Fugas - restaurantes e bares

  • Vila Joya
    Vila Joya Nuno Ferreira Santos
  • Dieter Koschina
    Dieter Koschina Vasco Célio
  • Vila Joya
    Vila Joya Vasco Célio

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Vila Joya

Começou tudo muito bem, com uns entreténs-de-boca, gentileza do chefe de cozinha Dieter Koschina, empratados à japonesa e muito mediterrânicos, de acordo com o espírito do lugar: sardinha marinada e acompanhada por ''pesto'' bem marcado pelo basílico; ''foie gras'' com molho de framboesa; salmão e caviar com raiz de aneto; ovo de codorniz estrelado sobre molho verde anchovado; e vieira fresca com um toque de açafrão, azeitona verde e pimento vermelho.

Fica-se logo muito bem disposto. Depois, ainda antes da entrada e do prato de resistência, foi a vez de um puré fino de batata a contrastar com uma colher em que coexistiam tomate e cantarelos numa espécie de salada fria. Seguiram-se, numa linha de simplicidade que caracteriza a cozinha do Vila Joya, em que a intervenção do cozinheiro se preocupa em sublinhar a alta qualidade das matérias-primas, as massas com pepino e salmão fumado (macio, amanteigado, uma beleza) e as refrescantes fatias de cabeça de vitela sobre vinagreta de tomate.

Como pratos principais, elegeram-se o pregado (sem peles, nem espinhas), fresquíssimo, de carne firme, na companhia dos coloridos cantarelos, um cogumelo comum em algumas regiões portuguesas; e o lavagante servido em dois pratos. Ou seja, primeira metade com um molho de citrinos, preparação relativamente falhada por o molho de citrinos que a acompanhava ter surgido muito doce, em virtude da dominância do sumo de laranja, que abafou a lima/limão e a toranja; segunda metade, muito bem, com um simples molho de manteiga, pareceu-me ligeiramente temperado com açafrão. Lavagante de sabor refinado, cozinhado no ponto. Como acompanhamento, um puré de batata com ovas de salmão e esturjão (caviar), leve, muito bem ligado e temperado, que foi, de toda a refeição, o que mais retive na memória.

Das sobremesas experimentou-se, com grande prazer, o chocolate estaladiço com framboesas e gelado de ''champagne''. O calor apertava e o final tinha que ser refrescante. O café, aromático e fino, cumpriu a sua função. Bebeu-se o sofisticado branco alentejano Baron de B reserva da colheita de 2001, de uma carta de vinhos recheada com algumas das mais conhecidas referências mundiais (França, sobretudo, mas também Itália, Espanha, Austrália, Nova Zelândia, EUA), de quase todos os grandes vinhos portugueses (Verdes, Douro, Dão, Bairrada, Ribatejo, Estremadura, Terras do Sado, Alentejo, Algarve, espumantes), uma belíssima selecção dos melhores Porto e Madeira, bem como "champagnes". Há uma carta de charutos, para os adeptos.

O serviço, atento, discreto e gentil, é de grande nível. Não seria, aliás, de contar com outra coisa. A conta final rondou os 100 euros/pessoa. É a tal coisa das vidas baratas e das vidas caras. Ou, como diz uma das personagens da "Escolinha do Professor Raimundo", diariamente na TV Cabo, no GNT: "Quem não tem dinheiro, conta histórias".

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