Fugas - restaurantes e bares

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    Pedro Pena Bastos, do Esporão, é o chef revelação do ano DR
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    A Taberna da Rua das Flores, de André Magalhães, voltou a conquistar o prémio Mesa Diária Rui Gaudêncio

João Rodrigues e Feitoria conquistam Prémios Mesa Marcada

Por Alexandra Prado Coelho

Pela primeira vez nos últimos cinco anos houve mudanças no primeiro lugar dos prémios do blogue de gastronomia: José Avillez e Belcanto deram lugar a João Rodrigues e ao Feitoria.

Vai haver novidades? Miguel Pires e Duarte Calvão, do blogue Mesa Marcada, mantiveram até ao fim o suspense sobre os resultados da votação nos prémios Mesa Marcada – os 10 Preferidos 2016 para restaurantes e chefs. Implacáveis, não só não revelavam quem seriam os vencedores como se recusavam mesmo a responder à pergunta ‘vai haver novidades?’.

Por isso, o anúncio, na segunda-feira à noite, foi mesmo uma surpresa: na oitava edição dos prémios o vencedor não foi José Avillez (que tinha vencido seis das anteriores edições, sendo ultrapassado apenas em 2011 por Leonel Pereira) mas sim João Rodrigues.

E o chef do Feitoria, do hotel Altis Belém, não saiu do espaço Gin Lovers da Embaixada, no Príncipe Real, em Lisboa, onde decorreu a cerimónia, com um prémio, mas com dois: o Feitoria foi reconhecido como o melhor restaurante, destronando também o Belcanto, que venceu as quatro últimas edições.

Se houve coincidência entre chef e restaurante nos dois primeiros lugares, no terceiro isso já não aconteceu: o júri dos prémios Mesa Marcada (este ano votaram 147 pessoas de todo o país, entre chefs, restauradores, jornalistas e bloggers e gastrónomos) elegeu o Ocean como o terceiro melhor restaurante de Portugal e, entre os chefs, colocou Henrique Sá Pessoa (que teve uma subida de cinco lugares) no terceiro lugar do pódio. O seu restaurante Alma conquistou o quarto lugar.

Mas a maior subida na lista coube a outro chef e ao respectivo restaurante: Alexandre Silva, que subiu 15 lugares, e o Loco, que subiu 18, conquistando assim o Prémio Especial Estrella Damm Destaque do Ano (a marca de cerveja é um dos patrocinadores oficiais dos prémios). Um reconhecimento que vem juntar-se à estrela Michelin conquistada no final do ano passado pelo Loco, um projecto ainda muito jovem, com pouco mais de um ano de vida, e que apostou forte num conceito com uma estrutura de menu de degustação que muitos consideraram demasiado arriscado.

Outra subida a destacar é a do Kanazawa, o restaurante com apenas oito lugares do chef japonês Tomoaki Kanazawa, que subiu 25 posições, instalando-se no nono lugar. (Veja a lista completa dos 10 restaurantes e dos 10 chefs vencedores no final do artigo)

O Prémio Especial Chefe Revelação do Ano, para um novo chef que se tenha destacado na classificação, foi para Pedro Pena Bastos, do Esporão, no Alentejo (os outros nomeados eram Ana Moura, da Cave 23, e Rui Silvestre, do Bon Bon); o Prémio Graham’s (a Symington é outro dos patrocinadores) para Restaurante Novo do Ano foi atribuído ao Bairro do Avillez. O Asiático, de Kiko Martins, e o Bagos, de Henrique Mouro, ficaram respectivamente em segundo e terceiro lugar.

Por fim, o prémio Mesa Diária, que distingue um restaurante de preço moderado não trouxe surpresa: tal como nos anos anteriores, o eleito foi a Taberna da Rua das Flores, de André Magalhães, que ultrapassou os restantes nomeados: Bonsai, A Cevicheria, Taberna Ó Balcão e Tasca da Esquina.

