas isso aconteceu antes de o restaurante se tornar o melhor do mundo. O Vila Joya receou que, depois disso, Roca desistisse por excesso de solicitações, mas ele voltou a confirmar a sua presença e estará no Algarve para um jantar no dia 10.
Uma das grandes novidades deste ano será a noite tailandesa. Chama-se One Night in Bangkok, e, conta Justin, nasceu de uma proposta de Marco Westmaas, que rapidamente convenceu os organizadores do festival de que era importante trazer uma das cozinhas em ascensão, até porque “a Ásia é um mercado em crescimento”, e é importante desenvolver a relação com Portugal.
No Vila Joya – onde estará também, no dia 11, o português Nuno Mendes, do Viajante, em Londres – os anfitriões são o chef austríaco Dieter Koschina, e o sub-chef Matteo Ferrantino, que esteve na apresentação em Lisboa. Matteo, que é uma figura-chave na cozinha do Vila Joya, diz que o mais importante é a fase da organização em que é preciso encontrar todos os ingredientes pedidos por cada chef e ter tudo pronto. “Se acerto agora, corre tudo bem”.
No início era uma operação que hoje, vista à distância, parece quase modesta. “Em 2007 foram seis chefs e no dia do Koschina & Friends eram 12 todos juntos”, recorda Matteo. “Depois foi aumentando até chegar a este ano em que temos mais de 40 chefs de todo o mundo. A receita mágica é que a equipa inicial do Vila Joya continua a ser a mesma e é a coluna vertebral desde projecto. Mas ganhámos a experiência, e sabemos o que estamos a fazer, não improvisamos nada. Por isso, estamos preparados”.
Serão dez dias a trabalhar das oito da manhã às duas da madrugada para “fazer uma coisa lindíssima, que é uma grande responsabilidade para o Vila Joya, o Algarve e Portugal inteiro porque este é considerado o melhor evento gastronómico da Europa”. No início, recorda ainda, ligavam aos chefs estrangeiros para os convencer a vir. “Hoje são eles que nos ligam a perguntar se podem vir cozinhar em Portugal”.
O festival tem 60% de clientes portugueses e 40% de estrangeiros, que vêm sobretudo de Inglaterra (onde foi feita uma grande divulgação, nomeadamente com a distribuição de uma revista com o jornal Financial Times), mas também da Alemanha e dos países de onde são provenientes os chefs convidados. O preço dos jantares é de 350 euros ou 400 euros, dependendo das noites. A programação pode ser consultada aqui.