Fugas - restaurantes e bares

Paulo Ricca

O caminho das tapas de Santiago

Por José Augusto Moreira

Por estes dias "Santiago(é)Tapas". O concurso termina este mês mas serve também de guia de dicas para "tapear" pela zona numa próxima viagem. Na ementa, uma centena de requintadas elaborações gastronómicas e a preço simbólico.

Santiago de Compostela para além do apóstolo e da catedral. O desafio passa por isso mesmo. Visitar a capital galega sem que o tema religioso ou patrimonial esteja no centro das motivações. O aliciante é, agora, gastronómico e a proposta passa pela degustação de mais de uma centena de elaboradas tapas que por estes dias são confeccionadas em dezenas de bares e restaurantes espalhados pela cidade.

Sob o lema "Santiago(é)Tapas", o concurso de tapas organizado pela empresa municipal de turismo decorre até ao último domingo deste mês de Maio e inclui-se nas actividades comemorativas dos 800 anos da consagração da catedral. No total são 60 os estabelecimentos da cidade que participam no concurso, oferecendo 113 propostas de tapas diferentes. Em muitos casos o termo tapas não passa até de mero eufemismo, pois o que é oferecido são elaborações de alta gastronomia. E todas com o preço fixo de dois euros. Sim, todas as tapas participantes no concurso têm o mesmo preço fixo, sendo que nalguns casos se trata de coisas tão sofisticadas como "crocante de lagostim", "pescada sobre emulsão de ervilhas", "bacalhau com molho de Porto e passas", "mexilhões em escabeche de perdiz", "frango com ostra" e por aí fora.

Um nível culinário que mostra não só tratar-se de uma competição onde os profissionais dos fogões se empenhem a fundo, mas que dá mostras também da pujança da actual cozinha espanhola e explica o papel de vanguarda culinária mundial que por todos lhe é reconhecido

Como a oferta é muita e diversificada, foi criado um roteiro que ajuda o visitante a organizar-se por estes caminhos do prazer gastronómico. E como a Santiago se associa sempre a ideia dos caminhos de peregrinação, também o roteiro das tapas está, assim, organizado por itinerários. Para participar basta ter o "TapasPorte", um caderninho em formato de passaporte que se pode pedir em qualquer dos bares participantes ou no posto de turismo que fica na Rua do Vilar, bem no centro da zona histórica.

São cinco as (é)tapas possíveis de percorrer, cobrindo outras tantas zonas da cidade, da zona histórica às praças e bairros de maior animação da parte moderna. Cada percurso junta uma dúzia de bares ou restaurantes à volta e praças emblemáticas da cidade como as do Obradoiro, de Cervantes ou da Galiza, na zona histórica. Nos bairros novos os percursos estão organizados em torno da Praça Roxa (vermelha, em Galego), o centro da zona de compras e de maior animação na parte mais moderna da urbe, havendo um outro associado ao bairro de São Lázaro, zona de entrada para os peregrinos que percorrem o Caminho Francês.

A pensar na animação nocturna há também o "(é)copos", um percurso de pubs no centro histórico que oferece uma série de combinações alcoólicas igualmente concebidas para o período do concurso. O preço é de 3,5 euros, bastando para isso exibir o "TapasPorte". Além de poder coleccionar os carimbos de cada um dos locais visitados - há prémios para quem complete cada um dos percursos - no caderninho há também toda a informação sobre o concurso, com mapas e localização dos estabelecimentos participantes, fotografias e descrição de todas as tapas participantes. Tem também indicação sobre horários e funcionamento, sinalizando ainda se a tapa é de peixe, carne, vegetariana ou doce.


Avaliadas por júri profissional: Todas as elaborações têm que ser inovadoras

Mais do que os preços atractivos, "Santiago(é)Tapas" é uma oportunidade única para saborear sofisticadas elaborações culinárias. Algumas com técnica e execução ao nível do que se pratica nos restaurantes que estão no top mundial. O enfoque está, claro, nos produtos galegos, com destaque para os peixes e mariscos, mas é também muito forte a ligação às tradições locais, como as empanadas - as de milho são verdadeiramente gulosas -, o polvo ou o cozido galego.

Um nível de qualidade que se pode explicar não só pela quantidade de jovens que saem das conceituadas academias de cozinha espanholas, mas também pelo incentivo à criatividade que o concurso representa. Esta é a quarta edição e todas as tapas participantes têm que ser inovadoras, isto é, não podem ter sido apresentadas em anteriores edições ou terem sido alguma vez oferecidas nos respectivos estabelecimentos. Além disso, os candidatos têm que as executar perante um júri profissional que decide da sua admissão ao certame.

É claro que ao visitante será apenas possível provar uma pequena parte das 113 tapas do concurso. O melhor é mesmo não se preocupar muito com a escolha seguindo os roteiros do "TapasPorte", sem o qual não conseguirá sobreviver. Aconselhável é uma passagem pela zona da Praça Roxa, onde estão alguns dos bons exemplos da aliança culinária entre a modernidade e a tradição. Além do mais esta é uma zona onde abundam as esplanadas e menos frequentada pelos turistas-peregrinos.

Dentro da zona história são mais que muitos os lugares a não perder, sendo interessante constatar como mesmo nas mais antigas e tradicionais tascas, daquelas onde há sardinhas fritas e vinho à malga, se servem também modernas e sofisticadas combinações.

Toda a informação sobre o concurso, incluindo fotos e receitas, no site www.santiagoetapoas.com.

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