A partir de hoje, quem quiser ir ao melhor restaurante do mundo poderá voltar a encaminhar-se para Espanha, mais precisamente até Girona, na Catalunha: El Celler de Can Roca, o restaurante dos três irmãos Roca, subiu do segundo para o primeiro lugar na lista anunciada esta segunda-feira na cerimónia do The World’s 50 Best Restaurants em Londres. Destrona assim o dinamarquês Noma, que mantinha a liderança há três anos e passa agora a n.º 2. O terceiro lugar pertence à Itália, com a Osteria Francescana, de Massimo Bottura, em Modena.
O Celler dos Roca é obra familiar, conduzida pelos irmãos Joan, o mais velho, o mestre; Jordi, responsável pelas sobremesas; e Josep, o guardião da adega. Cresceram inspirados pelo restaurante dos pais e transformam o seu trabalho tanto numa homenagem permanente a esses sabores da infância como aos do mundo que, entretanto, foram conhecendo.
Graças aos Roca, depois do também catalão elBulli de Ferran Adriá ter sido cinco vezes o melhor do mundo (entre 2002 e 2009), a Catalunha e Espanha voltam a liderar as preferências dos mais de 900 especialistas que votam para a lista World Best Restaurants da revista britânica Restaurant.
Duas boas notícias para Portugal: o Vila Joya, do chef Dieter Koschina, subiu oito lugares (estreou-se no top 50 em 2012), ocupando agora o 37º. E o Viajante, do português Nuno Mendes, com morada em Londres, subiu para o 59º lugar (um salto de 21 lugares - no ano passado tinha entrado para a "lista B", 80.º lugar).
Não se confirmou assim aquela que parecia ser a aposta até do próprio René Redzepi, o chef do Noma, que admitiu numa entrevista à Folha de São Paulo que o Brasil poderia subir ao primeiro lugar, com o D.O.M., de Alex Atala. Na verdade, o D.O.M. caiu da quarta para a sexta posição, sendo agora o quarto posto ocupado por mais uma casa espanhola, o Mugaritz, de Andoni Luis Aduriz, no País Basco. Há ainda mais um espanhol nos dez primeiros: Arzak, dos bascos Juan Mari e Elena Arzak, pai e filha, a dupla mais querida da gastronomia espanhola.
Entre os lugares de topo mantêm-se o Eleven Madison Park, de Nova Iorque, que passa de 10º para 5º, e o Dinner by Heston Blumenthal, de Londres, que sobe de 9º para 7º. A salientar ainda duas entradas novas para o top 10: o austríaco Steirereck, que ocupa o 9º, e o alemão Vendôme. Grande queda sofreu o Alinea, de Chicago (do 7º para o 15º), enquanto o norte-americano Per Se passou do 6º para o 11º.
Significativa foi a ascensão dos peruanos, com Astrid Y Gastón, de Lima, a conquistar o 14º lugar, naquela que foi a maior subida de toda a lista: 21 posições. Outro restaurante de Lima, o Central, de Virgílio Martinez, entrou para o top 50, ocupando precisamente a 50º posição.
Os brasileiros poderão ter ficado desiludidos por não se ter confirmado a subida de Atala ao primeiro lugar, mas tiveram a consolação de ver aquela que é considerada uma das estrelas em ascensão na gastronomia do país, Helena Rizzo, do Mani, a entrar directamente para o 46º lugar. Há ainda outra brasileira, Roberta Sudbrack, na 80ª posição do top 100. Não restam dúvidas, portanto, de que as gastronomias espanholas e sul-americanas estão em grande em 2013.