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Paulo Pimenta

Ervas que nos dão prémios (e muito prazer)

Por José Augusto Moreira

Limonete de produção biológica nacional considerado como o melhor em concurso mundial. Uma experiência sensorial e prazer únicos, concluiu o júri dos Great Taste Awards, prémios vistos como os Óscares dos produtos alimentares.

Chamemos-lhe bela-luísa, que talvez seja entre os vários nomes por que é designada a planta aquele que melhor se ajusta ao estilo feminino e luminoso, mas também doce, fresco e perfumado, das folhas do limonete. Há também quem a designe por lúcia-lima ou doce-lima, mas o que é mesmo importante nesta altura é dizer que a nossa Aloysis triphylla atingiu os píncaros. Ou seja, o prémio para a melhor do mundo.

A distinção coube ao lote reserva de limonete do Cantinho das Aromáticas, que é cultivado em modo biológico e que foi eleito como o melhor do mundo logo no primeiro ano de produção.

E não é uma distinção qualquer, já que os Great Taste Awards, que se realizam todos os anos em Londres, são tidos como uma espécie de Óscares na área alimentar. Os produtos submetidos a concurso são apreciados por um exigente júri de especialistas, entre os quais se incluem chefes cozinheiros, críticos e responsáveis pelas compras dos mais reputados e exclusivos armazéns e cadeias de distribuição. Toda a avaliação é feita em provas cegas, ou seja, sem que os jurados conheçam a origem, as marcas ou as embalagens daquilo que analisam.

Eram este ano mais de dez mil os produtos a concurso originários dos mais diversos pontos do planeta e entre os que foram eleitos como os melhores nas respectivas categorias estavam dois portugueses: o lote reserva de limonete Cantinho das Aromáticas; e o queijo DOP de Azeitão do produtor Victor Fernandes.

E se no caso do queijo esta já não é a primeira vez que os produtos da península de Setúbal sobem ao primeiro lugar do pódio, tal como já aconteceu também noutros anos com alguns azeites de produção nacional, no caso das ervas aromáticas trata-se de uma novidade absoluta. E a par da classificação máxima (três estrelas) para o limonete, o concurso deste ano levou ainda ao pódio (com uma estrela) mais dois produtos com ervas de produção nacional: o lote reserva de erva-príncipe, também do Cantinho das Aromáticas, e a tisana de limonete da Hands on Earth, uma empresa de Braga que pelo terceiro ano consecutivo vê produtos seus entre os eleitos.

“Não há melhor forma de premiar o nosso projecto e o constante trabalho de equipa e de investigação que temos vindo a desenvolver”, refere Luís Alves, o principal responsável pelo Cantinho das Aromáticas. A empresa, que se dedica à agricultura e investigação apenas com ervas aromáticas, tem uma exploração com três hectares no coração da cidade de Gaia e sobranceira ao rio Douro. E é caso único na Europa ocidental de uma exploração agrícola em modo biológico em ambiente urbano.

À espera da ministra
“Somos caso de estudo no país e já fazemos parte da história recente da agricultura portuguesa”, refere, sem falsas modéstias, o apaixonado líder do projecto, que espera agora por uma visita da ministra da Agricultura, à qual foi já endereçado o respectivo convite. “No Reino Unido, estes prémios têm enorme repercussão e o ministro da Agricultura faz questão de felicitar todos o vencedores. Estamos ansiosos pela visita da ministra Assunção Cristas, não só para validar este tipo de agricultura mas também para incentivar a produção biológica de plantas aromáticas”.

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