No final da cerimónia, a Fugas conversou brevemente com João Rodrigues.

 

Cinco perguntas a João Rodrigues

Como explica esta unanimidade este ano?

As pessoas que nos visitaram no Feitoria gostaram do nosso trabalho. Acho que cada vez mais estamos a afunilar um conceito, a trilhar um caminho que é nosso, que é próprio. No fundo, trata-se de pensarmos pela nossa própria cabeça e sermos verdadeiros com a maneira como somos, o que pensamos, o que sentimos e como vemos a gastronomia, a comida, o estar à mesa e o amor que temos pela profissão.

Sente que mudou no último ano?

Há um percurso e esse percurso não se faz num ano, de um dia para o outro, é o acumular de muitas experiências, de muitas vivências. O que tem havido sempre no Feitoria é um caminho, temos vindo a subir etapas em direcção a uma ideia. Nem sempre é possível pô-la em prática numa fase inicial, mas que vamos construindo.

Acreditava que este resultado era possível?

Não achava que fosse possível. Sabia que ia ficar nos dez primeiros. A verdade é esta: houve muitos restaurantes a abrir com conceitos muito interessantes, acho que se está cada vez a trabalhar melhor, a oferta hoje em dia é muito mais variada e consolidada. E todos os anos é uma dificuldade maior porque aparecem restaurantes novos, conceitos interessantes, pessoal a trabalhar muito bem. [Vencer] é muito difícil porque depende de quem vai aos sítios, de quem vota e de quem experimenta. Nunca se sabe onde se vai ficar.

Quando agradeceu falou de um ano de emoções. Tiveram expectativa em relação à segunda estrela para o Feitoria?

Houve uma altura em que sim. Criou-se essa ilusão e chega um momento em que é difícil lidar com tantos sentimentos. São coisas que mexem não só connosco mas com uma estrutura inteira. E isso tomou um pouco conta de nós. Embora racionalmente achássemos que ainda não ia ser neste ano, as pessoas trabalham muito, dedicam-se, há uma altura em que pensamos que é possível e se não acontece vão todas um bocadinho abaixo.

O que significam para si os prémios Mesa Marcada?

Todos os chefs votam, está aqui uma grande parte dos nossos colegas de trabalho, de profissão, e significa que somos reconhecido pelos nossos pares. Há muita gente com grande nível a fazer trabalhos incríveis e quando ficamos em primeiro, à frente de chefs conceituadíssimos, que para nós são grandes referências, é um motivo de orgulho.

Os prémios reflectem o que um determinado número de pessoas sentiram quando foram ao nosso restaurante. É um ano inteiro, uma vida inteira, a trabalhar. Não é só a profissão em si, é uma forma de nos expressarmos. Quer dizer que estamos a tocar as pessoas com aquilo que somos e que pensamos e isso é incrível.

 

Prémios Mesa Marcada

Top 10 Restaurantes 2016

1 – Feitoria (Lisboa)
2 – Belcanto (Lisboa)
3 – Ocean (Porches, Algarve)
4 – Alma (Lisboa)
5 – Loco (Lisboa)
6 – São Gabriel (Almancil)
7 – The Yeatman (Vila Nova de Gaia)
8 – Vila Joya (Albufeira, Algarve)
9 – Kanazawa (Lisboa)
10 – Pedro Lemos (Porto)

Top 10 Chefs 2016

1 – João Rodrigues (Feitoria)
2 – José Avillez (Belcanto)
3 – Henrique Sá Pessoa (Alma)
4 – Hans Neuner (Ocean)
5 – Alexandre Silva (Loco
6 – Leonel Pereira (São Gabriel)
7 – Ricardo Costa (The Yeatman)
8 – Dieter Koschina (Vila Joya)
9 – Pedro Lemos (Pedro Lemos)
10 – Vítor Matos (Antiqvvm)

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