Fugas - restaurantes e bares

Cozinham, comem, fotografam, escrevem, gostam, partilham. Ou nem por isso?

Por Miguel Pires

O Facebook, o Twitter ou o Instagram podem ser ferramentas muito interessantes e úteis para quem se movimenta no mundo da gastronomia.

Não é preciso ler um tratado sobre o assunto para se ficar a saber sobre a influência das redes sociais em muito do que fazemos. Se há quem escancare a sua vida pessoal perante um vasto grupo de “amigos”, outros utilizam-nas, sobretudo, como forma de divulgação das suas ideias, opiniões, ou actividades comerciais. Levando o assunto para o mundo da gastronomia, pense-se num restaurante como o Ferrugem, na aldeia de Portela, próximo de Famalicão. Quando há umas semanas os chefs Renato e Dalila Cunha apresentaram a sua versão do “bacalhau com todos”, da nova carta de Outono, colocaram uma bela imagem do prato na sua página do Facebook. Resultado: em pouco tempo a mensagem chegou aos milhares de seguidores, que interagiram deixando comentários elogiosos e mais de uma centena de “likes/gostos”. 

Dificilmente outra forma de comunicação gratuita dependente da sua iniciativa teria uma resposta tão imediata e eficaz. Se o casal estivesse em Espanha e divulgasse igualmente esse post através do Twitter, ou, no Brasil, através do Instagram, a propagação da mensagem seria ainda maior, dado que, ao contrário de cá, estas redes são muito utilizadas pela comunidade gastronómica.

Em Portugal, nesta área, os dois grande dominadores do Facebook são Henrique Sá Pessoa e José Avillez. Na página pessoal do primeiro não há grande actividade nem hordas de “amigos”. Contudo, na do seu programa de televisão Ingrediente Secreto, onde posta sobretudo receitas, o chef do Alma (com reabertura no Chiado para breve) possui, à data, mais de 160 mil seguidores. Já a página de José Avillez é utilizada de uma forma mais abrangente, mas também para divulgar assuntos profissionais ou relacionados. Os posts são geralmente de carácter informativo/promocional e geram um nível de interactividade impressionante. 

De uma forma menos profissionalizada, o chef portuense Rui Paula tem igualmente um número assinalável de seguidores (33.300) e, como acontece com uma boa parte dos nossos chefs, é o próprio a gerir a página. Os temas não são muito diferentes dos já citados, apenas têm mais opinião. 

Se o Facebook é sem dúvidas a rede social mais utilizada em Portugal (tal como a nível mundial), o Instagram será provavelmente a mais interessante, devido à forma simples e efectiva (através de imagens) com que nos podemos focar no que queremos ver e partilhar. Contudo, embora um pouco mais expressivo do que no Twitter, também o potencial do Instagram não é explorado pela nossa comunidade gastronómica. Porém, não é complicado fazê-lo. Com alguma persistência e investimento de tempo (o que, através dos smartphones, é muito fácil, utilizando os períodos mortos) é possível seguir e mostrar a uma comunidade mundial o que se vai realizando nesta área, quer seja o trabalho de um chef, restaurante, jornalista, blogger, designer ou gastrónomo.15 “activistas” a seguir no Instagram 

15 activistas a seguir no Instagram

Jamie Oliver (@jamieoliver): 2 milhões de seguidores. Oliver por ele próprio com opiniões, auto-promoção, intervenção social, e, sobretudo, óptimas fotos de pratos, produtos e lugares.

Rene Redzepi (@reneredzepinoma): 71 mil seguidores. Chef dinamarquês activista, fotografa o seu dia-a-dia e a actividade da irmandade ligada ao melhor restaurante do mundo (o Noma).

Quique Dacosta (@qiqedacosta): 12 mil seguidores. Fotos pessoais e profissionais do chef valenciano. Pratos do restaurante e envolvente.

Bo Beck (@bobech): 11 mil seguidores. Chef do restaurante de culto Geist, em Copenhaga. Pelas fotos que publica podia muito bem ser fotógrafo. 

Virgilio Martinez (@virgiliocentral): 9623 seguidores. Chef peruano em grande destaque actualmente, aproveita este meio para divulgar os seus pratos e os famosos produtos autóctones do seu país.

Luciana Bianchi (@lucianabianchi): 6800 seguidores. Jornalista de gastronomia permanentemente em viagem. As suas fotos revelam o seu empenho em divulgar o trabalho de chefs emergentes e pequenos produtores.

The Carton (@thecarton): 2734 seguidores. Fotos de pratos e de ilustrações da revista que publica sobre cultura gastronómica do Médio Oriente.

Little Meg Siu (@little_meg_siu_meg): 22 mil seguidores. Food globetrotter de Hong Kong. Óptimas fotos e comentários bastante elaborados e críticos sobre cada prato que come e fotografa em restaurantes. 

Fábio Moon (@fabmoon): 19 mil seguidores. Foodie brasileiro, fotografa muito bem e obsessivamente o seu dia-a-dia em restaurantes. 

Rafael Mantesso (@rafaelmantesso): 118 mil seguidores. Designer gráfico de grande nível e humor refinado que envolve muitas vezes comida e o seu cão bull terrier. 

Ana Gil (@agil_): 11 mil seguidores. Ilustradora e urban sketcher, a portuguesa Ana Gil fotografa os seus desenhos em situações do quotidiano, muitas delas passadas à mesa.

Plataformas de divulgação de pratos de chefs menos conhecidos mas com apurado sentido estético:

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