Fugas - restaurantes e bares

  • Fernando Veludo/NFactos
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A cerveja em dez etapas e 90 minutos

Abre-se uma outra porta e estamos no centro nevrálgico das cervejas artesanais. Olhamos de cima para baixo e não vemos apenas máquinas, há pessoas, e sentimos que estamos perante um processo feito com pinças. A cada nova estação do ano, surge uma nova cerveja. O Verão aproxima-se e é preciso pensar na próxima criação, segundo as regras do método artesanal. “É um lugar de experimentação, lugar de criatividade, onde se pensa em cervejas”, descreve. Pensa-se em tudo, em utilizar uma alga do fundo do mar, como já aconteceu, em criar uma cerveja que caia bem com sushi. Tudo é passível de ser testado e se resultar arranja-se mais um lugar no cardápio. A Selecção 1927 — os números são do ano em que nasceu a Super Bock — é um dos exemplos das edições limitadas. Tem rolha de cortiça e é inspirada no champanhe para celebrar. 

Eis uma fábrica de cerveja a nossos pés. Explica-se o processo de produção, segue-se com o olhar as garrafas que cumprem o seu destino por entre linhas e caminhos feitos para que não haja desvios. A Casa da Cerveja da Unicer é um novo ponto do roteiro turístico do Norte do país. Tem objectos, medalhas, garrafas exclusivas, documentos e fotografias que contam momentos marcantes de uma empresa que surgiu em 1890. E tem uma sala dourada feita com 96.800 garrafas Super Bock de 33cl fundidas e que, juntas, pesam 16 toneladas. Não é por acaso. Sentimo-nos dentro de uma garrafa gigante de cerveja de cor dourada com paredes que sugerem o efeito borbulhante. O lar da cerveja só podia ser assim.

Mapa-mundo de caricas

Curiosidades, histórias, a indústria cervejeira por dentro e por fora. A voz de Fernando Pessa surge num filme de 1964 assinado pelo realizador Perdigão Queiroga. Pessa é o narrador de serviço dos 14 minutos de histórias de uma empresa que cresceu, cresceu, até conquistar o mercado. Mostra-se a linha de enchimento que, nessa altura, tratava de 18 mil garrafas por hora. Rui Reininho também aparece na primeira pessoa, num outro filme, num testemunho gravado para contar que, na década de 1980, para ganhar uns trocos nas férias de Verão, trabalhou na produção da Unicer, mais concretamente no ensacamento da dreche, para usarmos o termo técnico. A dreche, explicam-nos, é um subproduto da produção do mosto, cascas e fibras dos maltes, que é utilizada na alimentação animal.

O título de registo da marca Super Bock mostra-se de peito aberto. Assinado em 1927, custou, na altura, 66 escudos. As medalhas atestam-lhe o estatuto, a única no mercado nacional a conquistar 36 medalhas de ouro, 32 consecutivas no concurso internacional Monde Selection. Continuemos o percurso. A fábrica mostra-se na sua plenitude, sem filtros, tal como é. A linha seis é a que enche garrafas de diferentes bebidas em toda a casa. Vêem-se botões, luzes, maquinaria, escuta-se a música das garrafas encostadas umas às outras — e cerca de 55 mil são enchidas a cada hora que passa. Temos ainda um vídeo que conta a história das paletes e há 45 mil nesta empresa e 12 mil que são movidas diariamente. Mais informações pelo caminho. Em 1970, a Unicer ultrapassa os 25 milhões de litros na sua produção. As garrafas revertidas são bem-vindas às linhas de enchimento e podem voltar até sete vezes. Entramos na sala de cobre, aquela que se vê da estrada. Três caldeiras de cerveja ainda do tempo da Companhia União Fabril Portuense, três mais recentes, ajudam a perceber como era a fábrica de outros tempos num espaço com memória. Há um mosaico dos anos 1950 que mostra o processo artesanal da produção de cerveja. As caldeiras estão ligadas ao piso inferior, para onde desceria o mosto se elas estivessem a funcionar. Vimos por fora, matamos a curiosidade por dentro.

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