A Academia Portuguesa de Gastronomia assinalou esta quinta-feira o seu 25.º aniversário e a noite foi celebrada com um jantar em Lisboa, recheado de prémios e novos membros honorários.
Os galardões anuais, que premeiam quem mais se destacou no sector em Portugal, chegaram mais cedo que o habitual e integraram uma novidade: a atribuição de uma medalha de ouro, entregue a José Avillez. O chef português distingui-se no panorama da cozinha nacional por ter conseguido "um reconhecimento da gastronomia portuguesa", que é "uma referência nas esferas gastronómicas", destacou o presidente, José Bento dos Santos.
A Academia Portuguesa de Gastronomia atribuiu ainda o prémio Arte de Cozinha ao chef Milton Anes (do restaurante LAB by Sergi Arola, que este ano conquistou a primeira estrela Michelin) , assinalando a sua "bagagem técnica", aliada a uma "sensibilidade gustativa fora do comum", que lhe garantem "uma afirmação contínua" e uma cozinha "moderna, evidente, urbana e de notável recorte artístico".
Já o prémio Arte da Sala foi entregue a Rodolfo Tristão, escanção do Belcanto (de José Avillez), pela "forma afável e abordagem pedagógica" com que se relaciona com os clientes do restaurante, transmitindo o seu "profundo conhecimento dos vinhos".
O restaurante Vallécula, na Guarda, mereceu o prémio Cozinha Tradicional Portuguesa/Maria de Lurdes Modesto pela sua "consistência de qualidade" e "cuidado extremo com a genuinidade dos produtos".
O último prémio da noite, dedicado à Literatura Gastronómica, foi atribuído ao sociólogo António Barreto, pela obra Douro. Rio, Gente e Vinho, que foi considerada "fundamental para se compreender a génese e o desenvolvimento do vinho do Porto", que é "a maior riqueza gastronómica" portuguesa.
A Academia Portuguesa de Gastronomia aproveitou ainda a cerimónia e a comemoração do aniversário para entregar títulos de sócios honorários a quatro personalidades portuguesas: ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa (que não esteve presente), ao primeiro-ministro, António Costa, ao presidente da Real Academia Espanhola, Rafael Anson, e à gastrónoma Maria de Lurdes Modesto.
Durante a cerimónia, António Costa sublinhou a importância da gastronomia para "a imagem e atractividade" do país e saudou a "notável vitória dessa grande selecção de chefs que teve uma bela colecção de estrelas Michelin", numa referência às nove novas distinções atribuídas a restaurantes portugueses pelo guia Michelin numa cerimónia na noite anterior.
António Costa adiantou ainda que os governos português e espanhol estão a preparar "um jantar ibérico" para celebrar os 30 anos da presença de Portugal na União Europeia. "É muito simbólico da forma como estamos habitualmente na vida, gostamos de estar à volta da mesa, apreciar uma boa comida e um bom vinho e foi sempre assim que construímos boas amizades", referiu.
O presidente da Academia Internacional de Gastronomia, Jacques Mallard, notou, por sua vez, que a cozinha portuguesa viveu, nas últimas décadas, "uma verdadeira revolução".