No ano passado, a Exposição Universal de Milão pôs a cidade italiana a debater sobre como “alimentar o planeta”, parte do lema do encontro internacional, a par da questão energética. Um ano depois, a I Semana da Gastronomia Italiana no Mundo nasce como herança da Expo 2015, procurando reflectir sobre temas agro-alimentares de importância global, como a qualidade dos produtos, a sustentabilidade ou a segurança alimentar; mas também como forma de promover a cozinha italiana, os seus ingredientes e técnicas ancestrais, os vinhos, os valores da dieta mediterrânica ou o papel que todos estes factores desempenham na cultura e na comunidade italiana.
O evento, que o Governo de Itália e as diversas instituições envolvidas pretendem que se torne anual, decorre ao longo da próxima semana em 105 países dos diferentes continentes, incluindo Estados Unidos, Rússia, Brasil, China, Japão, Emirados Árabes Unidos e Portugal. No total, são mais de 1300 eventos, entre conferências, encontros com chefs, lançamentos de livros, jantares e sessões de degustação, cursos de cozinha e tantos outros.
Por cá, a iniciativa é antecipada por um mercado italiano, a decorrer este fim-de-semana na Praça da Figueira, em Lisboa. A feira conta com stands de restaurantes, produtores e fornecedores italianos e prevê diversos momentos musicais, num evento que celebra igualmente cem anos de actividade da Câmara do Comércio Italiano em Portugal.
Segunda-feira, dia 21, a projecção do filme Lacena, de Ettore Scola, inaugura o programa luso da semana gastronómica, no Instituto Italiano de Cultura, em Lisboa (às 11h). À tarde, é inaugurada a exposição “100-120-150 Pellegrino Artusi e a Unificação de Itália na culinária”, numa versão bilingue, seguida do primeiro workshop do evento, dedicado ao “gnocchi in rosso e in verde”. A abertura oficial do evento está marcada para as 19h, com a conferência “L’identità italiana in cucina”, dada por Massimo Montanari, especialista em História da Alimentação.
Entre a programação, destaque para a presença de Luciano Zazzeri, “conhecido como um dos maiores chefs pescadores de Itália” e líder da cozinha do restaurante La Pineta, em Marina di Bobbona (Toscana). O chef italiano estará em Lisboa na quarta-feira para apresentar o seu livro La baracca dello Zazzerie, dar um workshop sobre peixe azul e bacalhau e conduzir um jantar especial a decorrer no Círculo Eça de Queirós. Na terça-feira, Carla Giorgi ensina “a arte da massa fresca feita à mão” na Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa.
Ao longo da semana, serão exibidos vários filmes e documentários sobre a temática, estará patente uma exposição de livros de receitas e de revistas culinárias e serão apresentados mais dois livros, Mangiare alla giudia. La cucina ebraica in Italia dal Rinascimento all'età moderna e La scienza in cucina e l’arte di mangiar bene.
O instituto italiano recebe ainda a conferência “Mò senti er pranzo mio” de Marcello Teodonio e a sede da Academia da Marinha será palco da palestra “New crops from America. Did they really change European food culture?” por Massimo Montanari.
A grande maioria dos eventos estão agendados para Lisboa, mas Coimbra recebe duas iniciativas na terça-feira: o workshop “a tradição dos sabores italianos”, do chef Augusto Gemelli, na Escola de Hotelaria e Turismo de Coimbra (11h) e a aula aberta “Taste. Historical considerations about an ambiguous concept”, conduzida por Massimo Montanari na biblioteca da Universidade de Coimbra (17h30).
Além das diferentes actividades organizadas, os restaurantes associados ao projecto “Ospitalità italiana” vão ter um menu especial dedicado ao evento ao longo da semana.
