Há "jardins suspensos" em todas as 20 ruas e largos do Pereiro numa tradição que remonta à época em que vivia da recolha da resina e dos pinheiros e que "envolve toda a população na preparação das flores que os moradores e familiares se dedicam a fazer ao longo do ano", disse à Lusa o vice-presidente da Associação Cultural, Desportiva e Recreativa do Pereiro (ACDRP), António Maia.
O evento, realizado "há mais de 70 anos", conheceu novo alento depois da obtenção do estatuto de 'capital das ruas enfeitadas', publicado oficialmente no dia 10 de maio de 2013, e também devido ao interesse de muitos descendentes dos residentes em colaborar na feitura das flores", disse o mesmo responsável, lembrando a vertente cultural e religiosa, mas também a importância turística e social do evento.
"A aldeia tem apenas 150 habitantes, a maioria são idosos e muitos vivem isolados. A tradição e a tarefa de fazer as flores ao longo de todo o ano permite que as pessoas se agrupem e convivam, o que é também muito importante para esta comunidade", destacou Maia.
Inicialmente feitas com flores em papel nas janelas e portas das casas no dia da procissão, as decorações passaram recentemente a ser feitas em plástico reciclável, para evitar que, "se chover, o trabalho de um ano não vá todo por água abaixo num único dia", justificou o mesmo responsável.
A realização da festa implica um investimento na ordem dos 13 mil euros em "plástico, fios, estruturas e materiais diversos", angariados através de iniciativas promovidas pela ADCP ao longo do ano e com as comparticipações da Junta de Freguesia, Câmara Municipal de Mação e Turismo do Centro.
"Este ano, ao todo, temos cerca de 200 mil flores e muitos milhares de recortes [pendentes]" que, até dia 28, enfeitam as duas dezenas de ruas e largos da aldeia. "Em muitas ruas, são tantas as flores que nem se vê o sol", enfatizou.
A par das ruas enfeitadas e da animação musical, a festa na aldeia do Pereiro constitui ainda uma oportunidade para divulgar a gastronomia, a doçaria típica da região, tendo Maia destacado "o frango assado na brasa, os bolos fintos e as fofas (cavacas) de Mação".
O ponto alto dos festejos, no domingo, é constituído pelas cerimónias religiosas com missa solene e a procissão com a padroeira da aldeia, Nossa Senhora da Saúde, transportada simultaneamente por 16 pessoas, que pagam as suas promessas percorrendo as ruas enfeitadas.