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A “selecção nacional” de pizzaiolos

Por Cristina Faria Moreira

Jardim dos Clérigos, no Porto, acolheu a terceira edição do Campeonato Português de Pizza.

Debaixo de um sol abrasador, a competição começou cedo no Jardim dos Clérigos. Trinta e três pizzaiolos (profissionais especializados na preparação depizzas) a concurso vieram de todas as zonas do país para provar que a sua pizzamerecia um lugar entre as melhores da Europa e do mundo, nas três categorias a concurso: a de Master Pizzaiolo, a de Beleza e a de Paladar. 

Um a um, começam por estender a massa, de forma artesanal, sem rolos e sem máquinas. Não falta o molho de tomate (a receita mais secreta) e os toppings, dos mais tradicionais como o queijo, bacon, presunto, frutos do mar, aos mais inusitados, como o bacalhau ou a lampreia. Depois de concluída a montagem da pizza, é hora de a levar ao forno, para ser depois servida aos jurados, entre os quais se destacam a tricampeã mundial, Grace, o chef Cordeiro, reconhecido com duas estrelas Michelin, e Paulino Queirós, campeão nacional no ano passado. 

Do Algarve, e pela segunda vez, vem Daniel que este ano trouxe à competição uma pizza serrana “para representar a serra algarvia”, diz. Apesar dos nervos, a prova correu “bem”. E que bem. Quando falou ao PÚBLICO, Daniel estava longe de imaginar que seria o Master Pizzaiolo da competição, uma categoria que pretende distinguir o profissional que demonstrou o melhor domínio das técnicas de confecção. Afinal, são já 11 anos dedicados à iguaria italiana para quem começou aos 16. O tio era pizzaiolo e quando viu que Daniel “tinha queda para a pizza arranjou-lhe um trabalho numa pizzaria. “Fui um autodidacta porque aprendi tudo sozinho e fui vendo as pessoas que sabiam mais do que eu. Apanhei-lhe o gosto e continuei”, conta o pizzaiolo algarvio da pizzariaMouraPão. Para o vencedor, a iniciativa permite desmistificar a ideia de que a “a pizza é só pôr no microondas”, dando às pessoas a possibilidade de ter contacto directo com o processo de feitura de uma pizza artesanal. 

O Jardim dos Clérigos foi uma pizzaria a céu aberto. Os aromas, as toalhas vermelhas e verdes aos quadrados e o grande forno no centro do jardim atraíam algumas dezenas de pessoas que aproveitavam para petiscar. É o caso do pai Paulo Diogo e do filho Francisco que estavam de passagem num passeio de férias e aproveitaram para provar algumas das pizzas que estavam “muito boas”, por sinal. “Vou muito ao restaurante do António Mezzero em Matosinhos”, conta Paulo Diogo. 

António Mezzero é o responsável pela organização do Campeonato Português de Pizza. O sotaque italiano não engana, mas o português quase perfeito denuncia os oito anos em que cá está. A paixão já é antiga. “Eu nasci num saco de farinha. O meu pai tinha seis pizzarias na Alemanha e comecei a trabalhar aos 11 anos”, conta. A paixão virou trabalho e os produtos “de qualidade” que Portugal tem dão “para fazer uma pizza muito boa, de nível mundial”.

A ideia de reunir os pizzaiolos do país começou como uma “brincadeira”, mas percebendo a paixão que os portugueses têm por comida, começou a ficar “uma coisa séria”. Prova disso é já a terceira edição da iniciativa que tem aumentado o número de participantes. Este ano são 33 mas o objectivo é “aumentar sempre, chegar a uns 50, 60 e ter cinco categorias”, refere António Mezzero.

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