Fugas - restaurantes e bares

Na Fuzeta, evasão, romance e charme num espaço só

Por Joana Júdice (texto e fotos)

Seguimos pelo Algarve e desta vez escolhemos como refúgio o novíssimo Tapas & Bar Mó de Cima, na Fuzeta. Um moinho recuperado e muito mais para saborear em pleno Parque Natural da Ria Formosa.

Se está pelo sotavento (ou mesmo que não esteja), dê um salto à Fuzeta, uma vila piscatória rica em arte, cultura e música. As influências artísticas estendem-se à gastronomia e a prova disso é o novo espaço Tapas & Bar Mó de cima, de Margarida Gomes, que abriu as portas (e as janelas) à ria em Junho deste ano, reabilitando o antigo moinho José Guerreiro.

“A propriedade tem uma longa história e um forte papel junto das famílias da Fuzeta”, explica Margarida. Há muitos anos na família da proprietária, o actual bar nasceu, em 1920, como um moinho — o moinho dos Olheiros — e serviu, depois, de alojamento a dez famílias que trabalhavam nas salinas e na fábrica do sal “onde agora se situam os apartamentos de turismo rural”, conta Margarida. Estava há alguns anos entregue ao abandono.

Com o desejo de recuperar e reabilitar o moinho antigo de maré, a família de Margarida começou, “em 2006, o projecto”. Quase dez anos depois de uma valente luta e insistência, “com autorizações e licenças” pelo meio, nasceu o Mó de Cima, “construído e posto de pé em menos de dois anos”, explica Margarida, orgulhosa.

Com uma situação geográfica excepcional, o Mó de Cima está localizado em pleno Parque Natural da Ria Formosa, num pontão sobre a ria da Fuzeta. Lado a lado com o espaço de restauração, nasceu também o turismo rural que se compõe de cinco quartos recuperados ao estilo algarvio, de inspirações mouras e portas azul-mar, que são alugados ao dia, semana ou mês aos sortudos que queiram ter o privilégio de adormecer sobre a água.

Está aberto todos os dias das 12h às 23h e é o mais recente must go do sotavento algarvio, sobretudo se procura um momento perfeito de evasão do ruído da cidade, de romance a dois ou de descanso e relaxamento total.

À mesa, enquanto se deleita com iguarias algarvias, servidas em tábuas de granito e de madeira natural, a ria corre lentamente sob o restaurante, fazendo girar o moinho preservado num recanto e decorando as janelas de barcos ligeiros, gaivotas e pequenos patos que por ali passeiam, quase aos seus pés.

O espaço combina a tradição doce do antigo com detalhes modernos e minimalistas. O segredo está no toque de maresia piscatória apresentada com requinte e distinção. A vista é genial e o menu, inspirado nas receitas de Filipa Vilas Boas, é rico em petiscos e tapas algarvias, completando-se, também, com alguns snacks e saladas de inspiração mais cosmopolita.

Não deixe escapar a tapa de muxama com kick, o atum seco (típico algarvio) temperado com queijo fresco, alho, azeite e orégãos. Igualmente irresistíveis são as cavalas deitadas, servidas em pão torrado embebido em cebola refogada e azeite; a bruschetta portuguesa, decorada de tomate fresco, orégãos e azeitonas pretas; a cabra doce, que apresenta o queijo de cabra quente com mel, maçã e nozes algarvias (de comer e chorar por mais); a explosão de gambas (ou devíamos dizer de sabores) e as tiras de choco crocantes, acompanhadas de uma ligeira salada refrescante e maionese de alho.

Fica a dica. O Tapas & Bar Mó de Cima é uma fuga perfeita. Visite-o quando cai a noite e se acendem as luzes que iluminam o caminho de pedras e cada uma das mesas ao redor. As estrelas reflectem-se na água e adormecem serenas num mágico momento de evasão. Não precisa de mais desculpas, renove as suas energias neste moinho antigo renascido.

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