Na íngreme Rua de São Marçal, no Príncipe Real, em Lisboa, ergue-se um novo restaurante dedicado a cachorros quentes – que abre esta sexta-feira –, mas com um toque bem português. Cachorro à Portuguesa abre portas e traz azulejos, fado e bacalhau. Sim, há salsichas de bacalhau.
Quem disse que as salsichas dos cachorros têm de ser sempre de carne? Bem, os responsáveis pelo Cachorro à Portuguesa negam essa premissa. A ideia nasceu de duas mentes criativas e apaixonadas por cachorros, os gémeos Luís e Bruno Guerreiro.
“Já há imensas hamburguerias, e muitas delas com qualidade superior. Então decidimos apostar nos cachorros, porque o mercado não tem nada de exclusivo nesta área e nós viemos colmatar essa lacuna”, diz Luís Guerreiro à Fugas.
À nossa maneira é o lema com que se apresentam. Até pode ser à maneira deles, mas não deixa de ser à típica maneira portuguesa.
Portugal é o terceiro maior consumidor de peixe a nível mundial e o primeiro da Europa. Como tal, ter cachorros dedicados a esta prática de consumo tão portuguesa era “algo que não podia faltar no menu”, dizem os responsáveis.
Há salsichas para todos os gostos. Para quem não dispensa a carne no cardápio, a escolha mais “banal” – diz Luís Guerreiro –, tem à disposição carne de vaca, porco ou de frango. Para os mais ousados e que “apreciam uma verdadeira experiência gastronómica” há o peixe. Salsicha de mistura de peixe e outra de bacalhau, todo o sabor da tradição da mesa portuguesa transportada para um cachorro.
Os vegetarianos não foram esquecidos nesta equação e têm uma opção directamente vinda da terra, uma salsicha de beterraba.
No Cachorro à Portuguesa as salsichas são feitas sem recorrer a produtos enlatados, sendo que o processo é todo feito internamente através da fábrica de produção e, posteriormente, o serviço aos clientes. Obedecendo a um método igual ao enchimento da salsicha fresca, os gémeos Guerreiro quiseram trazer para Portugal a inovação em forma de cachorro.
“Somos os únicos em Portugal a ter salsicha de peixe. Há umas de atum que vêm de fora, mas aquilo é espuma de atum, o enchimento é mal feito”, comenta Luís Guerreiro.
A cozinha está entregue ao chef João Sá, também ele amante de cachorros quentes e da cultura portuguesa. Demoraram cerca de um ano a afinar todas as receitas que agora estão na ementa e aguçam o apetite aos que ali vão.
“As receitas são exclusivas e queremos que as pessoas olhem para nós dessa maneira e que nos procurem porque nós temos algo que elas querem especificamente. Temos um cachorro de bitoque, o que há mais português do que isso?”, explica um dos donos do restaurante.
Não só a comida foi elaborada em torno do que é nacional. Todo o espaço foi pensado ao detalhe. O chão, forrado de azulejos portugueses, quebra a monotonia das cores do mobiliário com os padrões coloridos e geométricos.
“Os azulejos são nossos, o mármore dos tampos é nosso. Até as bases das mesas e das cadeiras foram fabricadas por um serralheiro com quase 70 anos”, diz Luis Guerreiro. A tradição e o artesanal fundem-se num conceito de comida apelidada habitualmente de fast-food transformando-a noutra concepção completamente diferente.