Fugas - restaurantes e bares

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    Em 2011, parte da estrutura interior do prédio em que estão instalados os três espaços cedeu e tiveram de encerrarar temporariamente Joana Freitas

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No Cais do Sodré, troca-se Jamaica, Tokyo e Europa por um hotel

O edifício está, com excepção dos bares, devoluto há mais de uma década, conta Fernando Pereira. Os últimos a saírem foram o restaurante A Palhota e uma casa de material eléctrico, ambos com acesso a partir da Rua de S. Paulo. Na altura da derrocada, em 2011, ainda existia uma casa alugada mas o inquilino já não moraria ali.

Quanto ao valor das rendas, Fernando Pereira diz que foram várias as vezes que tentaram negociar com os proprietários — que são 28 — para que fizessem obras e aumentassem os valores. "Tentámos resolver os problemas inúmeras vezes, sempre dissemos que pagaríamos mais mas nada foi feito", relata, acrescentando que chove no Jamaica, um estabelecimento que se encontra no R/C de um prédio de seis andares.

Segundo o projecto que consultaram na câmara, ali nascerá um hotel, pela mão de um grupo francês que está a fazer uma outra unidade hoteleira no Largo do Corpo Santo, ali mesmo ao lado, adianta Fernando Pereira. O projecto mantém a volumetria, pois encontra-se na zona histórica, embora cresça dois pisos, os mesmos que foram demolidos coercivamente pela câmara na altura da derrocada. Não haverá estacionamento. A autarquia já aprovou a proposta arquitectónica, faltando agora a aprovação por parte das especialidades.

Obras urgentes 

Diogo Tavares de Carvalho, advogado dos proprietários e também ele dono de uma pequena fracção do prédio, explica que as obras no edifício são urgentes e que não há forma de serem feitas sem que os inquilinos saiam. O edifício é propriedade de 28 pessoas e, desde que o herdaram, em 1974, tem sido muito difícil o consenso, adianta.

Até que, em 2000, perante a enorme degradação daquele quarteirão, decidiram avançar com a reabilitação. Como não tinham capacidade financeira, estabeleceram um acordo com um construtor, que ali iria fazer apartamentos para posteriormente se vender o prédio por fracções para que a divisão entre os herdeiros fosse mais fácil.

Mas veio a crise e o construtor deixou de ter acesso a crédito. Encontraram mais recentemente novos parceiros que optaram por uma unidade hoteleira. "Neste projecto, deixamos um espaço para instalação de uma das discotecas, em condições a acordar e com renda progressiva até atingir os preços de mercado", diz o advogado, defendendo que seja feito um rateio entre os três espaços.

"Ainda tentámos fazer um projecto só da Rua do Alecrim para cima, deixando as discotecas, mas este é um prédio pombalino, em gaiola e assente em estacas, seria uma obra impossível", acrescenta, lembrando que a integridade do prédio está há muito posta em causa, uma situação que se tem vindo a deteriorar com as obras recentes na zona. "As estacas em que assenta, que estavam dentro de água — o que as inchava e as mantinha —, estão agora secas devido às muitas obras ali feitas que cortaram o fluxo da água, como o metro ou a estação fluvial, tendo já começado a estalar", afirma.

O advogado não confirma se o promotor do projecto é um grupo francês, adiantando apenas que o promotor do projecto que deu entrada na câmara é também co-proprietário.

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