Fugas - restaurantes e bares

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Nestes jantares-guerrilha, o mundo é um palco com comida

Os jantares All The World’s a Stage marcam o início de uma parceria dos Silver Spoon com o Hotel Ritz Four Seasons. Por isso, depois de subirmos ao primeiro andar, pela escadaria iluminada por velas, descobrimos numa cozinha improvisada, também ao lusco-fusco, o chef do Ritz, Pascal Meynard, com a sua equipa, e o chef dinamarquês Ronni Mikkelsen, convidado para estas noites.

Os dois trabalharam em conjunto para criar um menu que reflectisse as várias ideias por detrás destes jantares. Mas, para as perceber, o melhor será ler o que escreveram os próprios organizadores: “Actores, actores por todo o lado. Este ano, os Silver Spoon convidam-no para um regresso encenado às decadentes celebrações do Dia de Acção de Graças em eras passadas. Atravesse as portas duplas e entre um universo fabricado onde todos desempenhamos um papel ao longo da noite.”

Passada a “cozinha”, os presentes são convidados a escolher um lugar à mesa numa das quatro salas que renascem, levemente fantasmagóricas, à luz das velas, revelando as cores do passado: uma vermelha, as outras três em diferentes tons de verde, a tinta já a cair, os estuques nos tectos a deixar ver que o tempo passou e alguém um dia fechou as portas do casarão, deixando-o no silêncio e na escuridão.

Uma das ideias base do jantar, explica-nos Ronni Mikkelsen, é também um dos princípios da sua cozinha: a proteína não assume o papel principal num prato. Assim, o menu está dividido em raízes (um consommé de cogumelos com raízes fumadas), depois vegetais e crocantes (batatas, courgetes-bebé, puré de agrião, soro de leite), a seguir a proteína (barriga de porco acompanhada por puré de abóbora e molho de arandos).

O prato seguinte, a verdadeira homenagem ao Dia de Acção de Graças, tinha peru, milho, beterraba (dentro de uma rosa vermelha), gelatina de flores, castanha, batata-doce frita e servida num embrulho feito de papel de jornal. Toda a comida foi apresentada numa folha de papel vegetal colocada à frente de cada um dos presentes no lugar do prato.

“A comida é o aspecto central dos nossos eventos”, diz Tiffany. “As ligações que se criam à mesa são muito diferentes e, na minha opinião, muito mais fortes”. Acredita, aliás, que essa é uma das razões pelas quais o projecto dos Silver Spoon tem sido um sucesso em Portugal. “As pessoas aqui são muito abertas”, afirma. “E já existe uma forte cultura de ir comer fora, estar com os amigos à mesa. Os nossos jantares são uma forma de se experimentar uma coisa diferente mas ligada à comida. E os portugueses adoram comida”.

Por isso, Portugal é o segundo mercado dos Silver Spoon, que já organizaram eventos na Suécia, Dinamarca, e nos Estados Unidos (São Francisco e Chicago). “Estamos a avaliar a hipótese de fazemos para o ano em Madrid e Barcelona e tivemos muitos pedidos para Londres, mas é um mercado maior e demorará mais tempo a desenvolver”.

Portugal é, sem dúvida, para continuar. Tal como a parceria com o Ritz. É só estar atento ao site para saber que novo tema os Silver Spoon vão inventar e em que local “secreto” de Lisboa ou do Porto vão montar a sua próxima encenação. Porque, afinal, como bem sabia Shakespeare, “todo o mundo é um palco e todos os homens e mulheres são actores”. 

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