Fugas - restaurantes e bares

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Cubano cozinha Portugal e Cuba em restaurante de sucesso em Havana

Por Felipe Gouveia, Lusa

No Porto-Habana, há rabanadas ou leite-creme, língua de vaca estufada com ervilhas ou cabrito em tom luso.

Antigo imigrante em Portugal, o cubano Jonathan Reyes Gil é hoje considerado um promissor chefe de cozinha em Havana, graças também à tradição gastronómica portuguesa, que é um sucesso em Cuba.

Rabanadas, leite-creme, língua de vaca estufada com ervilhas, cabrito, peixe grelhado ou vários pratos de porco são algumas das especialidades do restaurante Porto-Habana, um nome escolhido também para homenagear essa fusão gastronómica dos dois lados do Atlântico.

“Vivi dez anos em Portugal. Há dois anos, com a abertura da ilha aos pequenos negócios privados, decidi voltar para cá, porque é a terra onde nasci e abri este restaurante, onde há uma fusão da gastronomia cubana e portuguesa”, explica, com um sorriso, Jonathan Reyes.

A par de pratos típicos cubanos, e receitas europeias como tartes de queijo ou filet mignon, Reys introduziu pratos portugueses, num estilo único na capital de Cuba que atrai turistas de visita a Havana.

“O nome do restaurante é Porto-Habana, porque para mim são as minhas duas cidades de eleição”, diz Reys, que se confessa apaixonado pela cidade nortenha onde viveu.

“Quem emigra fica dividido entre duas cidades, nasci aqui, tenho amigos e família, mas vivi lá e mantenho nacionalidade portuguesa, amigos e gente de lá que quero como família”, afirma o chef, de 32 anos, num intervalo do serviço.

E sobre Portugal? “Tenho saudades de tudo, dos lugares e até de um restaurante da Avenida Boavista onde comia rojões, cabrito, carne portuguesa ao forno”, recorda.

“Portugal para mim foi tudo. Fui embora de Havana aos 21 anos e foi em Portugal que comecei a absorver o que é toda a experiência da vida”, elogiando o país que o acolheu.

Em Portugal, pude “absorver experiências, de conhecer coisas e de ter acesso a tanta informação” e “aprendi coisas que nunca imaginei que existiam”, salienta, falando em português escorreito.

“Não é difícil aprender português, o difícil é o sotaque, acho que para ter sotaque português é mesmo preciso nascer em Portugal”, explica o cozinheiro, que diz ter “saudades do Inverno” europeu.

“Aqui a gastronomia é diferente, a vida é mais calma, o tempo estica-se mais. Lá vive-se mais intensamente, há muita coisa para fazer, há muita informação, há muita liberdade”, diz.

Muitas das receitas que hoje fazem parte da ementa do Porto-Habana, aprendeu com amigos portugueses que tinham restaurantes.

Para melhorar a oferta, decidiu enviar a Portugal alguns funcionários, entre os quais um dos cozinheiros, que “aprendeu a fazer, por exemplo, o creme de ovo que levam os bolos”.

“Até aprendeu a fazer croissants à forma portuguesa que são mais doces, mais fofos e têm uma cor mais amarela”, diz.

Porto-Habana está numa zona de classe média em Havana e torna-se difícil conseguir um lugar sem reserva prévia, um sucesso que Reys partilha com a qualidade da gastronomia portuguesa, importada para as Caraíbas.

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