Fugas - restaurantes e bares

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    Max Adriano Miranda
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    Book Fernando Veludo/Nfactos
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Os gastrobares juntam-se à animação da Baixa do Porto

Por José Augusto Moreira

São os novos espaços da mudança na Baixa do Porto. Vocacionados para a oferta gastronómica, os restaurantes assumem também a vertente de bar com horários a entrar pela animação da noite. É a gastronomia a adaptar-se à revolução "low cost".

É a outra vertente do vendaval de animação que nos últimos tempos vem mudando a face às ruas da Baixa do Porto. A par da multiplicação de bares, hotéis de baixo custo, espaços de arte, diversão ou comércio alternativo, também a restauração se vai adaptando à revolução low cost e ao ritmo da movida. A acompanhar as novas tendências, aí estão as casas de comida étnica, vegetariana ou os espaços gastronómicos com horários alargados. São os gastrobares a juntar-se à animação. 

A coisa fervilha sobretudo no quarteirão Aliados/Ceuta/Clérigos, onde se tem concentrado a maior oferta e continuamente surgem novidades. Entre as mais recentes estão os restaurantes Book e Max, ambos sobretudo vocacionados para a oferta gastronómica, mas compreendendo também espaço de bar e com horários a entrar pela animação da noite. 

Book
O Book - já apresentado na Fugas na versão bar - posiciona-se num patamar de certa sofisticação. Associado ao Hotel Infante Sagres, em cujo edifício se integra, na parte voltada para a Rua de Aviz, insere-se também na lógica e estratégia do Grupo Lágrimas, da família Júdice. Funciona, por isso, em articulação com o conceito gastronómico do grupo, onde pontifica o chef Albano Lourenço, uma estrela Michelin no restaurante Arcadas da Capela, em Coimbra. 

A carta gastronómica do Book é servida apenas ao jantar e aos fins-de-semana, havendo ao almoço um buffet que inclui saladas, peixe, carne e sobremesa, pelo atraente preço de 11 euros. No dia em que a Fugas fez a experiência, a oferta constava de filetes de peixe-espada (fresquíssimo e muito bem cozinhado) e arroz de pato. Além de elegante e moderno, o espaço mantém também a memória da antiga livraria Aviz, que ali funcionou até há poucos anos. 

Max
Caminhando em direcção à zona dos Clérigos, segue-se a Rua do Conde de Vizela, onde recentemente se instalou o Max, um bar-restaurante cujos proprietários já exploravam a contígua OportoHouse, umas das várias unidades de alojamento low costda zona.

O estilo é moderno e informal, ocupando todo o piso térreo de um dos velhos edifícios até agora em processo de degradação. Além da sala de entrada, escassamente iluminada e com capacidade para umas 40 pessoas, há também um simpático e arejado terraço onde se podem sentar à vontade mais umas 20 pessoas. Mesas e cadeiras em plástico com vocação para esplanada de Verão, mas também apetrechado com os aquecedores-chapéu para os dias menos acalorados e secos. Foi aqui que, atraídos pela luminosidade, nos sentámos para degustar as propostas de uma carta que se apresenta em cinco capítulos: petiscos, peixes, carnes, pastas e doces tentações.

A vocação petisqueira e o critério gastronómico tornam-se logo evidentes à primeira vista. Tripas à moda do Porto; línguas de bacalhau em caldeirada; pica-pau de novilho com chouriça transmontana; saladinha de polvo em molho de coentrada; lulinhas recheadas com tomatada; bombons de alheira; costelinhas de porco em vinha d"alhos; ovas de sardinha; iscas de leitão e cebolada; morcela crocante com maçã confitada; ovos mexidos com chouriço, compõem a oferta do capítulo inicial. 

Pequenas doses servidas em pequenos tachos, de muito bom aspecto e com preços a variar entre seis e oito euros, com excepção das ovas de sardinha, que sobem aos 11 euros. 

Para matar a curiosidade, provaram-se as línguas de bacalhau em caldeirada, confirmando a boa impressão inicial. Textura e sabor a denotar critério e equilíbrio culinário.

Nos peixes, solicitou-se lombo de pescada com crosta de azeitona (11,50 euros) e a pescada lardeada com grelos salteados, que integrava o leque dos pratos do dia, a seis euros. Doses generosas, a exibir boa combinação de sabores e o mesmo equilíbrio culinário. A carta oferece ainda bacalhau à Brás (11,50 euros) e tamboril lardeado com toucinho, batata-doce e molho vilão (12,50 euros).

Entre as pastas, experimentou-se o macarrão com cogumelos selvagens (10 euros), correcto e bem composto de fungos, havendo ainda a opção por tagliatelli de salmão fumado (11 euros) ou esparguete de tinta de choco, camarão e alho (11,50 euros).

Igualmente generoso na quantidade e de confecção sápida e correcta, o confit de pato com migas regionais (12,50 euros). Coxa e sobrecoxa cozinhadas na apetitosa gordura que contaminava as macias migas. Tudo com empratamento cuidado na companhia de uma saladinha com alface e cenoura. 

As restantes carnes da lista constam de bochechinhas de porco preto com puré de batata e uvas brancas e bife à portuguesa, a 11,50 e 12 euros, respectivamente.

Se dúvidas houvesse, também as propostas doces reforçam a ideia de oferta de pequenas e gulosas doses da mais consistente e requisita gastronomia popular. Pudim abade de Priscos; arroz doce em leite de coco com gelado de canela; tiramissu; bolo de amêndoa com chila ovos-moles; papos d"anjo com frutos silvestres; mousse de chocolate com suspiros; requeijão com doce de abóbora e canela; queijo amanteigado com selecção de composta e finas tosta.

Com preços a variar entre três e quatro euros e meio, é claro que não poderíamos estar perante grande refinamento. Diga-se, no entanto, que se cumpre com evidente sucesso o objectivo de dar a provar algumas das gulodices da tradição e sem adulterar as receitas. Olhe-se, por exemplo, para o pudim, que, não deixando de seguir a receita, deixaria certamente desgostoso o abade criador pelo evidente rateio na quantidade de ovos.

Atento o contexto em que se insere, o Max não pode deixar de ser visto como uma louvável e muito interessante iniciativa gastronómica. A preços bem moderados, oferece um bom leque de propostas capazes de aproximar da boa gastronomia uma fauna frequentemente orientada para os caminhos do fast-food e outras variações menores do capítulo alimentar. Mas não só por isso. Numa lógica peqtisqueira, é capaz também de proporcionar verdadeiro prazer aos amantes das artes do garfo, com pormenores de boa cozinha, critério e equilíbrio.

Igualmente sensata é a lista de vinhos, que, não sendo muito alargada, permite as opções de preço moderado para todas as regiões. E também ajustadas à oferta gastronómica, como é o caso de um vinho doce austríaco para as sobremesas.

Serviço afável, colaborante e eficiente, o que também em muito ajuda à satisfação.

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Book
Rua de Aviz, 10
4050-259 Porto
Tel.: 917 953 387
www.restaurante-book.com
Cartões: aceita
Fecho: não fecha
Horários: 12h-15h e 20h-2h 
Estacionamento: Parques da Praça de Lisboa ou Praça Carlos Alberto

Max
Rua Conde de Vizela, 68
4050-639 Porto
Tel.: 222 080 757 / 910 393 205
Cartões: Multibanco
Fecho: só ao almoço de domingo
Horário: 12h-15h e 19h30-1h
Estacionamento: Parques da Praça de Lisboa ou Praça Carlos Alberto

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