Fugas - restaurantes e bares

  • Pedro Oliveira e Sandro Meireles
    Pedro Oliveira e Sandro Meireles DR
  • Barriga de Espadarte
    Barriga de Espadarte DR
  • As cébres cracas
    As cébres cracas DR
  • Atum
    Atum DR
  • Sobremesa de ananás
    Sobremesa de ananás DR

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Ao que sabe o melhor das ilhas?

Puro produto a barriga de espadarte. A desfazer-se na boca com a envolvência aveludada de um creme de cebola de cortume e a frescura salgada da erva do gêlo, uma especialidade exclusiva dos Açores. Única é também a posta de cherne de águas profundas do mar açoriano, em confecção primorosa na companhia de arroz de lapas, óleo de torresmo e pimenta da terra, num menu que mimou ainda o palato com delicado atum, tubérculos e maracujá e terminou em apoteose com uma sobremesa de ananás em texturas e composições variadas.

Falta dizer que todos os pratos tiveram acompanhamento perfeito com vinhos dos Açores, brancos e licorosos, outro sector em que a qualidade tem crescido de forma notória. Destaque-se ainda que todos os pratos foram confeccionados exclusivamente com produtos das ilhas açorianas, apenas com a única excepção do arroz (carolino). Notável e revelador!

Prata da casa

Bem revelador é também o facto de tudo isto se obras dos chefes ligados à Escola de Formação Turística e Hoteleira, uma equipa chefiada por Pedro oliveira e Sandro Meireles, sendo justo que se refiram os restantes elementos: Nuno Santos, Donária Pacheco, Raúl Sousa, Renata Rodrigues, Rui Medeiros, Júlio Carreiro, Ramiro Meneses e Marco Glória. 

É também com prata da casa que funciona todo o festival ao longo dos dez dias de duração. São os alunos que dão apoio na cozinha aos diversos chefes participantes e também todo o serviço de sala faz parte da formação. Para lá da eficiência e desenvoltura, dá gosto também vê-los pelo evidente gosto e orgulho com que participam. 

Tudo tem lugar no belo cenário do restaurante Anfiteatro, a unidade de aplicação da escola de hotelaria que está aberto ao público ao longo de todo o ano e onde é possível comprovar como tem evoluído a cozinha e o serviço nas ilhas açorianas. 

Numa região onde se dizia que toda a cozinha era à base de sal e pimenta da terra e onde até as hóstias não deveriam escapar à regra, é com especial gozo que observa o apuro técnico e criatividade de que dá mostras a cozinha local. Não só porque aproveita e potencia a grande qualidade dos produtos da região mas porque sabe também agora a modernidade e sofisticação.

Brancos dos Açores
Vinhos com forte identidade e cada vez melhores

A par dos fabulosos licorosos naturais que acompanharam a entrada e a sobremesa do menu dos chefes açorianos, o Buraca Arinto e Verdelho do Açores 2009, seco, e Czar 2009, meio seco, os restantes pratos foram maridados com quatro dos modernos brancos de produção local. Verdelho Original 2014, by António Maçanita; Curral Atlântis Verdelho & Arinto 2014; Frei Gigante 2013; e Magma 2013.

O festival foi também aproveitado pela Comissão Vitivinícola dos Açores para dar a provar os vinhos da região e assim pôr também de manifesto a evidente evolução na qualidade. Principalmente nos brancos, que dão mostras de uma garra e identidade que os tornam únicos e apetecíveis.

A viragem começou também há poucos anos, com a secretaria regional da agricultura a apoiar um projecto da CVR que envolveu o enólogo António Maçanita na recuperação da casta Arinto local, que estava já em vias de extinção. Com vinhas únicas plantadas na rocha vulcânica e cultivo nos históricos currais, surgiram também outros enólogos continentais, como Anselmo Mendes e Paulo Laureano, associados a novos projectos e o resultado foi quase imediato.

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