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A Via Algarviana vai andar para trás?

Monchique, por exemplo, possui a “rota das árvores monumentais”, Alcoutim a “a rota do contrabandista” e Loulé a “rota da água”. Os trilhos estão sinalizados e apoiados com guias e folhetos informativos. “Um bom trabalho desenvolvido pela Almargem”, elogia Jorge Botelho, reconhecendo que “não foi ainda possível um entendimento com todos os municípios [sobre a importância do projecto]”, admite.

No passado dia 3 de Julho, na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR-Algarve), a Almargem reuniu-se com todos os presidentes das câmaras e outras entidades envolvidas no projecto. Apresentou um plano de contingência para assegurar a gestão do projecto, em fase de transição de candidaturas a fundos comunitários. “Todos concordamos em manter a VA, mas não chegamos a acordo quanto ao modelo de gestão e custos”, diz Botelho. A decisão ficou adiada para a reunião ordinária da Amal a meio de Julho, mas o assunto não foi incluído na ordem de trabalhos.

Jorge Botelho adianta, no entanto, que ficou “combinado, informalmente”, entre os autarcas presentes que cada um iria contribuir com 1700 euros até final do ano para assegurar “a continuação do projecto”. A concretização da promessa, explica, passa agora por cada um dos municípios por onde passa a rota levarem a proposta para aprovação em reunião de câmara. Jorge Botelho, também presidente da Câmara de Tavira, reconhece que o assunto tem de ser “debatido e aprofundado no seio da Amal, a partir de Setembro”.

O impasse em que a situação caiu deixa preocupada a coordenadora da VA: “Todos os dias estamos a receber pedidos de informação”. Os estrangeiros, explica, “não programam as férias em cima da hora”. Anabela Santos, cabisbaixa, continua a arrumar caixas contendo os guias e mapas mais recentes da VA, distribuídos gratuitamente. O modelo de gestão deste itinerário alternativo às praias foi desenvolvida pela empresa Other Signs-Consultoria Organizacional, Ldª e o estudo foi auditado pela BDO&Associados.

Alemães no Algarve desconhecido
O monte das Furnazinhas, no concelho de Castro Marim, é um daqueles lugares que os turistas alemães descobriram primeiro que os portugueses. João Pereira, montado numa velha mula, passa em frente ao café Sequeira. Mesmo sem dar ordem de paragem, o animal abranda a marcha. “Então Ti João, donde vem?", pergunta o dono do estabelecimento. O homem mostra o cesto de figos, apanhados pela frescura da manhã. Estava de regresso a casa, o calor começara a apertar. “Já deve ter mais de 90 anos”, comenta António Sequeira, elogiando a longevidade e a resistência do vizinho. “Nunca foi a um médico”, prossegue.

Qual o segredo para uma vida tão saudável? João Henriques, agrónomo, tem uma explicação: “A qualidade do ar e todo o ambiente natural que nos rodeia”. Por isso, uma vez alcançada a reforma, regressou à aldeia para reconstruir a antiga casa onde nasceu. A habitação foi transformada num espaço de turismo rural, com capacidade para alojar até 12 pessoas. “Mais de 90% dos meus clientes chegam pela Via Algarviana”, diz. Nos últimos três anos, informa a Almargem, o projecto injectou nas pequenas economias locais 2,5 milhões de euros. O agrónomo confirma a importância do projecto: “permitiu olhar para estes territórios de uma outra maneira”, sublinha. Os alemães são os principais utentes desta rota, logo seguidos dos holandeses. O número de visitantes que acedem ao website cresce a uma média de 14% ao ano.

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