Fugas - restaurantes e bares

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Com sombra de pecado

Da inveja
De mãos libertas, regressa a venda e um aviso: Cuidado com a inveja, como canta Zeca Pagodinho. Afinal, “ainda te mata” e o “olho grande pode te cegar”. Quando a venda se vai, fica-se de olhar perdido: um livro foi depositado à nossa frente e a sua capa exibe o esqueleto de um peixe, do qual só sobrou a cabeça. Já se estava à espera de surpresas, mas esta deixa-me de olhos arregalados. Como é que alguém pode invejar um peixinho já sem carne? A resposta reside dentro deste livro que afinal é uma caixa. Ao abri-la, deparo-me com um bonito lombo lagosta que acompanha lulas com algas, bolo de iogurte e molho de caldeirada. No meu copo é vertido um branco da região de Lisboa, Casal Figueira António de 2015, um monocasta Vital de vinhas velhas. O palato já festeja ainda antes de iniciar a prova. Até os olhos se desviarem para a caixa ao lado que exibe um tataky de atum de cebolada com amêijoas, tentáculos de lula, e areia de algas, harmonizado com um tinto do Dão, um Quinta da Pellada Alvarelhão 2012. Mais à frente, há um reluzente robalo que casa com lula, bolo de rocha de algas e bisque de marisco a ser saboreado com o tinto algarvio João Clara Negra Mole de 2013. Como é que era aquilo da galinha da vizinha?

Da ira
A inveja sentida é bem compensada pela qualidade do repasto que calhou a cada um. E não tarda ouvem-se sussurros de quem confessa não trocar o seu prato. Daí, não há lugar a ira. Mas o DJ não está de acordo e, com os pratos de carne servidos com um vitelote, puré de cherovia e cenoura roxa, é ao som de Thunderstruck, dos AC/DC, que Luís Mourão solta a sua ira num tabuleiro deitado ao chão enquanto a restante tropa nos atira violentamente para o prato um naco de tenríssima vitela. A acompanhar, a proposta é para saborear um Mãos Reserva 2011 do Douro. Enquanto isso, o DJ não desarma: “Motherfucker!”, grita Zack de la Rocha dos Rage Against the Machine em Killing in the name.

Da vaidade
Num desfile gastronómico que nos apela a todos os sentidos, a beleza não poderia ficar perdida. E é cheiinha de vaidade que ela se desenha na forma de uma delicada e frágil caixinha de jóias ao mesmo tempo que pela sala ecoa o divertido Sexy and I know it, dos LMFAO. Mas, em vez de diamantes, encontramos rebuçados e aquilo que poderia ser uma embalagem de lip gloss cor-de-rosa é um pequeno gelado de morango com pimenta. Já a pepita de ouro é um bombom de chocolate negro que teima em querer alinhar com o sorvete.

Da gula
Poderia ser esta a sobremesa, não faltasse ainda um pecado. O meu, confesso: mesmo de verdade, como o que me saiu por sorte no convite. Venha então daí essa gula. Ou não. Quando uma gigantesca tábua em madeira nos oferece aquilo que mais parece uma viagem ao mundo do açúcar, cheia de cor e malabarismos, não há margem para dúvidas. A gula é mesmo um pecado tão grande que se torna impossível cometê-lo por inteiro. É que à nossa frente há mais de uma dezena de docinhos, já para não falar dos escorregas de esferas de chocolate ou dos chupa-chupas ultrabrilhantes. Os Depeche Mode cantam Just can't get enough, mas neste caso não se aplica. No entanto, o Bastardinho de Azeitão 30 anos da Península de Setúbal ajuda a encontrarmos a coragem para pelo menos provarmos um bocadinho de tudo do que encerra este pecado.

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